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Star Wars: Histórias dos Jedi - 1ª Temporada | Crítica
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Star Wars: Histórias dos Jedi - 1ª Temporada | Crítica

Antologia animada aponta caminhos interessantes para a franquia, embora sofra com dependência de projetos anteriores

Pedro Siqueira
Pedro Siqueira
26.out.22 às 17h02
Atualizado há mais de 1 ano
Star Wars: Histórias dos Jedi - 1ª Temporada | Crítica

Star Wars: Histórias dos Jedi chegou ao Disney+ com uma missão complicada. Comandada pelo mesmo Dave Filoni de animações como The Clone Wars e Rebels, a antologia teria que fazer jus aos elogiados trabalhos anteriores do produtor na saga espacial, e tirar o gosto amargo da fadiga de Star Wars em boa parte dos fãs.

Jogam contra a casa também produções medianas como Obi-Wan Kenobi e a fraquinha Star Wars Visions, tentativa anterior de antologia. Mas a boa notícia é que, mesmo com percalços, Histórias dos Jedi entretém, comprovando a competência e a paixão do roteirista pela galáxia muito distante, uma vez que ele assume riscos que a saga nem tateia nas versões live-action.

A série é dividida em seis curtas de 10 a 20 minutos, com tramas espalhadas em diferentes momentos da trilogia prelúdio. Para encabeçar as aventuras, temos a queridinha dos fãs Ahsoka Tano e o Conde Dookan, então ainda mestre Jedi. A escolha de personagens conhecidos e o material promocional da série poderiam indicar uma chuva de batalhas épicas, com feitos heroicos dos Jedi pela galáxia. Mas não se engane, porque os conflitos aqui são internos, e farão o espectador até se questionar se os guardadores da paz foram mesmo tão bons quanto se pensa.

De longe o maior destaque da série, Dookan entrega um lado ainda inexplorado de sua história na saga espacial. O vilão traz à tona a desilusão com o código Jedi que resultou em sua eventual ida para o Lado Sombrio. Complexo, o personagem ganha uma profundidade interessante para o que, no cinema, parecia apenas uma desculpa para termos o icônico Christopher Lee.

O arco do ex-mestre passeia pelo treinamento com um jovem Padawan Qui-Gon Jinn (com Liam Neeson de volta e tudo), uma missão com Mace Windu e, finalmente, a queda do Jedi para o maléfico Palpatine. No roteiro, Filoni caminha com maestria na linha tênue entre nunca justificar as atrocidades cometidas futuramente pelo vilão, mas explicitando os motivos e rachas que o levaram aos caminhos sombrios. E o mais assustador, tornando-os totalmente plausíveis.

É uma pena que o mesmo esmero não se veja na porção Ahsoka da temporada. Também espalhada em diferentes momentos da cronologia, as duas primeiras histórias da aprendiz funcionam ao mostrar o amadurecimento pessoal da alienígena em meio à guerra nas estrelas, ainda que caia na armadilha do fan service.

O terceiro capítulo da Jedi (e último episódio da temporada) até se destaca com uma aventura após os eventos de A Vingança dos Sith (2005) e da última temporada de The Clone Wars, mas termina com um gosto de agradinho barato aos fãs e prévia da série em live-action da personagem. E é justamente na dependência das outras animações e filmes que reside o maior pecado de Histórias dos Jedi.

Nem visualmente a série tenta se desvincular de Clone Wars, empregando o mesmíssimo estilo de animação e boa parte do elenco de vozes originais. Dizem que em time que está ganhando não se mexe, mas se os traços exibem de forma competente as questões internas de Dookan, Ahsoka e companhia, não perde-se a impressão de estarmos assistindo a um derivado de luxo do que já veio antes. O que se estende até no próprio lugar de Histórias dos Jedi enquanto parte do universo Star Wars.

Ao contrário de outras franquias que também apostaram em antologias animadas (Animatrix, por exemplo), a nova série perde boa parte do impacto descrito antes se o espectador não tiver conhecimento prévio dos rumos que Dookan, Ahsoka e companhia seguirão dali pra frente. É difícil que Histórias dos Jedi atraia novos fãs para a franquia. O que não significa que não há um potencial a ser burilado no projeto.

Caso tenha mais uma temporada, Histórias dos Jedi apresenta um caminho interessante para aproveitar o escopo menor justamente como laboratório de novas ideias, o que curiosamente lembra até a situação da própria saga como um todo em 2022, na tentativa e erro.

Vista sob essa perspectiva, a antologia se firma, no mínimo, como uma incubadora de tramas interessantes que não teriam vez em live-action, ou sequer renderiam algo mais do que historinhas de 10 minutos. Embora não mude os rumos da franquia, Histórias dos Jedi oferece pelo menos um necessário respiro enquanto a própria Star Wars busca se entender.

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