Lucio Mauro Filho é um ator conhecido no curcuito de teatro e da televisão brasileiro. Além de A Grande Família, já passou por Zorra Total e por diversas peças. Durante a CCXP 2015, pudemos conversar um pouco com ele e saber mais sobre o trabalho de dublagem em Kung Fu Panda 3, no qual ele interpreta o protagonista.
Apesar da experiência, no entanto, a dublagem é um desafio diferente. Lucio comentou sobre a dificuldade de não poder usar expressão corporal em sua atuação e como compensar esse fato para interpretar o Po de Kung Fu Panda.
“É um desafio, por que eu trabalho muito com o corpo, né? No teatro, na televisão; mesmo na televisão que as pessoas pedem para o ator fazer uma coisa mais contida comigo não funciona, meu olho salta, minha boca é grande, meu braço é largo, então quando você vai dublar um personagem, é realmente um desafio para um ator como eu, que é conseguir colocar as minhas características e meu potencial tudo isso através da voz então pra mim foi um grande aprendizado. Eu contei com a Cris Berio [Cristina Berio], ela dirige todos os dubladores da animação no mundo, então ela veio me dirigir. Foi dirigir o Omar Chaparro no México, foi dirigir o dublador japonês no japão - ela fala nove línguas, é uma gênia -, o trabalho dela foi fundamental para eu me entender, como trazer essas potencialidades na voz, então eu fui descobrindo o meu jeito de representar através dessas figuras e agora no terceiro já estou mais à vontade. Mas eu dublando não sou um dublador paradinho no microfone não, eu luto, eu choro de verdade, eu rio de verdade, eu me jogo no chão. Nas lutas eu peço para ser separado por que eu quero berrar, eu quero gritar, mas é muito divertido, é um trabalho que eu adoro e fico muito orgulhoso de poder estar realizando a segunda continuação de um projeto vitorioso.”
Em três filmes, Po mudou bastante. Ele ainda tem os traços que apresentava no primeiro filme, mas certamente aspectos seus evoluíram. Ao dar voz a ele, também foi preciso considerar essas mudanças.
“O Po também foi amadurecendo, né? Aquele aprendiz, aquele maluco que nem imaginava que podia ser um dragão guerreiro e que no segundo já é o dragão guerreiro, então o salto para o segundo já uma coisa de maturidade. Eu queria mantê-lo doce, mas ao mesmo tempo com uma autoridade que ele não tinha no primeiro. Agora, no terceiro, eu acho que a ideia é manter a doçura do panda, trazer a emoção desse encontro com seu pai verdadeiro e ao mesmo tempo também colocar na voz dele uma característica de um bicho que já esta experimentado. Ele não se assusta mais com os vilões e a prova disso é que hoje em dia ele dá uma zoada. E se a pessoa para zoar ela tem que estar madura... então quer dizer, isso parece meio subjetivo. É subjetivo, e ai cabe a nós artistas descobrirmos o caminho.”
Apesar de descobrir parte das mudanças do personagem sozinho, Po era uma figura que já veio ao ator brasileiro pronta. Sendo assim, teria ele vontade de dublar um personagem que ajudasse a criar do zero?
“Eu tenho muito essa vontade, com certeza. É muito diferente quando o personagem já é construído em cima das características de um ator. Eu vejo muito o Jack Black no Po, foi uma dificuldade pra mim me enxergar nele, apesar da minha barriguinha e de ser peludo (risos). Hoje em dia eu já me enxergo totalmente nele, mas a experiência de fazer do zero é uma que quero viver com certeza. É, na epoca do Rio, do filme, eu cheguei a fazer um teste com o Carlos Saldanha, mas por causa de agenda maluca a coisa não foi para frente, mas minha hora vai chegar."