Fallout 76 diverte com multiplayer e vasto mundo aberto; confira as primeiras impressões

Assim como muitos fãs, torci o nariz quando Fallout 76 foi anunciado. Sou apaixonado pelo mundo pós-apocalíptico da franquia e os títulos da série compõem alguns dos que mais joguei na vida, mas a ideia de ter um jogo multiplayer de sobrevivência me assustou um pouco. No fim, o quanto desta preocupação foi em vão?

Fomos convidados pela Bethesda e eu tive a oportunidade de ir à Virgínia Ocidental, nos EUA, onde o novo game se passa, para experimentar aproximadamente três horas do título. Isso me permitiu ter uma boa ideia do clima geral desta aventura, de como são as mecânicas e do que esperar ao sairmos do Vault 76. Diferente do que pensei no anúncio, minhas impressões iniciais foram bem positivas.

Familiar, mas diferente

Eu me senti em casa em relação à jogabilidade, que é basicamente idêntica à de Fallout 4, assim como muitas das mecânicas que você encontrará. Embora alguns sistemas sejam inéditos, outros foram modificados para se adaptarem ao elemento multiplayer.

Uma mecânica nova é a de Perks, que são as habilidades que seu personagem recebe quando evolui. Ao subir de nível, você escolhe um atributo do sistema S.P.E.C.I.A.L. para melhorar, como sempre, mas depois você pode selecionar uma carta de Perk baseada em um dos atributos. Cada carta tem um custo de pontos para ser equipada, mas é possível remanejá-las a qualquer momento, sem penalidade. Em certos níveis, você ainda receberá um pacote de Perks aleatórios, com chance de encontrar alguns mais poderosos.

O V.A.T.S., sistema que permite mirar em partes específicas, também tem diferenças significantes – para pior. Por ser um jogo multiplayer, ele não para ou diminui a velocidade do tempo, como nos outros títulos. Sendo em tempo real, a mecânica perde o sentido, ajudando apenas a selecionar o alvo em movimento quando está no meio de outros inimigos.

Fora estas mecânicas, tudo o que vi me pareceu bastante familiar, o que me permitiu entrar rapidamente na diversão. E foi muito melhor do que eu esperava.

Apocalipse com os amigos

O principal elemento de Fallout 76, claro, é o multiplayer, embora os desenvolvedores no evento afirmarem que é possível jogar a campanha inteira completamente sozinho. Para o teste, me juntei com dois colegas e um funcionário da Bethesda como guia, mas tínhamos a liberdade de ignorá-lo para fazer o que quiséssemos, a qualquer momento.

Nossa aventura, assim como será na versão final do jogo, começou no Vault 76, cujos habitantes têm a missão de reconstruir o país após a fatídica guerra nuclear que devastou o mundo, na história de Fallout. Assim que saímos do lugar e fomos para o exterior, as possibilidades começaram. Neste momento, há duas escolhas que podem ser feitas: seguir as missões principais ou vagar em qualquer direção que lhe parecer interessante.

Fazer uma aventura assimétrica, mesmo em grupo, é possível porque, a qualquer momento, você pode usar a opção de viagem rápida para se “teletransportar” instantaneamente para um de seus companheiros, e vice-versa. Para este teste, preferi tentar ter uma experiência equilibrada, em geral seguindo o guia, mas às vezes desviando meu caminho, e tive a oportunidade de conhecer diversos locais, inimigos e situações diferentes.

Isso me possibilitou colocar à prova minha maior preocupação: o embate contra outros jogadores. Eu tinha medo de que poderia ser frustrante encontrar pessoas que só querem “causar”, matando todo mundo, como muitas vezes acontece em títulos de sobrevivência. Mas, para a minha surpresa, o jogo tem medidas que desencorajam esta atitude.

Para começar, se não revidar ao ser atacado, você receberá dano reduzido. Caso morra, o atacante será marcado no mapa para todos os outros jogadores, que poderão caçá-lo por uma recompensa. Você não perde nada com isso e pode simplesmente reviver e continuar sua vida. No fim, um jogador que gosta de atrapalhar os outros me pareceu apenas um contratempo, não uma frustração, o que é ótimo.

Além disso, caso queira revidar, mesmo que o adversário humano seja de nível muito mais alto, os danos são equilibrados e você tem chance de derrotá-lo, mesmo com equipamentos mais fracos. Isso não é tão simples, claro, mas me pareceu longe de ser impossível.

Outra preocupação que eu tinha era que estes mesmos jogadores pudessem atrapalhar sua vida com os mísseis nucleares, que são disponibilizados para quem termina a campanha principal. Felizmente, você nunca será pego desprevenido, já que há uma contagem regressiva generosa para fugir e ainda é possível verificar o campo de explosão no mapa. O local acertado se torna uma área de alto nível, com inimigos poderosos e espólios raros, então a mecânica pode, na verdade, ser benéfica.

Com estes “problemas” fora do caminho, deu para ver que há muito o que fazer no jogo, seja construir sua base, explorar locais novos, participar de eventos públicos (parecidos com o que vemos em Destiny), completar missões principais e paralelas e mais.

Infelizmente, as três horas que joguei não foram o bastante para verificar por quanto tempo o título consegue ser divertido. É possível que, como acontece com outros games do gênero, as atividades eventualmente fiquem cansativas ou repetitivas, mas provavelmente só saberemos se este é o caso na versão final do produto. Apesar disso, o potencial está lá e gostei muito do que vi até o momento.

Vem, bomba!

Fiquei positivamente surpreso com o que Fallout 76 tem para oferecer. O que poderia facilmente ser um spin-off preguiçoso está se tornando algo próprio, adaptado para uma proposta diferente dos outros jogos da franquia, sem perder sua essência.

Algumas das minhas maiores preocupações em relação à interação forçada com outros jogadores foram aliviadas, mas ainda há muito para ver e descobrir. A verdade é que agora estou ansioso para jogar a versão definitiva do título e conferir que outras surpresas (boas, espero) estão escondidas lá.

Fallout 76 será lançado em 14 de novembro para PS4, Xbox One e PC.