Depois de ter uma aparição curtinha em Guardiões da Galáxia Vol. 2 (2017), e fazer a voz do fofinho (mas mortal) Nanaue em O Esquadrão Suicida (2021), Sylvester Stallone chega pra valer ao mundo dos super-heróis com Samaritano.
Já lançado com exclusividade no Amazon Prime Video, o longa traz o astro de ação como o herói titular. Mas nem pense que Stallone sairá por aí salvando o dia com uniforme colorido, porque a trama apresenta o fortão aposentado, dado como morto e tentando ao máximo levar uma vida sossegada — até, é claro, ser chamado de volta ao mundo da violência.
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Durante uma coletiva de imprensa acompanhada com exclusividade pelo Nerdbunker, Sly opinou que é justo o tom mais urbano e, com aspas enormes, real de Samaritano que diferencia o filme das toneladas de outros projetos sobre heróis nos últimos anos:
“O que a Marvel e a DC fazem é formidável. São conquistas incríveis. Eles expandem os universos ao máximo e botam tudo que já foi criado na tela. Mas o que me atraiu [em Samaritano] foi que o perigo é real, tangível. Não vem do espaço. É algo que todo mundo já passou ou pode passar. Você pode caminhar num beco escuro e ver uma sombra atrás de você, isso assusta. Acredito que muita gente se enxerga nisso.”
No longa, o Samaritano desaparece misteriosamente após anos de glória. A memória do herói vive em jovens admiradores, como o pequeno Sam (Wanna Walton, o Ashtray de Euphoria), que descobre que não só o herói está vivo (sob a alcunha Joe), como ainda tem lenha para queimar. A dinâmica entre Joe e Sam refletiu até, segundo o próprio Stallone, a relação entre ele e Walton no set:
“Tentei meter medo nele. Fazer ele esquecer todas as falas! [risos]. Mas, de verdade, lembrei de quando eu mesmo estava chegando em um set de filmagens, e aí encontrei John Wayne, Robert Mitchum, todas essas lendas… Você sempre acha que está preparado, mas não está. Eu virei criança com Wanna. Nos bastidores, ficávamos brincando, falando m***a um com o outro. Ele estava completamente relaxado, e era muito brincalhão. Mas quando as câmeras rodavam, ele ficava completamente sério.”
Stallone conclui que, mesmo com décadas de carreira (e algumas cirurgias causadas por cenas de ação) nas costas, ainda aprendeu bastante com o companheiro de cena:
“Quando se envelhece, você fica mais cínico. Há o estereótipo do velho rabugento, e o Joe é um pouco isso. Aí você olha um jovem, e é tão revigorante e até contagiante ver uma criança cheia de energia. Ela quer voar, e quer que você a ajude nisso. De certa forma, ele [Sam] faz o relógio andar pra trás com o Joe. É importante que pessoas mais velhas conversem com gente mais nova. É quase uma relação de simbiose. Eles tomam seu conhecimento, e você toma um pouco de energia.”

Energia, aliás, não falta ao astro, que mesmo aos 76 anos segue ENORME, e encarou várias cenas de ação. A passagem do tempo para o próprio Samaritano foi também um dos destaques da trama para Stallone:
“Chega um momento em que eu não posso mais interpretar o Rambo de 29 anos. Preciso honrar quem eu sou, e como eu estou fisicamente, na minha idade. O Samaritano tem um pouco disso. Claro, ele é grande e muito forte, mas o maior trunfo está na retidão. Também há limitações. Ele não voa, não enxerga através das paredes…”
Mas se o astro de Creed (2015) não dá sinais de que pretende parar de atuar tão cedo, o mesmo não pode ser dito em relação a dirigir filmes. Responsável pela maioria dos longas de Rocky Balboa, além de Rambo 4 (2008) e Os Mercenários (2010), Sylvester Stallone não quer mesmo voltar à direção, e faz até uma comparação inusitada quando questionado sobre o assunto:
“[Dirigir um filme] é como ter o seu baço arrancado através do seu nariz. É um trabalho brutal. Cobra um preço da sua vida pessoal. E ainda tem todo o trabalho de pós-produção. Você praticamente não tem mais vida. Chega uma hora em que você não aguenta mais tanta coisa, e os cineastas mais novos estão famintos. Eles vivem por isso. Então deixo pra eles! [risos]”
Com direção de Julius Avery (Operação Overlord), Samaritano está no catálogo do Amazon Prime Video.