A indústria de games se move de tendência em tendência, sempre se guiando pelo que é testado e comprovado. Até faz sentido, considerando o enorme custo de desenvolvimento, em uma área cada vez mais cara e competitiva. O problema é que nem toda franquia consegue se adaptar ao estilo do momento, como demonstra Crash Team Rumble.
O novo jogo pega os carismáticos personagens da saga Crash Bandicoot e os coloca para sair na porrada em combates de 4 vs. 4, com cada time disputando para juntar mais frutas primeiro. Vale tudo para vencer seus oponentes, como focar na coleta, atrapalhar a pontuação rival, ou então sair na mão mesmo.
Assimilar a dinâmica do jogo é bem fácil, o que é um grande acerto. Você sabe o que precisa ser feito mesmo se pular o tutorial. O design das arenas é minimalista e os controles são intuitivos, ainda que uma boa variedade de personagens executem diferentes funções.
Com um único objetivo na partida, não há pressão para performar papéis específicos. Você pode começar focado em juntar frutas e depois se dedicar a impedir que os inimigos pontuem. A graça é justamente ir se adaptando ao ritmo que cresce o placar e diminui o tempo.

A Toys For Bob, que se tornou veterana da série por auxiliar a Vicarious Visions na coletânea de remakes Crash Bandicoot N.Sane Trilogy, e depois desenvolver a sequência original Crash Bandicoot 4: It’s About Time, demonstra mais uma vez que tem domínio da franquia. Os cenários e personagens vibram com cor e carisma, e a jogabilidade é bastante satisfatória.
O estúdio acerta no exercício de traduzir as mecânicas de plataforma e a essência da saga para algo parecido com um MOBA. Crash Team Rumble é fácil de entender e rende partidas divertidas. A simplicidade é a maior força do game — e, pela forma que é conduzido, o maior desperdício.
O barato sai caro

Em comparação com qualquer outro título recorrente, seja um Valorant ou Fall Guys da vida, Crash Team Rumble não tem conteúdo e nem profundidade o bastante para incentivar que seja jogado por dias e dias — e isso não é um problema, exatamente. Seu estilo de jogo é perfeito para quem quer disputar algumas partidas, se divertir um pouco e seguir para outros games. Mas a simplicidade se torna problema quando há um preço tão salgado na etiqueta, e é natural que os fãs fiquem mais exigentes.
O jogo tem apenas um modo competitivo online. Não há componente single-player, e nem pode ser aproveitado em tela dividida. A progressão acontece por meio de uma infinidade de desafios necessários para desbloquear personagens e habilidades, e pelo Passe de Batalha, com itens de customização.
Tais conceitos não são inéditos, já que permeiam todo tipo de jogo gratuito, mas não há muito em Crash Team Rumble para te prender. O beta aberto já não passava segurança de que poderia funcionar como um jogo como serviço, e o lançamento final não faz nada para mudar essa percepção.

Crash Team Rumble não é ruim, mas suas qualidades são ofuscadas pelo formato ganancioso em que está sendo vendido. Parece o tipo de projeto que nunca foi pensado para ser comercializado individualmente, e há motivos para especular isso.
As telas de carregamentos trazem comentários divertidos dos desenvolvedores, e é possível ler em uma algo como: “A Toys For Bob nem se lembra se começou a desenvolver Crash 4 ou Crash Team Rumble primeiro”. É uma brincadeira amigável, claro, mas levanta a suspeita de que o projeto foi concebido como modo multiplayer de Crash 4, porém que acabou adiado para ser vendido como um produto novo. Tudo isso é só especulação, mas não seria surpreendente se a Activision Blizzard jogasse todo o potencial do projeto fora, em busca de tirar um troco adicional.
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Crash Team Rumble está disponível para Xbox One, PlayStation 4, PC, Xbox Series X | S e PlayStation 5, com crossplay entre todas as plataformas. A review foi feita com base na versão de Xbox Series X cedida pela distribuidora.