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Elvis foca mais no evento midiático do que no homem | Crítica
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Elvis foca mais no evento midiático do que no homem | Crítica

Baz Luhrmann faz bom trabalho, mas se confunde com a história que quer contar

Camila Sousa
Camila Sousa
23.fev.23 às 15h44
Atualizado há mais de 1 ano
Elvis foca mais no evento midiático do que no homem | Crítica
(Elvis/Warner/Divulgação)

Ao falar o nome Elvis Presley, cada pessoa tem uma referência. Alguns lembram de calças boca de sino e Las Vegas, outros pensam no rebolado da juventude, e há aqueles que citam a famosa lenda urbana de “Elvis não morreu”. Entre tantas “personas”, há a dúvida sobre quem foi Elvis de verdade, o homem por trás da arte. Neste contexto, surge Elvis, filme de Baz Luhrmann que promete contar a história do Rei do Rock. Ou quase isso.

Com Austin Butler no papel principal, o filme lança um olhar sobre a vida e carreira de Elvis, desde a infância, até a trágica morte com apenas 42 anos. Mas há um detalhe importante: grande parte do filme é contada pelo ponto de vista do Coronel Tom Parker (Tom Hanks), controverso empresário de Elvis. O resultado da mistura é agridoce, uma vez que a produção mostra muito da figura midiática do artista e menos de quem ele era em sua vida pessoal.

Esse recorte fica claro logo nos primeiros minutos de filme, quando Parker é apresentado como o narrador da história. Daí em diante, tudo acontece de forma apressada, para mostrar o encontro entre Tom e Elvis e como o Coronel via o rapaz, chamando-o sempre de “meu garoto”, com tom condescendente. Não há como negar que essa foi uma escolha narrativa ousada de Baz Luhrmann. Infelizmente, colocar a figura dúbia do empresário como ponto central do filme torna Elvis um pouco mais do mesmo: uma visão de alguém sobre o Rei do Rock.

Apesar disso, há momentos em que o domínio do empresário é deixado de lado e Elvis Presley se sobressai. É o caso de uma poderosa cena de luto, que com certeza foi responsável pela indicação de Butler como Melhor Ator no Oscar 2023. Outro recorte interessante é a relação do astro com o jazz e músicas feitas pela comunidade negra na época. O fascínio do artista, mostrado como um tipo de “possessão divina”, nos ajuda a entender sua relação com a música e a fama.

Outros lados do músico, infelizmente, não ganham tantas camadas. É o caso do relacionamento entre Elvis e Priscilla (Olivia DeJonge), que tem momentos importantes, mas que podem ser contados em uma mão. Nunca é detalhado também como as músicas são compostas, ou como o Rei do Rock interagia com a banda para criar melodias. Ainda que as performances musicais sejam grandiosas, os bastidores dessa criação não ganham tempo de tela.

Enquanto isso, a vida polêmica de Parker tem mais destaque. O filme usa bastante de suas 2h e 39 minutos para mostrar como o Coronel tinha problemas a perder de vista e tomou conta da vida de Elvis, vendo no rapaz uma forma de alcançar o próprio sucesso. Como dito anteriormente, é uma escolha narrativa, mas que faz a produção perder a força em diversos momentos.

Ao chegar no auge e declínio da carreira de Elvis, Luhrmann parece se lembrar sobre quem o filme é, e dá mais espaço para Presley e sua performance. Isso impede que a produção termine em uma nota totalmente negativa, embora o resultado final tenha um tom amargo.

Elvis de Baz Luhrmann, assim como a residência do Rei do Rock em Las Vegas, é um grande espetáculo visual sobre Elvis Presley e sua arte. Porém, assim como aconteceu no passado, o principal artista da narrativa foi deixado de lado.

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