A Sony está prestes a entrar na nova geração de consoles e, se você está interessado em apostar no lado azul, é melhor já preparar um bom espaço na estante para a chegada do PlayStation 5.
A inovação da nova geração começa com seu visual que, com um quê futurista, abandona o clássico preto da marca para apostar na cor branca, tanto no aparelho quanto no controle.
Para conferir as novidades e se a inovação continua até nos sistemas internos do console, passamos os últimos dias realizando uma bateria de testes, que analisam desde a interface principal até os recursos do DualSense.
Vale lembrar que este review foi feito em pré-lançamento, então as partes que envolvem mídia, aplicativos, loja digital PS Store e assinatura PS Plus ficaram de fora porque ainda estão em reta final de desenvolvimento.
Interface e experiência de usuário
Ao contrário do design externo, o visual da interface principal é na cor preta. Os ícones continuam facilmente reconhecíveis, mantendo um padrão minimalista.
O estilo visual remete ao PlayStation 3 com toques mais modernos e limpos, mas recicla a estrutura do PlayStation 4 em termos de disposição do acesso aos jogos, aplicativos e configurações de sistema.
A única diferença é que há duas abas que separam “Jogo” e “Mídia”, distanciando os games dos aplicativos de vídeo, plataformas de streamings, entre outros.

A principal novidade da interface principal é um menu extra na parte inferior da tela, que é aberto ao clicar o botão “PS”.
Ele oferece acesso rápido a recursos e opções que geralmente são manipulados pelos usuários no meio do jogo, como gerenciamento de party, notificações recentes, status de downloads, configurações de áudio e microfone e seletor — que deixa o game em segundo plano para o jogador explorar outros apps livremente.
Performance e velocidade do sistema
A principal melhoria em termos de sistema é a velocidade. O PS5 é extremamente rápido em realizar qualquer tarefa, desde o carregamento de um jogo até a abertura da aba de troféus.
Abrir um jogo leva entre 4 a 7 segundos. E os títulos lançados e otimizados para o console levam de 2 a 4 segundos do menu principal para o gameplay.
A abertura de menus, seja com ou sem algum game rodando, é instantânea. A abertura da aba de troféus, da biblioteca, do perfil e de configurações de sistema toma literalmente 1 segundo. Tudo sem qualquer tipo de travamento.
É rápido e acessível, tornando a experiência de usuário mais confortável, simples e gostosa de usufruir. E, acredite, testar a velocidade do PS5 fará com que você tenha pesadelos lembrando da demora dos carregamentos do PS4.
A promessa de entregar mais velocidade é cumprida por conta do armazenamento com SSD personalizado de 825 GB que, em teoria, pode ser até 100 vezes mais rápido em relação ao HD do console anterior.
Em termos de potência gráfica, o PS5 conta com um processador de aproximadamente 10.3 teraflops em 2.23 GHz, com suporte a ray tracing, tecnologia que permite gráficos mais realistas com luzes e sombras. Na prática, os jogadores mais casuais podem não perceber grandes diferenças nos gráficos, mas aqueles com olhares e gostos mais exigentes vão apreciar o alcance dinâmico de 60 fps que o aparelho oferece.
O sistema de troféus é quase idêntico, com apenas duas pequenas diferenças. A primeira é que é possível ver seu progresso em porcentagem para desbloquear uma conquista. A segunda é que um vídeo de 15 segundos é capturado automaticamente quando um troféu é desbloqueado.
O console oferece um modo padrão de uso e outro de economia de energia, em que funções mais específicas são reduzidas, mas ambos o colocam em repouso se ficar por muito tempo sem ser usado.
O aplicativo oficial da PlayStation ainda serve como complemento para a experiência de usuário, deixando o jogador realizar compras, iniciar downloads de jogos no sistema a distância, adicionar amigos e criar ou gerenciar chats de voz.
É um passáro? É um avião? Não! É o PS5!
O PlayStation 5 é um pouco mais silencioso do que o PS4, mas ainda dá aqueles famosos barulhos repentinos ao rodar um jogo. Isso acontece tanto em mídia física quanto digital, e também em jogos que ocupam poucos ou muitos GB no sistema. Não é nada que prejudique a experiência, mas… os memes de avião vão continuar.
A refrigeração do console se dá por ventoinhas. É possível sentir a ventilação delas ao toque, principalmente quando ele está de pé, dando uma boa ideia de sua potência.

O “corpo” da plataforma esquenta pouco ao rodar um game, mas o mesmo não pode ser dito da parte traseira com os cabos, onde esquenta razoavelmente com o tempo. Fora do jogo, a plataforma quase não gera aquecimento.
Retrocompatibilidade
Um dos recursos mais pedidos pelos jogadores da atual geração é a retrocompatibilidade, que inclui cerca de 99% dos jogos de PlayStation 4 — deixando apenas 10 de fora. Mas não inclui títulos dos consoles mais antigos da marca.
O sistema funciona muito bem, é rápido e fácil de ser usado. Mas a transferência de saves é um tanto chatinha por ser manual, funcionando apenas com memórias externas (HD ou pendrive) ou via nuvem (o que necessita da assinatura da PS Plus).
Para instalar games de PS4, as versões digitais estão disponíveis na biblioteca. Basta acessar e selecionar o título desejado para o download começar. Já para as versões físicas, só precisa inserir o disco no leitor do console para começar a baixar.
Os downloads são rápidos e variam de acordo com o tamanho do jogo e a velocidade da internet.
Imersão do controle DualSense
A maior novidade do PlayStation 5, que realmente tem um gostinho inovador de nova geração, por enquanto, é o DualSense por oferecer recursos que abrem muitas possibilidades de gameplay.
O formato do controle é um pouco maior e pesado do que o DualShock 4, sendo mais anatômico e, consequentemente, mais agradável e confortável para as mãos e os dedos.
A sensação de segurá-lo também passa mais firmeza por conta da textura levemente áspera causada pela presença de símbolos minúsculos da PlayStation.

Em relação aos recursos oferecidos, o DualSense tem gatilhos adaptáveis implementados com um feedback tátil, que agem de acordo como que está acontecendo no jogo.
Por exemplo, o gatilho direito pode ficar mais duro de ser apertado para disparar um arco ou uma arma. Ou eles podem se movimentar sozinhos ao dirigir um carro, dificultando a concentração em uma pista perigosa. A ideia é sempre fazer com que o jogador sinta a tensão de algum ato específico — e isso funciona muito bem.
O controle ainda tem vários níveis de vibração, que também são regidos pela jogatina. Não é um tremor contínuo, forte e padronizado, que está apenas ali por existir — o que o DualShock 4 já tinha e não fazia muita diferença. O DualSense é diferente porque treme em partes distintas e em mais de uma frequência, conversando com o gameplay.
A vibração pode acompanhar o ambiente e a situação que o personagem do game está enfrentando, como deslizar no gelo, nadar na água, enfrentar uma tempestade de areia, encarar uma chuva. Mexer em diferentes partes do touchpad também pode causar tremor em apenas um lado, apertar os gatilhos pode vibrar apenas a parte traseira. E por aí vai.
Os gatilhos adaptáveis e a vibração ainda são acompanhados de sons e de um microfone. O controle emite pequenos barulhos em jogo, variando com o que está acontecendo — como sons de água quando o personagem cair no mar, sons elétricos quando ele usar um poder elétrico, sons de passos ao andar, entre outros elementos.
Já o microfone é fácil de usar, clicando apenas um botão transparente abaixo de “PS”. Ele pode ser usado apenas para conversar por party chat ou até ser introduzido no gameplay, exigindo que o jogador o assopre em algum momento para causar alguma reação no jogo. A peça ainda conta com um sensor de movimento, o que já existia no DualShock 4.
O uso dos recursos dependem e variam a cada jogo, mas o controle já oferecer essas possibilidades já indica um potencial imenso para incrementar as mecânicas de gameplay e a imersão do usuário. Se preferir não usar as funções, é possível desativá-las — mas você dificilmente vai sentir vontade de fazer isso.
Naturalmente, os recursos parecem mais presentes em games exclusivos da Sony e até em jogos lançados especialmente para a nova geração. No entanto, títulos de gerações passadas também usam as funções, mas de forma muito mais genérica.
Vale o aviso de que jogar com headset inibe os sons e o microfone do próprio controle. O DualSense é melhor aproveitado sem o uso de fones.
A bateria do aparelho dura mais ou menos um dia e meio de uso, levando poucas horas para carregar totalmente.
Por fim, o controle tem o botão “Criar”, que possibilita a captura de imagens ou vídeos durante a jogatina. O sistema está muito mais rápido e livre de travamentos.
As configurações de captura estão no mesmo botão, ficando de fácil acesso para o usuário, que pode escolher o tipo de arquivo (o que interfere na qualidade), incluir áudio da party ou do microfone a qualquer momento.
O design externo
O design do PlayStation 5 tem duas placas brancas e uma área central na cor preta, em que ficam os botões de ligar e ejetar o disco na parte dianteira, além de portas USB e entradas para cabos na parte traseira.
A textura interna das placas brancas também conta com milhares de símbolos minúsculos da PlayStation. Elas podem ser retiradas para limpeza e implementação de mais armazenamento, se o jogador quiser.
A plataforma vem com uma base preta e pode ser colocado deitado ou de pé, sem que isso afete em nada sua performance.

O sistema de luzes é sutil. O console emite feixes de luz branca quando está ligado, podendo ficar azul em situações mais específicas, como inicialização ou atualização de software.
Já o controle conta com uma pequena luz branca que indica a numeração do jogador — se ele é o player 1 ou 2, por exemplo — e ficam amarelos ao carregar.
Mas há dois pequenos feixes de luz nos lados do touchpad, que podem ficar coloridos dependendo do jogo, assim como no Dualshock 4.
Um PS4 mais moderno, rápido e imersivo
O PlayStation 5 é literalmente uma evolução de seu antecessor, o PS4. A estrutura e os sistemas foram mantidos, mas as especificações atualizadas o tornaram uma plataforma mais potente, poderosa e, principalmente, veloz.
A experiência de usuário é levada a um novo patamar para a marca por conta dos recursos, opções e sistemas de fácil acesso, que são executados em questão de segundos e sem qualquer tipo de travamento. O processador é realmente muito rápido.
A retrocompatibilidade é limitada a jogos de PlayStation 4, o que definitivamente é um ponto fraquíssimo do recurso se levar em conta toda a biblioteca de títulos retrocompatíveis que os Xbox Series X e Series S oferecem — saiba mais aqui. Mas ele funciona bem e sem complicações.
O ponto negativo é a transferência manual do save. A Sony não padronizou um método para os jogadores transferirem seus progressos, o que acabou ficando na mão dos próprios desenvolvedores de jogos. Portanto, alguns títulos poderão ter uma opção mais rápida e simples, apenas se o estúdio estiver disposto a isso.
Por fim, o DualSense acaba sendo o maior chamariz do PlayStation 5. É algo realmente inovador, que usa recursos simples para provocar sensações que deixam o jogador mais imerso na experiência. Vibração, sensor de movimento e gatilhos adaptáveis parecem um combo que possa irritar o usuário a um prazo mais longo, mas são tantas variações e pouca repetitividade que o efeito é justamente o contrário.
O PS5 é a experiência definitiva para os jogadores da comunidade da PlayStation, mas não é totalmente inovador. Se você é um jogador que não se importa tanto em pegar exclusivos no lançamento (uma vez que a Sony já avisou que eles serão focados no novo console), não há motivos grandes para ficar tão atrás se não descolar o aparelho logo de cara.
Ele é um belíssimo upgrade para a marca e para a indústria de modo geral, só que o aspecto mais revolucionário acaba ficando no controle e, com um preço tão fora da realidade brasileira, não há sistemas tão inovadores a ponto de deixar o PS4 obsoleto de imediato — lembrando que o console da atual geração continuará recebendo suporte e jogos multiplataforma.
Se você já puder comprar o PlayStation 5, ótimo! Aprecie os exclusivos, a velocidade do aparelho, a potência gráfica e a imersão do DualSense. Mas se não puder, o PS4 ainda tem um bom caminho pela frente até uma entrada na nova geração baratear e abrir portas para mais jogadores.
Este review foi feito com um PlayStation 5 cedido pela Sony. O console será lançado no dia 19 de novembro no Brasil com os preços sugeridos de R$ 4.699 para a versão com leitor de disco e R$ 4.199 para o modelo sem leitor.