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Peacemaker encerra primeira temporada em grande estilo e faz história na DC
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Peacemaker encerra primeira temporada em grande estilo e faz história na DC

Oitavo e último episódio da série já chegou à HBO Max

Gabriel Avila
Gabriel Avila
17.fev.22 às 12h55
Atualizado há mais de 3 anos
Peacemaker encerra primeira temporada em grande estilo e faz história na DC

Uma ideia muito difundida na literatura é que ser o “underdog” – algo como "azarão" em português – é uma posição de poder, em que a certeza do fracasso se torna a principal arma para o triunfo. Esse conceito pode ajudar a entender o fenômeno Peacemaker, série protagonizada por um personagem obscuro do Universo DC, que conquistou público e crítica ao elevar o nível das séries de super-heróis.

O oitavo e último episódio, que chegou ao HBO Max nesta quinta-feira (17) coroa uma temporada impecável e prova como o criador James Gunn acertou ao apostar no Pacificador, o personagem mais detestado do filme O Esquadrão Suicida (2021).

[Cuidado com spoilers do oitavo episódio de Peacemaker a partir daqui]

Após a épica conclusão do sétimo capítulo, era de se esperar que “Chutando o Pau da Bavaca” começasse com o embate final contra as Borboletas. Mas o que se vê é a aguardada lavação de roupa suja entre o Pacificador (John Cena) e Leota Adebayo (Danielle Brooks), que tenta se desculpar por trair o amigo. Ele nega as desculpas da colega na reação mais infantil possível, o que traz ao enredo um humor que marca a calmaria antes da tempestade.

Chegando ao rancho onde mora a “Vaca” que alimenta os alienígenas, Adebayo liga para a mãe Amanda Waller (Viola Davis) pedindo reforços como a Liga da Justiça. Sem tempo para esperar pelo socorro, já que a criatura pode ser teletransportada a qualquer momento, o grupo parte sozinho para acabar com as borboletas.

Misturando a urgência da missão com o humor característico do seriado, a equipe tenta bolar um plano utilizando os vários capacetes do Pacificador. Parte deles é descartada por ser inútil, enquanto outros são ativados por engano, o que deixa o grupo com a única opção de utilizar o da Rajada Sônica – aquele usado pelo justiceiro ainda no primeiro capítulo — ou o do Torpedo Humano.

Quando a estratégia de usar Eagly para levar o capacete até as Borboletas falha, o jeito é deixar John Economos (Steve Agee) para realizar a entrega. O personagem chega ao auge de seu arco realizando a difícil missão de se infiltrar em uma base cheia de alienígenas capazes de matá-lo facilmente. Reunindo toda a coragem disponível, ele avança até dar de cara com o alienígena monstruoso apelidado de Vaca, que faz com que ele largue o capacete sônico e fuja correndo de volta para os colegas.

Na volta, ele é interceptado por uma das Borboletas, que questiona por que esse humano colore a própria barba. A pergunta é o trampolim perfeito para que Steve Agee brilhe em seu único momento dramático da temporada, desabafando sobre os problemas pessoais e financeiros de seu personagem. Ressignificando a piada de tingir a barba, o momento pode parecer melodramático demais para a situação, mas dá às Borboletas o tempo necessário para perceber a presença do capacete e atacar o agente.

E é assim que começa a grandiosa sequência de ação do episódio final. Após disparar três rajadas sônicas que mata boa parte dos alienígenas e ainda destrói um pedaço da base deles, Pacificador, Vigilante e Emilia Harcourt (Jennifer Holland) partem para o ataque em uma das mais longas e belas cenas de combate das produções de super-heróis. É admirável como a direção valoriza as criativas coreografias de luta, fazendo com que todo esse trecho frenético possa ser apreciado com clareza.

Por fim, o Pacificador avança para concluir a missão de matar a Vaca que se esconde no subsolo do celeiro. Deixados para trás e em menor número, Vigilante e Harcourt são baleados e ficam à beira da morte. Isso obriga Adebayo a deixar o esconderijo e partir para cima das borboletas no momento de virada da personagem, que finalmente aceita que é boa no trabalho de espionagem e matança.

Depois de matar as Borboletas restantes e impedir que Harcourt fosse invadida por um dos alienígenas, ela corre para ajudar o Pacificador. Soterrado nos destroços do celeiro, o justiceiro é resgatado pela rainha das criaturas, que pede ajuda para transportar a Vaca para outro local. Percebendo a confusão de Chris, a extraterrestre explica por que acredita que ele poderia se tornar um aliado mesmo após trabalhar tanto para derrotá-los.

A rainha diz que Murn contou a história pela metade. A ideia deles não era apenas dominar a Terra, mas sim impedir que a humanidade a destrua. Assim, os alienígenas fizeram um voto de tomar decisões que o povo terráqueo não teria coragem para que o planeta pudesse sobreviver. No fim de sua súplica, ela afirma que essa é uma motivação próxima à do Pacificador, que jurou matar pela paz e garantir que nenhum inocente morreria em vão.

Como resposta, ele ativa o capacete de torpedo humano que faz com que Adebayo atravesse a Vaca como um tiro. Na sequência, o justiceiro mata as outras Borboletas e deixa a rainha livre, em um gesto que demonstra perdão e também a fé de que a criatura pode abandonar seus planos sanguinários como ele mesmo parece ter feito.

Com a missão cumprida, a equipe se reúne e resgata Harcourt, que claramente precisa de cuidados médicos após ser baleada. Quando parte em retirada, o time encontra com a Liga da Justiça, o reforço prometido por Waller. Sem a menor timidez em estar de frente com Superman, Mulher-Maravilha, Aquaman e Flash, o Pacificador diz que eles estão atrasados, grita xingamentos e volta a acusar o Rei dos Mares de manter relações sexuais com peixes – um “rumor” do qual o herói marítimo afirma estar de saco cheio.

Vale notar que esse momento conta apenas com os atores Ezra Miller e Jason Momoa, escondendo a todo custo os rostos do herói kryptoniano e da amazona. Isso de forma alguma é um demérito, já que esse encontro é um aceno breve destinado a  alegrar os fãs e reafirmar que a série faz parte sim do DCEU. Não que a produção precise de qualquer validação, mas é divertido ver que o Pacificador é irredutível mesmo diante da Liga.

Após esse rápido encontro, Peacemaker se encaminha para um final bastante feliz para seus padrões. Chris e Adebayo fazem as pazes, o que leva a jovem a convocar uma coletiva de imprensa em que denuncia a própria mãe e a existência do Esquadrão Suicida. Harcourt se recupera dos ferimentos com fisioterapia, Economos volta a trabalhar na prisão de Belle Reve e a dupla Pacificador e Vigilante volta a explodir coisas por diversão.

Em um final quase que contemplativo, Christopher demonstra ter encontrado a paz interior. Após dormir uma noite inteira pela primeira vez em anos, ele levanta para admirar a vista e chega até a alimentar a rainha das Borboletas, com quem criou uma espécie de amizade ao longo da temporada. O final só não é um momento perfeito porque ele volta a ser visitado pelo fantasma do pai (Robert Patrick), que agora aparece em forma de  alucinação.

Assim como nas HQs, agora o vigilante passa a ser assombrado por visões de August, que surge disposto a infernizar a vida do filho assim como fazia em vida. Por mais que esse novo status-quo não seja o ideal, ele é um dos poucos ganchos para a vindoura segunda temporada da série, já oficializada pela HBO Max.

Ainda que James Gunn e a equipe sempre demonstrassem desejo em fazer mais episódios, a conclusão do primeiro ano prova que Peacemaker foi planejada cuidadosamente para ter começo, meio e fim. Mais do que pensar no futuro de um universo compartilhado ou deixar ganchos para que os fãs iniciassem campanhas online pedindo por continuações, esse final se faz grandioso por si só ao acreditar no que se construiu ao longo de semanas.

Não é exagero dizer que a série fez história dentro da DC. Merecidamente aclamada por público e crítica, a produção destacou um herói completamente obscuro, que até o lançamento da série tinha apenas uma única HQ solo publicada pela editora. Praticamente desconhecido pelos espectadores, um personagem como o Pacificador se tornar um fenômeno é a prova de que os fãs querem apenas boas histórias.

É justo dizer que essa é uma das assinaturas de James Gunn, que alçou os Guardiões da Galáxia da Marvel ao patamar de queridinhos do público e ainda fez com que a audiência se importasse com Caça-Ratos 2 e Bolinhas em O Esquadrão Suicida. Esse sucesso recorrente na carreira do cineasta pode ensinar muito a um estúdio que encontra dificuldades para adaptar personagens infinitamente maiores como o Superman e a própria Liga da Justiça.

Redimido perante aos olhos do público e fonte de lições valiosas – como não haver hora errada para o rock –, o Pacificador cumpriu sua missão com louvor. Ainda não se sabe quais serão os próximos passos de Gunn, Cena e companhia, mas é certo que o justiceiro azarão fez barulho o suficiente para brigar de igual para igual com os grandes heróis do cinema e da TV.

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