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King’s Man: A Origem | Crítica
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King’s Man: A Origem | Crítica

Mirando em retomar os bons dias da franquia, filme acerta na ação mas derrapa em roteiro pouco inspirado

Gabriel Avila
Gabriel Avila
01.jan.22 às 12h00
Atualizado há mais de 3 anos
King’s Man: A Origem | Crítica

Kingsman chega ao terceiro filme com um misto de carinho e desconfiança. Se o primeiro pegou o público de surpresa ao homenagear e modernizar o gênero de espionagem com uma ação de tirar o fôlego, o segundo jogou qualquer charme fora ao optar por um festival de exageros quase sem nexo. Com a missão de levar a franquia de volta aos dias de glória, King’s Man: A Origem volta ao passado em uma aventura confortavelmente satisfatória.

Como o título indica, a nova produção abandona os dias atuais e volta ao passado para contar a história de como a Kingsman se tornou uma das grandes agências de espionagem do mundo. Ambientado no início do século XX, o longa mostra como um grupo de pessoas que se uniram para impedir um maléfico grupo que estava manipulando os rumos da Primeira Guerra Mundial das sombras.

De volta às funções de diretor e co-roteirista pela terceira vez, Matthew Vaughn deixa a empolgação cega de lado e traz à produção um bem-vindo nível de maturidade. Seja pelo fracasso de Kingsman: O Círculo Dourado (2017) ou pelo pano de fundo histórico, é fato que a nova aventura se deixa levar menos pela euforia e mais pela história que propõe.

Nesse sentido, levar a história para a Primeira Guerra é uma mudança de ares mais que bem-vinda. Além de fazer jus ao que já foi estabelecido nos filmes anteriores, esse novo contexto leva a história para um conflito pouco explorado pela ficção. Isso que fortalece o lado ficção histórica do roteiro, que adiciona personagens e eventos evitando ao máximo contradizer a história.

Porém, se a produção se leva mais à sério, isso não significa que a combinação entre ação e comédia característica da franquia foi abandonada. A produção dedica um tempo valioso a desenvolver seus personagens com o uso de texto afiados ou ao destacar seus valores, defeitos e até esquisitices.

Como figura central na produção, Ralph Fiennes aproveita essa oportunidade para se destacar ao viver um Duque Oxford tão imponente e cativante quanto falho. Além de brilhar ao conduzir a história, o ator ainda favorece os companheiros de cena, desde o filho Conrad (Harris Dickinson) até os aliados Polly (Gemma Arterton) e Shola (Djimon Hounsou). A dupla, aliás, aparece com uma importância maior do que seus papéis indicavam e mostram como mesmo em uma história de passado a franquia Kingsman finalmente está disposta a trazer mais diversidade para seu elenco.

É uma pena que no núcleo dos vilões aconteça quase o contrário. Com zero compromisso com a realidade, o Rasputin de Rhys Ifans surge como um vilão canastrão, esquisito e carismático que rouba cada cena que aparece. Porém, o roteiro parece não saber o que fazer com ele e desperdiça esse potencial, assim como o de muitos malfeitores que mais parecem figurantes de luxo.

Tudo isso acompanhado por coreografias de ação que empolgam tanto no combate corpo a corpo, quanto nos momentos em que visita os campos de batalha da Primeira Grande Guerra. Um desses embates, aliás, mostra por que Vaughn se tornou um dos diretores de ação mais celebrados de Hollywood na última década.

Infelizmente o cineasta não ocupa apenas a cadeira de diretor e se aventura também pelo roteiro, posição em que deixa a desejar. Na nova empreitada, Vaughn escreveu o texto a quatro mãos com Karl Gajdusek (Oblivion) e repetiu alguns dos problemas de filmes do gênero. O principal deles sendo a indecisão quanto a focar na ficção histórica ou na fundação da famosa Kingsman.

Ao longo de toda a produção há diversos blocos em que a história parece simplesmente se esquecer de que precisa montar os passos iniciais da agência, retomando esse ponto de maneiras por vezes destrambelhadas. Não por acaso as melhores homenagens à própria franquia vêm em rimas visuais com grandes momentos do primeiro filme.

E não só isso, todo o potencial aberto no primeiro ato é lentamente diluído pela produção que peca ao não definir um objetivo claro. É como se os realizadores resolvessem atirar para todo lado em busca de alguns acertos já partindo do princípio de que não conseguiriam atingir todos os objetivos. Nesse comodismo o longa perde seu brilho e se contenta com um resultado mediano quando poderia atingir a excelência.

Esses altos e baixos ditam o ritmo de King’s Man: A Origem até o final, ao não saber parar e destruir uma conclusão em nota alta com uma das piores cenas pós-créditos já realizadas. Considerando que o novo capítulo quase um século antes do primeiro filme e o apetite do estúdio por continuar a franquia, o gancho deixado soa quase de mal gosto – um sabor que não precisava ser adicionada a uma mistura imperfeita mas plenamente satisfatória.

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