Lara está sentada em uma varanda, no primeiro andar de uma casa na ilha de Cozumel, no México. É Dia dos Mortos, e as pessoas se divertem na rua, com máscaras e fantasias, saudando os antepassados. Lá de cima, ela tem uma visão privilegiada das crianças brincando, dos moradores cozinhando e rindo.
Mas ao lado de Jonah, parceiro de outras aventuras, Lara Croft está mesmo preocupada em resolver mais um enigma e tudo o que ela enxerga, da vista da varanda, são os movimentos do Dr. Domingues, da Trindade - organização responsável pela morte de seu pai. De vez em quando, ela baixa os olhos até a foto que tem em mãos.
E olha que curioso: Lara Croft quase vai parar no Brasil – não fossem as informações, desatualizadas em alguns milhares de anos, do mapa Maia que ela consegue desvendar com a tal foto.
A partir daí, descendo as escadas da varanda, você assume os controles do jogo que promete transformar Croft, de fato, em uma "Tomb Raider".

Assumindo os controles
Em um evento organizado pela Square Enix, em Los Angeles, pude jogar, por cerca de uma hora, Shadow of Tomb Raider, o próximo título da franquia, que só sai em setembro.
Se nos dois primeiros jogos dessa trilogia conhecemos uma Lara mais frágil e perdida (Tomb Raider, 2013); depois uma jovem que está descobrindo o próprio caminho (Rise of Tomb Raider, 2015); aqui, Lara está certa de quem é: uma mulher implacável, badass e totalmente obcecada em destruir a Trindade.
Características positivas dos outros jogos da franquia são mantidas e melhoradas. Em Shadow of Tomb Raider, o modo stealth ganha mais destaque, Lara agora pode se esconder em alguns arbustos nas paredes, enquanto os combates e os movimentos dela, de forma geral, são mais fluidos e naturais. O rapel ganha mais espaço e é mais uma ferramenta para a resolução dos puzzles, que agora estão mais bem elaborados e mortais, embora mantenham os elementos de sempre: usar flechas com cordas para puxar coisas, girar e alinhar objetos, usar os carrinhos para destruir obstáculos, pular de forma quase impossível e escalar em locais impensáveis.

Assim como nos primeiros jogos da franquia, antes do reboot da atual década, Lara pode explorar as tumbas embaixo da água, agora de uma maneira mais bem trabalhada e inserida no contexto. Uma decisão ousada, mas muito bem executada e que trouxe um resultado positivo, criando momentos de sufoco (literalmente) e ampliando as possibilidades dos puzzles e de exploração das tumbas.
Claro que me afoguei uma ou duas vezes! A sensação de urgência é maior – você está contra o tempo, sempre. E Shadow of Tomb Raider é um jogo que pune a pressa e qualquer falta de atenção, lançando-nos em armadilhas com desfechos mortais.
Dentro de uma tumba, já "à frente" dos planos da Trindade, parei um pouco para olhar em volta e pulei para a água. Os comandos de mergulho são os mais simples possíveis e intuitivos. Nadar na franquia Tomb Raider novamente gera uma sensação nostálgica, de volta ao PlayStation 1, seus CDs e cartões de memória. A Square Enix acertou em cheio ao recolocar a opção no jogo que virá!

Toda ação...
Então, em um momento apoteótico, você finalmente consegue recuperar o artefato que queria, mas toda ação tem uma consequência – principalmente quando se removem artefatos poderosos de suas tumbas, onde repousavam. Uma inundação surge em Cozumel, pessoas estão se ferindo e morrendo. Lara tem que voltar o quanto antes.
Com o objeto em mãos, a "chave" – a adaga IxChel –, começa a correria. No meio do caminho, espaço para tiroteios e mortes que deixariam Rambo orgulhoso – a não ser pelo fato de que Lara perde.
O encontro com Dr. Domingues, que desce de helicóptero, em grande estilo, muda o jogo. O diálogo apresenta um vilão meio clichê – mas não mal feito –, que justifica suas ações ao tentar "refazer o mundo", torná-lo um lugar melhor, sem doenças e fraquezas, mesmo pagando caro. Domingues acredita que ele acredita que conseguirá fazer agora que tem em mãos a adaga IxChel, a chave para abrir uma “caixa”, um objeto com poder de mudar o mundo. Mas, ao contrário do que o antagonista pensava, Lara não tem a tal caixa, só a adaga! E a expressão de terror no rosto de Domingues ao notar isso muda a percepção sobre o que a própria Lara está fazendo."
Em sua obsessão, ela violou locais sagrados e agora pode ter causado uma tragédia decisiva, o "apocalipse Maia", a "morte do sol". Domingues parte em busca de impedir isso, levando a adaga consigo, deixando Lara para trás.
Na medida certa
Shadow of Tomb Raider equilibra perfeitamente ação desenfreada, resolução de enigmas e uma narrativa cinematográfica de primeira. O ritmo frenético em que me encontro após esse diálogo com Dr. Domingues, desviando de objetos em uma inundação monstruosa, quase não deixa tempo de digerir a informação de que Lara, mesmo tentando fazer o bem, causou problemas graves. E quando você consegue finalmente se esquecer de que a “culpa é sua” – afinal, a hora é de priorizar a luta pela própria sobrevivência – uma criança à beira da morte o traz de volta à realidade.
Agora Lara precisa recuperar a adaga, impedir que Dr. Domingues encontre a tal caixa e evitar que o mundo chegue ao fim. Ela terá que ir ao Peru, enfrentar uma selva mais densa, com cenários que prometem ser mais interativos, segundo o diretor de narrativa, Jason Dovois, e tumbas mais sombrias e mortais. Tudo isso, enquanto entende as consequências das próprias ações e de quem se tornou diante da obsessão em destruir a Trindade.

Ao final da demo do jogo, que promete ser três vezes maior que o anterior, Lara reencontra Jonah. Estão novamente em um terreno alto. Lá embaixo, a inundação continua forte, com a água destruindo tudo pela frente. O cenário de festa, de crianças brincando e o som de música ecoando dão lugar a uma paisagem devastada, de casas destruídas e gritos. Lara Croft tem muito o que consertar. E mal posso esperar por setembro para fazer parte disso!
Confira as primeiras imagens do jogo:
Shadow of the Tomb Raider chega para PS4, PC e Xbox One no dia 14 de setembro.