Desenvolvido pelos estúdios Loomiarts e Fehorama Filmes, Esquadrão 51 contra os Discos Voadores é um space shooter brasileiro que, com ideias simples e criativas, entrega uma experiência curta e divertida.
O jogo é fortemente inspirado em filmes de ficção científica dos anos 1950, tanto na estética quanto na história e jogabilidade, o que resulta em um shoot 'em up com personalidade.
Uma odisseia no espaço
A história aborda a ideia maluca de que alienígenas encontraram a Terra e gostariam de viver com humanos em sociedade. A situação muda repentinamente quando o líder extraterrestre decide se meter em política para comandar o planeta do seu próprio jeito, com ações opressoras e até fake news.
Assim, surge um grupo chamado Esquadrão 51, que pretende servir de resistência contra os aliens e combater as naves espaciais com aviões de guerra. A protagonista é a Tenente Kaya, apelidada de Fox 3, uma das melhores pilotos do esquadrão.

A estética é toda em preto e branco e apresenta efeitos de filmes antigos, como riscos e um aspecto de imagem envelhecida. Isso se mantém durante todo o game, aparecendo até mesmo no menu principal. Algo interessante é que os efeitos visuais são usados até no gameplay, para sinalizar de qual direção da tela os inimigos estão vindo, por exemplo.
Esquadrão 51 é aquele clássico “jogo de navinha”, em que o objetivo é avançar por 11 fases, atirando em naves espaciais e desviando de projéteis inimigos. Os comandos são fáceis de aprender, mas é preciso dominá-los bem para avançar. A parte dura é que perder todas as vidas e morrer resulta no reinício da fase. No entanto, há checkpoints em momentos específicos que amenizam esse aspecto, não tornando a experiência punitiva.
Apesar de soar simples, o gameplay é desafiador e frenético. Muitos discos voadores aparecem a todo momento e com diferentes tamanhos e padrões de ataque, então é preciso estar atento e ser rápido para desviar de tudo. Além disso, colidir com detalhes nos cenários também pode causar danos (muitas vezes fatais).
A ambientação ainda muda conforme o jogador avança, criando algumas complicações extras. Há fases com tempestades, que tornam o visual mais poluído, montanhas nevadas, com bolas de neve que precisam ser desviadas, e até minas, que apresentam uma estrutura mais estreita e menos espaço para voar. Então tome cuidado, pois é muito fácil ser derrotado!

Kaya ainda pilota mais de um tipo de avião ao decorrer do jogo, e cada um tem seus prós e contras. O padrão, por exemplo, é um caça pequeno e rápido, cujo tamanho menor gera mais facilidade para escapar de projéteis. Já o Camélia, uma aeronave grande e parruda, é mais lento e causa muito mais dano com disparos múltiplos.
Também é possível equipar melhorias nos aviões, que são desbloqueadas ao pontuar nas fases. Assim, o jogador monta uma build com as armas e as vantagens que preferir, que vão desde poder diminuir o hitbox e equipar um lança-chamas na parte traseira até adicionar vidas extras e receber menos dano.
A parte interessante é que, mesmo se não passar de fase, você ainda acumula pontos e desbloqueia melhorias – o que é uma ajuda imensa para incentivar a superar um nível que esteja com dificuldade.
Por falar em pontos, é preciso ressaltar que é difícil conseguir pontuações altas no fim das fases, que são classificadas de uma a três estrelas. Muitas vezes me vi sorrindo ao finalizar um nível mais complicado, mas o sorriso se esvaiu em frustração em segundos ao ver apenas uma estrela olhando para mim na tela… Bem, o que importa é que passei, né?

A história é apresentada principalmente por cenas em FMV – ou seja, interpretadas com atores reais. As atuações são meio robóticas, mas confesso que, somando isso com a estética de sci-fi dos anos 1950, criou um tom pastelão ao game que funcionou comigo, uma ávida fã de filmes antigos e alternativos.
Afinal, estamos falando de alienígenas falando português, dinossauros gigantes (pois é!) e naves espaciais com visual clichê em uma paleta monocromática, uma combinação perfeita para admiradores do gênero.
Além disso, há diálogos no meio do tiroteio que são ligados à narrativa. Outros integrantes do esquadrão entram em contato com Kaya em vários momentos e conversam sobre o que está acontecendo e até avisam o que está por vir. No entanto, confesso que fiquei tão vidrada em escapar de projéteis e não morrer, que muitas vezes não consegui prestar atenção no que estavam dizendo – e perdi uma parte da história.

A trilha sonora acompanha a inspiração da estética e mistura músicas que remetem a uma ficção científica mais antiga e um aspecto militar, o que estabelece o tom do jogo e se encaixa bem na proposta da trama. Os efeitos sonoros acompanham o aspecto envelhecido do visual, com chiados característicos nas vozes dos atores e muitos “pew pew” para o tiroteio.
Esquadrão 51 conta ainda com dois níveis diferentes de dificuldade. O Modo Normal, que é o padrão, em que há checkpoints e melhorias ficam salvas ao desbloquear. E o Modo Resistência, que é ao estilo “morte súbita” – ou seja, uma experiência mais difícil, em que morrer resulta no reinício do jogo inteiro.
Há também opções de acessibilidade. Entre os recursos disponíveis, há vida infinita, disparo automático, diferentes cores para as legendas e textos descritivos para surdos e pessoas com dificuldade de audição.
Além disso, há opção para cooperativo. É possível jogar tudo sozinho ou com mais um amigo, o que deixa tudo ainda mais divertido e frenético.
Um space shooter brasileiro
Esquadrão 51 contra os Discos Voadores é um jogo tão único quanto o próprio título, entregando uma experiência carismática, que conquista o jogador pelo desafio e personalidade.
A duração da história, no entanto, é relativamente curta, com cerca de quatro horas de duração, mas que pode variar dependendo das habilidades de quem está com o controle em mãos.
No fim, o game consegue pegar um gênero que se estabeleceu há muito tempo na indústria e, de forma criativa, usar a inspiração em ficção científica para torná-lo obrigatório para todo fã dos amados "jogos de navinha".
Este review foi feito com uma cópia cedida pela WhisperGames.
Esquadrão 51 contra os Discos Voadores está disponível para PC.