Rick and Morty está prestes a voltar para a sexta temporada. A produção do Adult Swim ganhou o carinho do público e da crítica ao promover uma mistura entre humor caótico, sátiras à cultura pop e até um pouco de drama. Com um sucesso que só cresce, a produção também se tornou um desafio para a equipe criativa em manter o nível alto para o público apaixonado.
Essa pressão foi tema recorrente no papo que o NerdBunker teve com Scott Marder e James Siciliano, roteiristas e produtores da série animada. Parte do time desde o quarto ano, Marder explica que o rico passado de R&M criou uma espécie de controle de qualidade, que os criadores levam muito a sério:
“Acho que foi definido um nível muito alto, então temos que nos certificar que cada episódio esteja de acordo com esse nível e nós fazemos. Trabalhamos para c****** para ter certeza que tudo seja nota 10. Todo episódio é uma maratona. As ideias precisam ser fortes o suficiente, ter núcleo emocional ou deixar gancho grande o suficiente para correr essa maratona.”
Roteirista desde a terceira temporada, Siciliano explica que boa parte do time de roteiristas chegou à produção já amando o universo de Rick and Morty e, portanto, entendem a expectativa do público:
“Nossas expectativas para a série são mais altas até que as dos fãs, eu acho, porque somos fãs. Então estamos sempre pensando em coisas que nos satisfaçam. Escrevemos ao máximo até chegar lá porque queremos fazer uma série boa para nós mesmos e para as pessoas que assistem.”
Pegando a deixa do colega, Marder concordou: “Conseguimos sentir os fãs, e somos parte dessa base, então é algo que nos alimenta e inspira”. Mas, disse aos risos, que precisou de muita terapia para superar a “pressão profunda e pesada” que a produção da sexta temporada trouxe. “Brincadeira, a pressão é empolgante. Um fogo que nos leva adiante”.
A importância em rir de si mesmo

A sexta temporada de Rick and Morty começa com um episódio bastante interessado em relembrar o passado da família Sanchez – e fazer piada com isso. Questionado se é mais difícil zoar com outros filmes e séries ou com o próprio universo, James Siciliano não teve dúvidas:
“Fazer piada sobre nós mesmos é a parte mais fácil, isso é basicamente a definição de ser um escritor de comédia. Está tudo bem (risos). Mas o cânone exige um pouco mais de cuidado.”
Scott Marder concorda, especialmente por acreditar que os capítulos que abordam cronologia são justamente os que o público mais se importa:
“Em alguns casos há uma pressão dobrada para nos certificar que tudo está certo para sair perfeito e não estragar algo que foi definido no passado. Há muito cuidado para olhar o panorama geral e ainda assim cumprir a expectativa, que são sempre altas a respeito do Morty Maligno (Evil Morty, no original) e coisas do tipo.”
É impossível falar em Evil Morty sem pensar no apoteótico final da quinta temporada. Refletindo sobre “Rickmurai Jack”, Marder celebrou a confiança que a equipe recebeu do criador Dan Harmon, e também sobre como o episódio foi importante para estabelecer os rumos que a série vai trilhar no sexto ano:
“Houve uma pressão tremenda no episódio final da quinta temporada. Acho que os fãs podem sentir nossa empolgação ali, porque ficamos meio ‘ai cara, Harmon deu a bênção e a gente vai para cima’. O pessoal da produção disse que era como se fossem dois episódios em um (risos), foi um [golpe] quebra-costas de tão grande, mas foi recompensador. Porque tomar esse risco foi o que nos deu componentes para continuar indo em frente.”
Voltando a falar sobre cronologia, Siciliano explicou que a equipe tem um trabalho extra para não se perder no planejamento dos episódios. Especialmente porque o time trabalha em diferentes temporadas ao mesmo tempo:
“Estamos escrevendo a temporada 8 agora, com a 7 em produção e a 6 prestes a estrear. Com tanta coisa ao mesmo tempo, é meio louco não se perder. Mas também nos permite olhar para frente e para trás, e [os fãs] verão um reflexo disso nos episódios. Acho que verão mais dessa noção de continuidade e de coisas maiores.”
Ciúmes da Marvel? Não exatamente
Rick and Morty sempre riu de outros filmes e séries da cultura pop, incluindo as produções da Marvel. O estúdio parece ter visto as piadas com bons olhos, já que passou a contratar vários roteiristas da animação para escrever seus novos projetos.
É o caso de Jessica Gao (Mulher-Hulk), Michael Waldron (Loki; Doutor Estranho 2) e Jeff Loveness (Homem-Formiga 3). Questionados se sentem ciúmes da Marvel por levar alguns dos talentos formados pela animação, os roteiristas e produtores demonstram levar tudo numa boa:“Amo Waldron, Gao, Loveness e tenho muito orgulho deles”, diz James Siciliano.
“Temos um amazing roster de roteiristas e fico ansioso por eles. Marvel é como Duro de Matar, esses filmes são parte da cultura pop. É empolgante ver isso, eles estão fazendo coisas incríveis.”
Scott Marder concorda e ainda cita o fator que todos esses talentos têm em comum:
“Temos grandes roteiristas que foram contratados por esses caras e fico empolgados por eles. Porque todos esses projetos estão em boas mãos com essas pessoas. E todos nós aprendemos muito com Dan Harmon.”

As cinco primeiras temporadas de Rick and Morty estão no catálogo do streaming. A sexta chega ao HBO Max na próxima segunda (5).