Jogos ao estilo roguelike e roguelite não são para todo mundo, uma vez que suas principais características, como a perda proposital de progresso, costumam atrair e afastar jogadores ao mesmo tempo. Com Endless Dungeon, não é diferente, mas há um diferencial curioso. Aqui, existe a intenção de entregar um cooperativo que reforça o aspecto desafiador desses gêneros, indo além da diversão.
Desenvolvido pelo estúdio francês Amplitude Studios, o game tem uma pegada tática e mistura elementos de dungeon crawler e tower defense com uma pitada de roguelite. Em palavras mais simples, a ideia é explorar masmorras enquanto derrota inimigos com mecânicas que envolvem criação de recursos, fortificação de torres e muita estratégia. A morte, no entanto, significa perder o progresso naquela área, sendo forçado a jogar do início novamente.
A convite da SEGA, testamos Endless Dungeon por quatro horas para entender melhor o que está por vir. Confesso que, para minha surpresa, as primeiras impressões são promissoras para jogadores que gostam de desafios em equipe.
Roguelite no espaço
Endless Dungeon é o quinto jogo da franquia Endless, sendo um derivado ambientado no mesmo universo de temática ficção científica. No entanto, a mistura de gêneros e elementos é inédita na série, o que o torna bem diferente dos títulos antecessores.

A história é simples e direta ao ponto. Você está preso em uma nave espacial com defeito e precisa escoltar um Cristal até o “núcleo” para consertá-la. Apesar de soar como uma tarefa fácil, chegar até lá significa enfrentar áreas cheias de criaturas extraterrestres que invadiram a espaçonave. Para isso, é preciso ser estratégico.
Há oito personagens jogáveis, e o cuidado que os desenvolvedores tiveram na criação do elenco impressiona. Cada um é único em sua própria maneira, com classe e habilidades diferentes, além de animações e frases de efeito exclusivas. Cartie, Shroon e Fasie são focados em suporte e cura; já Blaze, Zed e Vassoura oferecem mais dano. Por fim, Camarada e Bunker fazem o papel de tanques.
Todos têm uma habilidade passiva, ativa e suprema, mas que são tão diferentes na prática, que alternar entre eles abre uma possibilidade vasta no gameplay. Pessoalmente, me encantei com Blaze, um vaqueiro sem paciência (me identifiquei) que usa revólveres poderosos e dinamites. Mas foi Vassoura que se mostrou o mais útil em combate por ter habilidades que misturam dano e suporte, sendo o mais flexível entre eles.

As áreas dos mapas são geradas aleatoriamente a cada morte, então toda jogada exige diferentes estratégias. A ideia é avançar ao escoltar o Cristal para a área seguinte, enquanto instala torretas de variados tipos, saqueia baús em busca de outras armas e gerencia recursos entre hordas de inimigos — e, não poderia faltar, alguns chefões.
Morrer em Endless Dungeon não é o fim da linha, mas faz parte da experiência. Ser derrotado significa perder todo o progresso feito em uma área, mas ainda mantém alguns itens que servem como aprimoramentos no Salão (a base segura da nave), que ajudarão na próxima tentativa.
Com isso, a jogabilidade é repetitiva e punitiva por natureza, e o jogador precisa abraçar essas ideias. Mas o que realmente dá personalidade ao game é a cooperatividade.
Cooperatividade faz a experiência
A maioria dos jogos cooperativos apostam no fator diversão. Afinal, jogar com amigos no sofá naturalmente gera mais risadas. No entanto, Endless Dungeon quer desafiar o espírito de equipe dos jogadores antes de tudo.
O game pode ser zerado sozinho, mas oferece opção de co-op — tanto local quanto online — para até três jogadores. Mas, em poucos minutos, é perceptível como os desenvolvedores criaram o jogo para ser uma experiência coletiva.
Jogar com outras pessoas é algo que afeta totalmente a dinâmica da jogabilidade. Por misturar elementos táticos e de ação, pequenos detalhes como posicionamento e timing de habilidades são decisivos no combate.
Endless Dungeon é desafiador, então ter um companheiro que não é uma IA e pode pensar fora da caixinha faz toda a diferença.

Entre tiroteios contra extraterrestres e baús de tesouro, tive uma pequena preocupação com Endless Dungeon, no entanto. O jogo tem um ritmo relativamente lento, o que consequentemente gera sessões longas de partidas, algo que se torna cansativo em um gênero punitivo como roguelite.
Sem dúvidas me diverti ao explorar os cenários sombrios da espaçonave, mas percebi que faltava sentir uma motivação para continuar a jornada após morrer e voltar ao início novamente, dando a impressão de que o jogo seria melhor apreciado em poucas doses.
Mas, é claro, testei poucas horas e em partidas separadas, então tive apenas uma amostra da história que promete várias surpresas envolvendo os oito personagens. Resta saber se a versão final encontrará uma maneira de sustentar o ritmo até o fim.
Seja como for, estou pronta para ser desafiada nas masmorras de Endless Dungeon!
Endless Dungeon será lançado no dia 18 de maio para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e PC (via Steam).