Mulher-Hulk responde velha pergunta sobre heróis em sétimo episódio

A cada semana, Mulher-Hulk: Defensora de Heróis se mostra mais firme no propósito de apresentar sua protagonista em meio a uma comédia gerada pelos absurdos do mundo que a cerca.

• Sexto episódio de Mulher-Hulk cumpre promessa, mas não a que os fãs esperavam

Para o sétimo episódio, a série da Marvel não foge da temática, e coloca sua protagonista no divã para responder uma velha pergunta a respeito dos super-heróis.

[A partir daqui, spoilers do sétimo episódi de Mulher-Hulk]

Lançado nesta quinta (29) no Disney+, “O Retiro” dá continuidade ao fofo romance que Jennifer Walters (Tatiana Maslany) iniciou com Josh (Trevor Salter) no desastroso casamento em que compareceram no sexto episódio. Infelizmente, para ela, as coisas não demoram a desandar. Após vários encontros e uma noite juntos, o jovem desaparece, deixando a advogada grudada no celular na espera de um contato.

A agonia só é interrompida quando o oficial responsável pela condicional de Emil Blonsky (Tim Roth) telefona a ela avisando que o inibidor de poderes do ex-vilão deu defeito. Com medo de ter que encarar o Abominável, ele pede uma ajudinha da Mulher-Hulk, que o acompanha até o local como uma espécie de guarda-costas superpoderosa.

Lá chegando, a dupla descobre que tudo não passou de um defeito real e que Blonsky continua em paz, tocando a vida como chefe de um retiro para superpessoas. A rápida visita de Jen se torna mais longa quando dois supers obscuros do universo Marvel destroem seu carro durante uma briga. Forçada a ficar no local, ela acaba se juntando à terapia em grupo de Blonsky.

Homem-Touro e El Águla conhecem Jennifer Walters

É nesse ponto em que o episódio revela sua razão de ser. Em primeiro lugar, a história finalmente volta a Blonsky após os capítulos iniciais, mostrando que a era zen do ex-soldado é real. Em segundo, a trama aproveita o retiro espiritual do vilão aposentado para dar a Jen uma chance de colocar para fora suas dores e temores sem a cortina de sarcasmo e confiança que se exige dela.

Em um dos melhores momentos da série, Tatiana Maslany brilha ao detalhar a frustração da advogada em ser repetidamente rejeitada enquanto assiste a um outro lado de si mesma ganhar todas as atenções. É uma interpretação interessante e pessoal das dificuldades de ser a Mulher-Hulk, e trabalha o conflito entre suas personalidades sem precisar repetir o que já foi feito com Bruce Banner/Hulk.

Ainda assim, o texto é esperto o suficiente para criar paralelos interessantes – como Jen se referindo à Mulher-Hulk na terceira pessoa. Nesse aspecto, é uma pena que a computação gráfica deixe a desejar, porque a performance de Maslany certamente entregaria mais do que os efeitos visuais podem produzir.

Outro acerto desse capítulo é responder à velha questão de “como seriam os super-heróis se eles fossem para a terapia?”. O próprio Universo Marvel provocou esse questionamento no público ao contar histórias que giram em torno de traumas (um abraço para a Feiticeira Escarlate e para o Soldado Invernal). Como os fãs suspeitam, acompanhamento psicológico pode fazer muito bem, e poderia impedir rompantes violentos daqueles que têm poderes especiais.

Mulher-Hulk esmaga... A depressão.

E é mais do que justo que o momento divã aconteça justamente em uma série que tem como protagonista uma personagem cujos poderes estão ligados a raiva e ansiedade. Claro que isso a afeta em um nível menor que o do primo, mas ainda assim a influencia, basta ver como ela reage ao dar de cara com um dos membros da Gangue da Demolição.

Além da dualidade da protagonista, essa parada no retiro de Emil Blonsky também continua a expandir os cantos esquisitos do Universo Marvel. A mera presença de personagens obscuros como El Águila, Homem-Touro, Sarraceno e Porco-Espinho mostra que mesmo longe do escritório de advocacia – já que o capítulo se passa em uma folga de domingo –, qualquer habitante desse planeta está sujeito a topar com seres poderosos.

Homem-Touro, Sarraceno, Abominável, Él Aguila, Destruidor e Porco-Espinhos. Um time dos sonhos.

Após fazer as pazes consigo mesma com a ajuda do grupo, Jen decide deixar Josh no passado e seguir a vida. O problema é que o rapaz se revela como mais do que uma paquera que não deu certo. Nos minutos finais, o capítulo mostra que ele tem ligações com o “Rei Hulk”, o moderador do fórum de haters da Mulher-Hulk. E pior, que ele dormiu com a advogada para roubar os dados de seu celular e se gabar de ter passado a noite com a jovem.

É assim que a série começa a preparar para os próximos dois episódios, os últimos da temporada. Ainda que a revelação não seja lá muito surpreendente, ela torna o embate com o vilão pessoal de uma forma poucas vezes vista nesse núcleo. Especialmente em um universo em que a maioria dos antagonistas são versões malignas óbvias dos mocinhos (Hulk e Abominável que o digam).

Josh e Jennifer: de amantes a inimigos em um episódio.

Por outro lado, o capítulo deixou claro que em um possível embate contra Josh e seus minions, a Mulher-Hulk poderá contar com os novos aliados do retiro, um grupo que já queria bater nele por magoá-la e que, não por acaso, se definiu como “gangue”. Um desvio no percurso causado por puro acaso, já que Jen poderia ter descoberto o paradeiro de Josh – e, portanto, evitado o desabafo no retiro – caso tivesse aberto o fórum Inteligência.

Resta saber como a produção pretende amarrar o enredo de Josh, o possível retorno de Titânia (Jameela Jamil), a apresentação do Homem-Sapo (pois é) e ainda reapresentar o Demolidor (Charlie Cox) nos 70 minutos que lhe restam. Uma maratona e tanto para uma produção que, até aqui, não teve pressa nenhuma para contar a história nos seus termos.

Mulher-Hulk: Defensora de Heróis ganha novos episódios às quintas-feiras no Disney+.