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Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania é grandioso, mas seguro demais | Crítica
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Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania é grandioso, mas seguro demais | Crítica

Filme da Marvel brilha com vilão Kang e dinâmica familiar, mas não abandona rótulo de “café com leite”

Gabriel Avila
Gabriel Avila
14.fev.23 às 14h00
Atualizado há mais de 1 ano
Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania é grandioso, mas seguro demais | Crítica

É fato que a Marvel nunca pareceu muito interessada no Homem-Formiga. Apesar de brilhar como coadjuvante em aventuras de equipe, os filmes solo de Scott Lang (Paul Rudd) sempre pareciam “café com leite” em comparação com os apocalípticos problemas enfrentados por outros heróis da casa. Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania chega para mudar essa regra propondo uma aventura grandiosa, mas que joga seguro demais para seu próprio bem.

O novo filme se passa após os eventos de Vingadores: Ultimato (2019), quando Homem-Formiga e Vespa (Evangeline Lilly) ajudaram a salvar o mundo. A vida de Scott vai bem, com afazeres que vão de escrever um livro, a tirar a filha Cassie (Kathryn Newton), agora adolescente, da cadeia. Isso até a família, que inclui os veteranos Hank Pym (Michael Douglas) e Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer), ser sugada para o Reino Quântico e cair nas mãos do maligno e misterioso Kang (Jonathan Majors).

Uma prova de que o MCU não estava tão interessado nos heróis diminutos está na demora em explorar o Reino Quântico, apresentado em Homem-Formiga (2015). Utilizado de forma superficial – e até vaga – em filmes anteriores, o local é a forma encontrada pelo roteirista Jeff Loveness e pelo diretor Peyton Reed para subir o nível da franquia em seu terceiro filme.

O local dá a Quantumania os ingredientes para que Homem-Formiga e Vespa finalmente sejam protagonistas de um evento digno de nota. Parte importante da história, a exploração das maravilhas e perigos desse local cria uma vida própria graças a um universo que destoa dos outros mundos dentro do MCU, como a Asgard de Thor ou o espaço dos Guardiões da Galáxia.

Nesse quesito, vale destacar o trabalho de artistas, designers e, especialmente, da equipe de computação gráfica do filme. O Reino Quântico tem uma identidade que mistura influências que vão de Van Gogh a Mad Max, passando até por organismos microscópicos da biologia terrestre. Referências que ganham vida graças a um CGI que escorrega às vezes, mas passa longe de fazer feio como algumas produções recentes do Marvel Studios.

Mais do que o visual, a principal adição do Reino Quântico está em seu morador mais ilustre: Kang. Prometido como o “novo Thanos” da Marvel nos cinemas ao literalmente batizar o quinto filme dos Vingadores, o personagem é um dos pontos altos da produção. Jonathan Majors aproveita cada minuto de sua chegada aos cinemas para tornar o Homem-Formiga maior.

De volta ao MCU após aparecer como uma versão alternativa de Kang na série Loki, o ator brilha com uma atuação que equilibra charme e ameaça. Uma tarefa difícil, já que o roteiro lança a sombra do vilão desde o início, tratando-o quase como uma lenda urbana de pura maldade. Quando entra em cena, Majors justifica tal temor com uma postura elegante e indiferente, que ganha novas dimensões quando deixa a fúria vazar por essa máscara de apatia.

É claro que Kang explica sua origem com toneladas de informações que serão revisitadas nos filmes e séries que chegarão no futuro, mas o roteiro é consciente ao aproveitar o personagem ao máximo hoje. Uma composição que foge das comparações com Thanos ao buscar outras influências, com destaque para Darth Vader – em um dos vários paralelos óbvios que Homem-Formiga 3 estabelece com Star Wars.

Quantumania constrói o vilão e o império (com o perdão do trocadilho) ao seu redor como a grande ameaça que finalmente poderia tirar Homem-Formiga e Vespa da categoria “café com leite”. O problema é que nem mesmo uma missão que envolve a morte de universos inteiros é o suficiente para que a produção deixe a zona de conforto.

Os obstáculos apresentados aos heróis são acompanhados por soluções quase instantâneas, como se tivesse medo de desafiar a audiência. Um temor que não faz sentido, considerando que este é o terceiro filme do Homem-Formiga – e 31º do MCU. A essa altura, o público sabe o que pode esperar de um filme da Marvel, e diminuir os riscos não é exatamente a forma de corresponder.

Se Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania deixa a desejar na missão de validar a franquia perante seu universo, o longa acerta ao ampliar a dinâmica de família heróica. A relação entre os personagens e a distribuição de seu tempo em tela mantém a história cativante até a conclusão.

O quinteto formado por Scott, Hope, Cassie, Hank e Janet é forçado a colocar a mão na massa, o que rende alguns dos melhores momentos da trilogia e apresenta novas facetas de figuras carimbadas. O grande exemplo é Janet Van Dyne, que age quase como uma guia do Reino Quântico e tem uma rivalidade com Kang que move adiante tanto a história, quanto o próprio vilão.

Com isso, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania chega ao fim com o misto de sensações. Longe de ser uma bomba, a produção é divertida e coloca heróis queridos para explorar um mundo novo cheio de possibilidades. Mesmo desperdiçando a chance de fechar a trilogia com o épico grandioso que seus protagonistas tanto anseiam, a produção é divertida o bastante para passar longe de figurar entre os pontos baixos do MCU.

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