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Crítica | Rogue One: Uma História Star Wars
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Crítica | Rogue One: Uma História Star Wars

Uma rebelião construída no fanservice

Marina Val
Marina Val
14.dez.16 às 10h38
Atualizado há mais de 8 anos
Crítica | Rogue One: Uma História Star Wars

Todos nós, sendo nerds ou nem tanto assim, sabemos o que acontece quando a Aliança Rebelde consegue os planos da Estrela da Morte e Star Wars: Uma Nova Esperança começa, mas, como isso ocorre, é uma jornada por si só e uma história que merece ser contada.

Por ser um spin-off, a estrutura dos eventos de Rogue One: Uma História Star Wars é diferente de outros longas da franquia. Este é um verdadeiro filme de guerra, com perdas constantes, batalhas no solo e também nas estrelas, derrotas e conflitos morais que adicionam muito mais cores àqueles que são considerados os heróis.

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Lado da luz, mas nem tanto

Apesar de Star Wars sempre ter abordado o embate entre Império e Aliança (ou entre Primeira Ordem e Resistência), o lado dos mocinhos anteriormente foi retratado como algo bom e puro, sem que nenhum peso fosse dado às suas ações.

No novo longa, algumas atitudes terríveis que a Aliança Rebelde precisou tomar para conseguir ter alguma vantagem em seu objetivo de derrotar o Império saem das entrelinhas e ficam mais óbvias. No Episódio IV, por exemplo, a destruição da Estrela da Morte e o genocídio de milhares de soldados que estavam dentro dela não tem peso algum. Agora, os heróis parecem ter consciência que têm sangue de inocentes nas mãos.

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Para melhorar, o filme aborda que, mesmo dentro do grupo de rebeldes, existem várias vertentes, algumas mais radicais que as outras, e indivíduos que preferem explorar diferentes abordagens para um mesmo problema. Não há uma mente coletiva que faz com que todos imediatamente concordem em nome de um inimigo em comum. Isso ecoa muito melhor com o nosso mundo, no qual indivíduos com a mesma inclinação política podem não concordar sobre a melhor solução para um conflito. Assim, os heróis ganham mais facetas e se tornam muito mais interessantes, bem mais verossímeis em suas qualidades e defeitos.

Estes não são os heróis que você está procurando

Saw Gerrera (Forest Whitaker), é um dos exemplos disso. Ele exibe características físicas e emocionais de alguém que foi profundamente afetado por um inimigo sem escrúpulos e está pronto para revidar à altura, custe o que custar.

Cada membro do principal grupo de rebeldes tem sua própria ideia sobre o que deve ser feito, ainda que Jyn Erso (Felicity Jones) e Cassian Endor (Diego Luna) sejam claramente os líderes, com carisma e discursos revigorantes capazes de elevar o filme a algo melhor. Felicity, por sinal, consegue convencer como uma heroína cativante em uma jornada para encontrar o seu lugar no mundo.

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Entretanto, as diferentes abordagens para os personagens fazem com que outros membros do bando de desajustados acabem muitas vezes roubando a cena. A amizade de Chirrut Îmwe (Donnie Yen) e Baze Malbus (Wen Jiang), por exemplo, é deliciosa de se ver na tela e os atores fazem com que o público acredite que os dois companheiros estão juntos há muitas décadas, acostumados a aturarem com bom humor às peculiaridades do outro.

K-2SO (Alan Tudyk) também é um show à parte. Acometido por uma sinceridade fora do comum, o androide não hesita em falar a verdade, mesmo nos momentos mais sensíveis e impróprios para tal, e não se importa em agradar ninguém ou em obedecer comandos.

Perfeitamente imperfeitos

Em outros filmes da saga, desvios de caráter são leves e abordados como algo bom, como no caso de Han Solo, um picareta espacial relutante em fazer a coisa certa. Já em Rogue One: Uma História Star Wars, alguns membros do grupo assumem com todas as letras que já tomaram decisões morais e éticas condenáveis, mas assumem como parte de quem eles se tornaram e do que estão dispostos a fazer em nome de uma causa.

Essas características, combinadas com as cenas de ação e guerra muito mais intensas, fazem com que este seja um spin-off mais maduro que o resto da franquia e, certamente, focado em um público mais adulto que outros longas que não fazem parte da saga principal, como Caravana da Coragem.

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Além disso, a abordagem da Força nesse filme também é bem diferente da qual estamos acostumados. A trama mostra os vários níveis de crença nesse poder quase mágico que é capaz de influenciar aquele universo de diferentes maneiras e como isso pode motivar, ou não, alguém em sua jornada.

Enquanto os mocinhos ganham mais nuances, os ataques do Império se tornam mais brutais. A destruição é vista muito mais de perto do que já foi retratada, e surpreendentemente fica mais bela justamente por conta dessa visão mais pessoal. Não é algo que está acontecendo só em uma galáxia tão, tão distante, é algo que afeta locais que acabaram de ser visitados, que você conheceu a rotina e alguns dos seus habitantes.

Uma rebelião construída no fanservice

Em inúmeras cenas, é possível ver detalhes escondidos que fazem referência a outros longas da franquia, como bebidas de coloração incomum, brinquedos deixados por uma criança, citações estranhamente familiares ou personagens conhecidos.

Até a trilha sonora de Michael Giacchino traz memórias boas das músicas incríveis feitas por John Williams. É um detalhe que acrescenta muito à história e ao peso que determinados momentos têm na trama pois evoca nossa nostalgia e a importância daquele universo para cada um de nós.

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Alguns cameos, especialmente nos minutos finais, parecem ter sido feitos pensando mais no fanservice que na lógica de certas figuras estarem em um determinado local em alguns momentos, mas isso não estraga o filme.

Diferentemente das prequels, a sensação não é de que cada mínimo detalhe está conectado ou de que, por exemplo, o K-2SO teria sido construído por alguém que conhecemos (os roteiristas não repetiram esse erro). As homenagens estão ali apenas para fazer os fãs de longa data sorrirem em meio às tragédias. E os modelos dos atores que precisaram ser recriados digitalmente estão verdadeiramente impressionantes.

A direção acertou em cheio no tom do filme e no peso que a guerra entre Aliança e Império teve na vida de pessoas comuns. Mesmo as refilmagens não parecem em nenhum momento fora de lugar e so é possível notar que algo foi modificado por alguns detalhes do trailer que acabaram não aparecendo na versão final.

Rogue One: Uma História Star Wars é um filme que consegue trazer ideias novas para revigorar a franquia e que se arrisca em alguns momentos, ao dar novas nuances para as batalhas entre Aliança e Império, mas sem jamais esquecer suas origens. Ele é realmente uma história que faz parte do universo Star Wars, sem se contentar em seguir apenas uma receita de bolo.

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