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Diablo IV combina o antigo e o novo em experiência macabra e viciante
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Diablo IV combina o antigo e o novo em experiência macabra e viciante

Mesmo em um momento tenso com a Blizzard, game conquista com tom sombrio, maior foco narrativo e jogabilidade frenética

Arthur Eloi
Arthur Eloi
08.dez.22 às 11h15
Atualizado há mais de 2 anos
Diablo IV combina o antigo e o novo em experiência macabra e viciante
Diablo IV/Blizzard Entertainment/Divulgação

É impossível pensar em Diablo sem pensar em polêmicas. O último título principal da saga, Diablo III (2012), teve um lançamento desastroso pela necessidade de constante conexão online. Já o derivado mobile Diablo Immortal despertou a ira dos jogadores por práticas de monetização lamentáveis, especialmente no fim do jogo. Além de tudo, ainda há inúmeros escândalos de assédio sexual e abuso de poder que permeiam a Activision Blizzard, estúdio que criou e desenvolve a franquia até hoje.

Cada fã lida com os problemas do jeito que bem entender, mas é certo que as expectativas para Diablo IV continuam altas. Após passar algumas horas com o jogo, dá para dizer que a questão de separar a obra de sua criação ficará ainda mais complexa: apesar de todos os problemas ao redor do game, não há como negar que jogá-lo é excelente.

O NerdBunker teve acesso a uma build de testes fechados, que permitiu criar um personagem, explorar o primeiro trecho do jogo e upar até o nível 25 - de um total de 100 níveis da versão final. A demonstração é apenas uma fração da obra final, mas mesmo assim já apresenta algo entre cinco e dez horas de jogo, um ótimo indicativo do tamanho massivo que o game terá. E o desejo de expandir é uma das principais forças por trás do título.

Novos horizontes

Diablo IV traz a franquia para o mundo aberto, e o resultado é excelente

Criar algo novo dentro de uma franquia clássica, idolatrada por muitos jogadores de PC mundo afora, é um desafio complexo. É preciso certo equilíbrio entre a novidade e os elementos tradicionais que consagraram a saga no passado. No caso de Diablo IV, a retomada nostálgica vem acompanhada de novas ideias, e isso cria algo muito intrigante.

Para se adequar às sensibilidades do jogador de RPG moderno, o game decide balançar a fórmula e criar uma experiência mais expansiva. Tudo se desenrola em mundo aberto, sem telas de loading, em que é possível tocar mais de uma missão por vez. Pode parecer mundano para os fãs de The Elder Scrolls ou The Witcher, mas é um novo patamar para Diablo, que sempre foi bem linear.

O mundo aberto se harmoniza perfeitamente com a jogabilidade isométrica da saga, e se aventurar sem rumo é tão satisfatório quanto explorar uma dungeon. Há atalhos, missões secundárias e eventos especiais pelo caminho, que ajudam a passar a sensação de realmente estar vagando por um mundo “vivo” - se é que é possível chamar assim uma terra putrefata, tomada por demônios, cultistas e criaturas.

Diablo IV terá cinco classes jogáveis no lançamento

Isso dá ainda mais personalidade para as cidades, que servem como centrais importantes para se recuperar, melhorar equipamentos ou vender as várias porcarias encostadas no inventário durante suas expedições. Depois de atravessar uma caverna cheia de aranhas dos mais variados tamanhos (mas todas muito maiores do que deveriam ser), ver as tochas e os guardas de uma pequena vila é de um alívio que transcende o videogame.

Para enfatizar a jornada no meio de toda a desgraça, outra das mudanças à fórmula é um maior foco na narrativa. É fato que a Blizzard sempre soube como fazer cinemáticas de arrepiar, mas agora há ainda mais momentos em que a perspectiva isométrica dá lugar à cenas com direção de câmera excelente, que sabe acentuar o tom sombrio do game. E, acredite, as coisas são bastante sombrias.

Assim na Terra como no inferno

Em homenagem aos jogos antigos, Diablo IV abraça um tom mais macabro e pesado

É aqui que a Blizzard aproveitou para honrar o passado da franquia. Dentre as várias controvérsias que recebeu, umas das reclamações mais válidas para Diablo III era sua mudança de tom e estética, que foi mais leve em relação aos antecessores. Na contramão, Diablo IV soa como o mais pesado de toda a saga.

A franquia sempre lidou com a eterna batalha do bem contra o mal, mas de um jeito épico, que enfatiza a grandiosidade das forças que disputam entre si. Um pouco disso se mantém no quarto game, mas a campanha dá mais foco às pessoas comuns em meio à desolação, histeria e ocultismo.

A demonstração abre com uma cutscene em que um grupo de mercenários parte em busca de algum tesouro em meio à uma caverna cheia de perigos. O tom aventuresco some quando logo é descoberto um altar nas trevas, pronto para receber um ritual. Uma figura enigmática, que mais parece um sacerdote infernal, derrama o sangue dos inocentes que faltava para consumar a invocação de Lilith, a filha do demônio Mefisto, o Senhor do Ódio.

Por si só, a descrição já parece saída de um conto de Clive Barker (Hellraiser), mas visualmente é genuinamente impressionante, com imagens fortes e imponentes dos demônios e do sangue. A abertura dá o gostinho de que tudo será um pouco mais horrível do que o esperado, e o resto do game não decepciona.

Ainda que a jogabilidade continue deliciosamente frenética, é possível sentir o peso de toda a desgraça deste mundo durante a jornada. Isso se manifesta nos cenários muito bem trabalhados e detalhes, ou então no texto que consegue ser sóbrio e místico sem soar cafona.

Em certo momento, por exemplo, o protagonista é resgatado de uma aldeia de cultistas satânicos por um monge chamado Lorath Nahr, cuja voz (no idioma original) é de ninguém menos que Ralph Ineson, um dos destaques do excelente A Bruxa (2015). Sua entrega grave e carregada de profecias, desgraças e lendas sobre demônios é de arrepiar, e ajuda a demonstrar o comprometimento do jogo em criar uma atmosfera realmente horrenda, que vai além da superficialidade estética.

Fique tranquilo: matar hordas de monstros e explorar calabouços segue muito satisfatório em Diablo IV

A jogabilidade também continua tão frenética como sempre. Ainda é altamente satisfatório enfrentar hordas de criaturas com habilidades de controle de multidões, como ataques em área. Na versão de testes, apenas três classes - Bárbaro, Mago e Renegado - estavam disponíveis, com duas adicionais (Drúida e Necromante) guardadas para o lançamento. Controlar uma guerreira bombada, destruindo esqueletos e monstros com porretes e espadas gigantes, foi tão satisfatório que o tempo pareceu passar mais rápido. Afinal, te fazer perder a noção das horas sempre foi a magia de Diablo.

Claro que Diablo IV ser ótimo não anula o histórico da Blizzard em nenhum quesito, seja nas práticas nos jogos ou nas lamentáveis questões trabalhistas com seus desenvolvedores. Ainda assim, a qualidade do game é digna de apreciação, e acerta em cheio no equilíbrio entre antigas sensibilidades e novas ideias.

Diablo IV chega 6 de junho de 2023, e será lançado para Xbox One, PlayStation 4, PC, Xbox Series X | S PlayStation 5. Com sorte, até lá a Blizzard pare de cometer atos questionáveis para podermos voltar a nos animar com o que promete ser um excelente jogo para os fãs, para os novatos e todos aqueles com um coração trevoso.

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