Mulher-Hulk: Defensora de Heróis passou da metade de sua primeira temporada nesta quinta-feira (15) com o lançamento do quinto episódio no Disney+. Mesmo com o aguardado retorno da vilã Titânia (Jameela Jamil), o capítulo marca um ponto baixo da temporada por se contentar em repetir boas ideias apresentadas anteriormente.
[A partir daqui, spoilers do quinto episódio de Mulher-Hulk]
O quinto episódio de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis começa retomando o gancho deixado pelo processo que Titânia moveu contra Jennifer Walters (Tatiana Maslany) pelo uso do nome “Mulher-Hulk”. Como forma de se vingar da advogada que lhe deu uma surra no primeiro episódio, a influencer registrou a marca do nome heróico da jovem e o utilizou para vender produtos de beleza.
É com essa premissa que o capítulo retoma várias ideias e temas abordados nos anteriores. A série mantém o foco na comédia, buscando os cantos mais inusitados do Universo Marvel para fazer piada e temperar o enredo da semana. Porém, a construção é tão frágil que as ideias parecem mais uma repetição de temas que já haviam sido bem trabalhados previamente. O ponto alto, sem dúvidas, é o foco no arco de Jen em aceitar seu lado Hulk.
Para escapar do processo e limpar tanto o seu nome, quanto o do escritório de advocacia GLK & H, a verdona conta com a ajuda da colega Mallory Book (Renée Elise Goldsberry). A estratégia escolhida pela advogada começa usando filmagens de Jen adotando a persona Mulher-Hulk em público, mas não é o suficiente para convencer a juíza em seu favor. Dessa forma, ela parte para uma abordagem mais pessoal, destruindo a privacidade de Jen.

A advogada traz ao tribunal o perfil que Walter criou para a Mulher-Hulk em um aplicativo de relacionamento, assim como alguns de seus terríveis pretendentes mostrados no quarto capítulo. Nesse ponto, a ferida da rejeição é reaberta, com o médico bonitão dizendo com todas as letras que não tem o menor interesse em Jennifer, mesmo sendo gamado em sua versão Hulk.
A manobra dá certo e a dupla da GLK & H vence Titânia sem muita dificuldade. Um desfecho previsível, que tem como ponto alto a celebração entre advogada e cliente, em um diálogo a respeito dos obstáculos que enfrentam no cotidiano e no início de uma amizade. É nesse triunfo e no reconhecimento de que ser uma Hulk tem suas vantagens que a história se move adiante. O que tem seu valor, mas é muito pouco, considerando todo o resto do episódio.
A presença ausente de Titânia

O retorno de Titânia gerava muita expectativa, tanto pela misteriosa e rápida aparição da personagem no episódio de estreia, quanto por dar mais espaço à talentosa atriz Jameela Jamil. Infelizmente, a participação da criminosa não faz jus a nenhuma dessas expectativas.
Em primeiro lugar, não há explicação para o fato de ela ter simplesmente usado seus poderes para invadir um tribunal – não há sequer uma menção a isso. Em segundo, ela aparece como se já fosse uma personagem estabelecida como parte do elenco principal, o que não é. Com exceção da breve explicação de que ela é uma influencer de língua afiada com uma linha de produtos, pouco é estabelecido sobre a Titânia, suas origens e motivações.
É frustrante, porque o texto da série bate o tempo inteiro na tecla de que a série é da Mulher-Hulk, mas constantemente deixa de lado o desenvolvimento de sua própria identidade, incluindo o estabelecimento de sua grande nêmesis. Basta comparar como a produção tratou o Abominável, um vilão do Hulk, e Donny Blaze, um inimigo de Wong. É um grande desperdício, especialmente dada à divertida composição afetada de Jamil, que aproveita o pouco que recebe do roteiro e brilha ao compor uma personagem adoravelmente detestável.
A origem do traje super-heróico

Outro ponto baixo do capítulo é o enredo em que Nikki (Ginger Gonzaga) e Pug (Josh Segarra) saem em busca de um uniforme para a Mulher-Hulk. Desinteressante, esse arco acaba servindo mais para gastar tempo – de um episódio de 20 minutos – do que a realmente contar algo. Ao contrário dos capítulos anteriores, em que as histórias paralelas acrescentaram algo à trama principal, este só trouxe de volta a vocação de fazer piadas com cantos inusitados do Universo Marvel.
Infelizmente, uma barraquinha de produtos piratas dos Vingadores ou um estilista que faz uniformes não são trabalhados de forma satisfatória e só ficam jogados. Especialmente porque é uma escolha trai o movimento da série em não se ater a minucias para explicar de forma realista questões ligadas à fantasia. Basta comparar como essa busca por um traje tem duração muito maior do que a explicação de como Jen recebeu seus poderes.
Todo este enredo só não é completamente descartável graças ao carisma de Gonzaga e Segarra, que assim como Jamil, mereciam material melhor para brilhar. Em especial Nikki, cuja personalidade complementa muito bem o lado acanhado da Mulher-Hulk.
Vem aí...
Os minutos finais do quinto capítulo finalmente fazem a promessa que os fãs querem ouvir: o Demolidor está chegando. O traje amarelo e o novo capacete do herói são mostrados rapidamente no salão do estilista que costurou o uniforme da Mulher-Hulk. É uma pena que essa revelação soe como uma espécie de prêmio de consolação após um episódio morno que se contentou em repetir os momentos da produção.
Fica a torcida para que a chegada de Matt Murdock e o próximo retorno de Titânia estejam à altura da expectativa. Mulher-Hulk: Defensora de Heróis já mostrou que pode ser mais do que promessas, resta à produção voltar aos pontos altos agora que se aproxima da reta final.

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