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Resident Evil: Bem Vindo a Raccoon City | Crítica
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Resident Evil: Bem Vindo a Raccoon City | Crítica

Ainda que carregado de referências, o filme passou longe de ser fiel ao material original

Bruno Silva
Bruno Silva
02.dez.21 às 17h08
Atualizado há mais de 3 anos
Resident Evil: Bem Vindo a Raccoon City | Crítica

O melhor elogio que se pode fazer a Resident Evil: Bem-Vindo a Raccoon City é que, perto deste filme, a primeira adaptação do game ao cinema, dirigida por Paul W.S. Anderson, parece uma obra-prima cinematográfica.

Em teoria, este reboot da franquia nos cinemas vem com o objetivo de se aproximar mais da origem da série nos games, especialmente para se distanciar do longa de Anderson que, embora tenha feito sucesso nas bilheterias e garantido cinco continuações, sempre foi questionado por parte dos fãs por conta de suas liberdades com o material original, a começar pela própria protagonista, Alice, vivida por Milla Jovovich.

Bem-Vindo A Raccoon City vai na direção oposta, adaptando boa parte dos acontecimentos do primeiro e do segundo Resident Evil. No entanto, as similaridades param por aí: em vez de seguir o roteiro dos games à risca, o longa de Johannes Roberts vai montando um quebra-cabeças com personagens e eventos-chave destas duas obras para contar uma história um pouco diferente.

No filme, o enredo dos dois games acontece simultaneamente, em vez dos três meses de diferença que os separam no videogame. A jovem Claire Redfield (Kaya Scodelario) retorna à Raccoon City, cinco anos após fugir de um orfanato no qual ela cresceu ao lado do irmão, Chris (Robbie Amell), no fatídico 30 de setembro de 1998 no qual uma infestação viral transforma todos os habitantes da cidade em zumbis.

Enquanto Claire retorna para alertar o irmão sobre uma conspiração tramada pela farmacêutica Umbrella, Chris recebe um chamado para descobrir, ao lado dos colegas Jill (Hanna John-Kamen) e Wesker (Tom Hopper), o paradeiro de um esquadrão policial que foi investigar um assassinato na mansão Spencer, um local isolado nas montanhas próximas à cidade.

A ideia de buscar fidelidade ao material original vai norteando todas as decisões criativas do filme da pior maneira possível. Em uma época na qual referências e easter eggs parecem ter tanta importância quanto produzir um filme assistível, o novo Resident Evil parece se focar apenas nisso: em cenas famosas como o acidente de caminhão próximo à delegacia de polícia de Raccoon, ou o fatídico encontro inicial dos S.T.A.R.S. com um zumbi na mansão Spencer, no qual o morto-vivo vira de costas  lentamente e direciona seu olhar para a câmera.

Na maior parte do tempo, o filme não se dá ao trabalho de construir qualquer tipo de coerência em seu roteiro, e vai fazer você se perguntar coisas simples, sobre como alguns personagens foram do ponto A ao ponto B. Ao juntar os acontecimentos dos dois games, sobram personagens em cena e muitos deles perdem o sentido, como a própria Jill, perdida em boa parte do filme, e Leon, relegado de forma a um papel de alívio cômico em parte por decisões criativas, em parte pela atuação abaixo da média de Avan Jogia.

Quando não está tentando equilibrar tanta coisa em tela, o novo Resident Evil só consegue se salvar em raríssimas cenas nas quais o terror toma conta e os mortos-vivos ditam a ação, como uma boa sequência em que Chris lida com o terror de enfrentar, sozinho e no escuro, uma horda de infectados. Provavelmente, este filme seria melhor aproveitado se suas cenas isoladas fossem recortadas e publicadas separadamente no YouTube ou nas redes sociais, sem nenhum contexto nem a necessidade de fazê-las se conectarem.

Se a intenção era fazer uma obra fiel ao material original, Resident Evil: Bem Vindo a Raccoon City passou longe, ainda que seja carregado de referências. Se a ideia era produzir um longa de terror e ação de qualidade, o objetivo também não foi cumprido. O longa entra para a história como mais uma adaptação malsucedida dos games para as telonas, e com o agravante de ser ainda pior do que a também criticada primeira tentativa.

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