Há oito longos anos que não temos um jogo relevante do robozinho azul da Capcom e admito que o anúncio de Mega Man 11 me deixou empolgado e apavorado, ao mesmo tempo. O legado da franquia é longo e muito querido para mim, como para qualquer fã, então sinto que preciso que este retorno fosse feito do jeito certo, depois de tanta espera.
A Capcom convidou o NerdBunker para jogar dois estágios do game e tive a sorte de poder experimentar, em primeira mão, o que está chegando. Naturalmente, há muita coisa para ser revelada ainda e esta foi só uma degustação da obra final, mas é com prazer que digo que todos os meus medos anteriores agora me parecem infundados. Mega Man está de volta.
De cara nova
Na demonstração que joguei, duas fases estavam disponíveis: a do Block Man, com uma temática que me pareceu inspirada na civilização maia, e a do Fuse Man, que é uma espécie de usina de energia.

Diferente dos últimos dois jogos da franquia, que adotaram uma aparência 8-bit, como nos títulos do Nintendinho, Mega Man 11 traz um visual novo, tanto para os personagens quanto para o cenário. É a primeira vez, desde 1996 – com Mega Man 8, para PlayStation e Sega Saturn –, que a série principal apresenta gráficos inéditos (sem contar o Powered Up, que é um remake).
O resultado é um visual muito bonito, com modelos de personagens em 3D e fundos ilustrados em 2D que são cheios de detalhes. Na fase do Block Man, por exemplo, é possível notar o cenário mudando enquanto nos aproximamos da pirâmide, além de o Sol ir se ponto conforme progredimos no estágio.
A animação é extremamente fluida e agradável de assistir, lembrando um desenho animado. Isso é particularmente visível em alguns inimigos, como chefes e oponentes gigantes em geral, como um sub-chefe que aparece no estágio do Fuse Man, que está sempre se movendo, balançando seus cabos parecidos com dreadlocks.

Clássico, mas moderno
Quem conhece a franquia vai se sentir em casa. A jogabilidade está praticamente inalterada em relação aos games antigos. Mega Man pode carregar tiros com sua Mega Buster, deslizar no chão para passar por locais baixos e até chamar Rush, seu cachorro, que pode ajudá-lo a alcançar locais distantes.
Isso já seria uma ótima receita para o jogo, mas a Capcom está indo um pouco mais longe para garantir que este não será só mais um game qualquer da franquia, ao apresentar algumas mecânicas inéditas, como as Gears.
A qualquer momento, o jogador pode apertar os botões superiores para ativar as Gears. O botao R1, já que joguei no PlayStation 4, ativa a Speed Gear, que desacelera o fluxo do tempo, permitindo reagir com mais facilidade em momentos que exigem agilidade e precisão. Já o L1 ativa a Power Gear, que aumenta o dano dos tiros e o número de rajadas.

Estas habilidades podem ser utilizadas a qualquer momento, mas não são infinitas. Sempre que uma delas for ativada, uma barra é preenchida e, ao alcançar o máximo, Mega Man é sobrecarregado, sofrendo consequências perigosas, como ficar impossibilitado de carregar a Buster ou de soltar tiros consecutivos, entre outras desvantagens. Além disso, quanto mais tempo forem usadas, mais demora para a barra de sobrecarga abaixar. Sendo assim, é preciso usar as Gears com sabedoria e em momentos bem planejados.
Se isso não for o bastante, quando sua vida está baixa, é possível apertar o L1 e R1 ao mesmo tempo para ativar o Double Gear, que dá as duas vantagens ao mesmo tempo, algo perfeito para sair de situações desesperadoras. No entanto, diferente das outras duas, esta habilidade não pode ser desativada, o que significa que Mega Man será sobrecarregado no final e ficará com todas as fraquezas possíveis. Cabe ao jogador decidir se este risco vale a pena ou não.
Sempre que derrotamos um chefe, como acontecia antes, Mega Man ganha seu poder. Mas, desta vez, sua aparência também muda, ganhando elementos do inimigo em questão. Outra novidade é que as armas dos chefes também são influenciadas pelas Gears.
Na demonstração, a Block Dropper invocava quatro blocos de concreto que caem. Ao ativar a Power Gear, esta habilidade vira uma chuva de blocos devastadora. Já a Scramble Thunder lança um raio elétrico para baixo ou para cima (você pode direcionar) que se divide ao alcançar o chão (ou o teto) e continua até atingir um inimigo. Com a Power Gear, este raio fica ainda mais poderoso e maior, além de continuar seguindo, mesmo ao acertar um adversário no caminho.
Embora ainda não estivesse disponível na demonstração, a versão final permitirá que o jogador troque de arma simplesmente girando o analógico direito, sendo possível acessar instantaneamente os poderes de sua preferência, sem precisar pausar o jogo.
Dificuldade na medida
Como disse no começo, joguei duas fases na demonstração, cada uma com temas, inimigos e desafios próprios. E fico feliz em dizer que as duas me passaram ótimas sensações, da mesma forma que outros títulos da série. Me senti jogando um Mega Man, mas não um que é só mais do mesmo.
Para começar, o design dos estágios é ótimo. Assim como todo game bom da franquia, as fases vão aos poucos ensinando ao jogador sobre suas regras e inimigos. O desafio fica maior com o progresso e as duas fases terminam com situações que podem parecer insanas, até analisarmos com cuidado o que precisa ser feito.
Graças às Gears, agora temos novas formas de lidar com os desafios e as fases contam com uma boa cota de obstáculos que foram feitos pensando nestas habilidades, especialmente a Speed Gear. No entanto, senti que, apesar destes novos poderes ajudarem bastante, eles são opcionais e jogadores muito bons conseguirão passar de tudo sem precisar ativá-los. Pelo menos nestes dois estágios.

Não senti que a dificuldade era tão frustrante como em alguns dos outros jogos da série, mas isso não significa que ele é fácil. É desnecessário dizer que morri bastante até conseguir passar. E sim: se perder todas as vidas, tem que recomeçar do zero.
Caso pense que está enferrujado ou seja um veterano que adora desafios, não se preocupe: quatro opções de dificuldades estavam disponíveis na demonstração: uma normal, uma mais difícil, uma casual e uma para iniciantes. Elas alteram o dano que Mega Man dá, a quantidade de vida que os inimigos têm e, em alguns momentos, a quantidade de adversários que aparecem.
A única dificuldade que tem um elemento bem diferente das outras é a de iniciante, que faz com que o pássaro Beat resgate Mega Man sempre que ele cair em um buraco, sendo possível até mesmo escolher onde ele será solto.
Retorno triunfal
Este foi só um gostinho do que Mega Man 11 será e, até o momento, gostei bastante do que vi. Dá para notar o cuidado que os produtores tiveram para respeitar a história e as tradições da franquia, mas, ao mesmo tempo, existe o esforço para fazer com que este jogo seja único por mérito próprio.
Não espere nada revolucionário: é um jogo bastante divertido e que aproveita bem tudo o que gostávamos dos clássicos. Ainda há muito para ser revelado sobre o game, mas, se o resto seguir o padrão deste pequeno trecho que experimentei, posso dizer que este um grande retorno para a franquia – aquele que os fãs pedem há muito, muito tempo.
Mega Man 11 será lançado em 2 de outubro, para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC.