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Glass Onion: Um Mistério Knives Out | Crítica
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Glass Onion: Um Mistério Knives Out | Crítica

Sequência de Entre Facas e Segredos tem trama regular, sem o charme e frescor do filme original

Pedro Siqueira
Pedro Siqueira
23.dez.22 às 09h00
Atualizado há mais de 2 anos
Glass Onion: Um Mistério Knives Out | Crítica

Três anos e uma despedida de James Bond depois, Daniel Craig está de volta na pele de Benoit Blanc. O excêntrico detetive particular é a estrela de Glass Onion: Um Mistério Knives Out, sequência do elogiado Entre Facas e Segredos (2019), em streaming na Netflix.

Subvertendo e parodiando clichês das clássicas histórias de “Quem matou?”, a trama de Rian Johnson segue a mesma estrutura básica que fez o sucesso do primeiro longa. Para bem e para mal. Afinal, se por um lado a jogada segura rende boas piadas e mais carisma de Craig como Blanc, do outro, o longa sofre com a constante impressão de experimentarmos algo requentado, já sem o mesmo frescor que cativou antes.

O roteiro coloca Blanc como um dos convidados de um tradicional retiro entre amigos do bilionário Miles Bron (Edward Norton). Desta vez, o ricaço leva o grupo a uma ilha particular, onde todos devem solucionar um assassinato de mentirinha bolado pelo próprio. A festa muda de rumo quando uma morte real acontece, e todos veem os próprios segredos e ambições ameaçados.

Assim como no primeiro filme, Rian Johnson reúne uma impressionante galeria de astros. Estão lá Kathryn Hahn como a política Claire, Leslie Odom Jr. como o cientista Lionel, Kate Hudson como a dondoca Birdie, Dave Bautista como o streamer Duke, e Jessica Henwick e Madelyn Cline como Peg e Whiskey, assistentes dos dois últimos. Janelle Monáe chega também como Andi, ex-parceira de negócios de Bron. Todos, claro, com diferentes motivos para quererem ver uns aos outros com adagas no peito.

Com o timaço à disposição e uma filmografia consistente nas costas (de Looper a Star Wars: Os Últimos Jedi), Johnson tinha tudo para entregar mais um longa memorável, mas falha ao apresentar uma trama desconjuntada e, pior, subaproveitar as estrelas em personagens tão genéricos, que é até difícil diferenciá-los sem os rostos famosos. À exceção de Norton e um nome que não será revelado por motivos de spoiler, todos representam, de uma forma ou outra, caricaturas de riquinhos fúteis e vazios. E acaba aí.

Se no primeiro filme tivemos nomes como Ana de Armas, Jamie Lee Curtis e Chris Evans construindo um mistério de fato intrigante, Glass Onion reduz suas estrelas a enfeites em segundo plano, brotando em situações quando o roteiro pede, e aumentando desnecessariamente a lista de suspeitos.

Em contrapartida, Daniel Craig aparece ainda mais à vontade como o jocoso Benoit Blanc, e brilha com as tiradas e as soluções estapafúrdias para os mais variados problemas. Mesmo por vezes escanteado pelo roteiro, o astro domina cada cena em que aparece, construindo um estilo próprio além da mera paródia dos Sherlock Holmes e Hercule Poirots da vida.

É desafiador falar da trama sem o risco de revelar detalhes importantes do mistério. Há um assassinato, há plot twists e há pelo menos a diversão de tentar solucionar o crime sentado no sofá. Se em um nível mais básico, isso garantir a sua diversão, a trama cumpre seu papel. Mas falta charme e ritmo, ainda mais se tratando de um filme de quase 2 horas e meia.

A única falha tentativa de inovação é a crítica social forte (pra não dizer outra palavra) e batida, dessa vez, como já dito, sobre milionários e a eterna sede de poder. Basta dizer que o Miles Bron de Norton sacaneou uma ex-colega e compra uma plataforma própria para a luta pela “liberdade de expressão” - semelhanças com o mundo real são meras coincidências.

No fim, Glass Onion é como a cebola de vidro do título. Cheio de camadas, mas que se tornam quebradiças uma vez que o centro da história está claro desde a primeira vez. Resta torcer para que Rian Johnson descasque um mistério melhor para as próximas aventuras.

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