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Pantera Negra | Crítica
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Pantera Negra | Crítica

O filme de ação que os fãs de quadrinho querem ver, mas com mensagens poderosas

Marina Val
Marina Val
06.fev.18 às 15h01
Atualizado há mais de 1 ano
Pantera Negra | Crítica

Quando falamos de filmes de super-heróis, o que espera-se é normalmente a fórmula básica de personagem poderosa, problema surgindo, cenas de ação emocionantes, uma queda e finalmente a vitória, desafiando todas as probabilidades. Pantera Negra não quebra essa estrutura. Ele é o filme de ação que os fãs de quadrinhos querem ver — mas, no meio de tudo isso, ainda traz uma mensagem poderosas sobre lar, liderança, política e identidade.

No universo cinematográfico da Marvel, Wakanda é a nação mais tecnologicamente avançada do planeta Terra. Feridas mortais se regeneram em poucas horas, as armas são avançadas a ponto de fazerem metralhadoras parecerem primitivas e os meios de transporte são extremamente eficazes — de uma maneira que qualquer pessoa que vive em uma grande metrópole poderia apenas sonhar.

Ainda assim, por conta da política isolacionista, poucos sabem desse fato e a maior parte dos humanos acredita de que se trata apenas um país subdesenvolvido que não tem nada a oferecer. Wakanda prosperou por muitos séculos e só assistiu, sem intervir, às nações próximas sofrerem com doenças, guerra e fome.

Pantera Negra é um longa que começa a questionar esse status quo através de inúmeros personagens que argumentam que Wakanda pode fazer mais para ajudar o resto do mundo, embora cada um deles tenha ideias diferentes sobre como isso deve ser feito. Enquanto isso, outros defendem que o isolacionismo deve ser mantido em nome do estilo de vida ao qual a população está acostumada.

O filme não pinta de maneira maniqueísta os pontos de vista diferentes simplesmente como “certo” e “errado”, nem coloca T'Challa (Chadwick Boseman) como alguém acima de questionamentos, pois inicialmente ele só segue o que já estava sendo feito sem refletir a respeito. A trama mostra que liderar não é apenas seguir um modelo predeterminado: você precisa ter pessoas próximas nas quais confia, saber ouvir, encontrar soluções e meio termos, e lidar com as consequências de suas ações antes que elas virem algo muito maior e voltem para assombrar.

Como as discussões sobre o papel de Wakanda no mundo são bem ponderadas, o desenvolvimento do grande vilão se torna mais natural. As motivações de Killmonger (Michael B. Jordan) são totalmente compreensíveis, embora não seja possível concordar com os métodos extremos que ele usa para executar seu plano. Quando ele entra em cena, não há espaço para humor ou piadinhas. A causa dele é séria, assim como suas críticas ao colonialismo e a determinação para alcançar seus objetivos.

O elenco é muito bem construído e as mulheres do filme reúnem as qualidades e a garra que vão inspirar gerações de garotas por todo o mundo. Cada uma delas mostra que há diferentes formas de lutar: com força, como Okoye (Danai Gurira); com inteligência, como Shuri (Letitia Wright); ou com altruísmo, como Nakia (Lupita Nyong'o), e nenhum desses caminhos está errado. Vê-las no campo de batalha com suas armaduras coloridas, lutando lado a lado com T'Challa, é um deleite.

Os adereços, a maquiagem e até os cenários de Wakanda trazem inovações tecnológicas misturadas com elementos que associamos mais diretamente a pinturas tribais tradicionais, e isso não afeta em nenhum momento a suspensão de descrença. É apenas natural que essas representações permaneçam em uma nação que respeita suas tradições e antepassados, mas que não deixa de pensar no futuro.

Filmes de heróis podem ser voltados apenas para um entretenimento casual, sem nenhuma grande mensagem. A maioria deles vai continuar sendo assim e não há nada de errado com isso. Entretanto, é bom que estejamos vivendo em uma época na qual que seja possível usar um filme como Pantera Negra para dizer algo mais, mostrar questões políticas e culturais que afetam o nosso mundo e também para levar a milhares de crianças ao redor do mundo mais um super-herói nas telonas que se parece com cada uma elas.

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