Não faz tanto assim que Dragon Ball Super chegou ao fim, mas a franquia Dragon Ball já ganhou uma nova animação. No dia 1º de julho, foi lançado, exclusivamente no Japão, a série Super Dragon Ball Heroes. O anime foi encomendado pela Bandai para ajudar na promoção do jogo de mesmo nome.
Em Super Dragon Ball Super (anime e jogo), vemos a união de diferentes dimensões, incluindo uma luta entre dois Gokus — e já nas formas mais poderosas do personagem.
Mas, afinal, qual a proposta do jogo? Por que assistir (ou não) à nova animação da franquia? Decidimos esclarecer um pouco as coisas ou, em outras palavras, responder à pergunta: de onde sai tanto fan service?
Universo dos jogos
Tudo começa oito anos atrás, em 2010, quando dois games baseados na franquia foram lançados. Vamos começar falando de Dragon Ball Heroes, um título de arcade, no qual os usuários jogam montando equipes ao colocar cartas especiais na máquina. Em 2016, quando já estava consagrado, o jogo foi atualizado com novas mecânicas e tecnologias, passando a ser chamado de Super Dragon Ball Heroes. Periodicamente, o jogo ganha novas cartas com diferentes características.

As cartas representam diferentes personagens, cada um com habilidades e técnicas próprias, e custam, em média, o equivalente a R$ 4. É possível consegui-las na própria máquina, estações de venda ou lojas, inclusive em pacotes. Durante as partidas, é necessário fazer combinações específicas de diferentes unidades para habilitar ataques especiais ou realizar movimentos com a carta em cima do painel para ativar poderes, como transformações e fusões.
Para jogar, além das cartas de personagens, é necessário ter uma carta especial, que é a "licença de herói". É nela que todas as suas informações ficam gravadas, embora seu uso seja limitado a 400 vezes. Ela é comprada por cerca de R$ 20 junto com sua carta de avatar, além de um código para que você possa administrar sua conta através do site oficial.

Nas partidas, os jogadores devem usar suas melhores cartas para combater diferentes inimigos e concluir missões, que têm histórias próprias. Alguns destes arcos de Heroes também foram adaptados para Nintendo 3DS ao longo dos anos, além de terem ganhado alguns mangás – tudo isso exclusivo do Japão, é claro.

Mas lembra que falei de dois jogos um pouco antes? Pois é, há outro título que também é importante citar aqui. Em 2010, Dragon Ball Online, um MMORPG, foi lançado na Coreia do Sul, mas foi um fracasso e acabou cancelado poucos anos depois, sendo lançado apenas em alguns países asiáticos. No entanto, ele introduziu uma história própria, que nos ajuda a entender Heroes um pouco melhor.
Em DBO foram introduzidos o conceito dos Time Breakers, que são os principais vilões deste universo, formado principalmente por Towa, irmã de Dabura, e Mira, um ser criado artificialmente com células dos maiores guerreiros de várias linhas temporais. A dupla viaja através do espaço-tempo para obter energia das grandes batalhas na história. Para combater os vilões e corrigir as linhas temporais, Chronoa, a Kaioshin do Tempo, montou o grupo conhecido como Time Patrol, liderado por Trunks.

O MMORPG não deu certo, mas essa acabou sendo a mesma base da história usada em diversos jogos, como Dragon Ball Xenoverse, Dragon Ball Z Dokkan Battle e, principalmente, Super Dragon Ball Heroes. Nestas realidades, absolutamente tudo o que já foi feito sobre a franquia é considerado canônico de alguma forma, seja Dragon Ball GT, os filmes ou até mesmo os jogos, como Dragon Ball FighterZ.
É importante destacar que a proposta do jogo é apenas se divertir. Todos esses personagens, transformações, poderes e lutas diferentes existem apenas para agradar aos jogadores e fãs, o que não é algo ruim. É só para curtir, sem ficar preso ao que é canônico ou não.
Goku, é você?
Um dos pontos mais confusos de Super Dragon Ball Heroes são os personagens que aparecem. Afinal, de qual linha temporal eles são? A resposta, do jeito mais simples, é: nenhuma. Trunks não é o mesmo que vimos em Dragon Ball Z, em GT ou em Super. O mesmo vale por Goku, que foi invocado por Chronoa a partir das memórias de Trunks.

Estes personagens conhecidos da franquia que atuam como Time Patrollers são popularmente conhecidos como "Goku: Xeno", "Trunks: Xeno" e assim por diante. Eles fazem parte de uma linha temporal própria e é por isso que devem ser considerados versões diferentes.
Esta é só uma das diferentes brincadeira no espaço-tempo que servem como desculpa para trazer diversos fan-services personagens antigos de volta com novos poderes e transformações, como é o caso de Bardock, capaz de virar Super Saiyajin 3 e 4, Broly como o Super Saiyajin 4 Lendário, Nappa Super Saiyajin 3, Gohan Super Saiyajin 4 e MUITOS outros.

Também é assim que acontecem algumas das fusões mais insanas de toda a franquia, como Gotenks adulto, Gohanks (Gohan e Trunks com a Dança da Fusão), Vegeks (Vegeta e Trunks com os Potara), entre outras, além de mostrar mais transformações para Vegetto e Gogeta, como Super Saiyajin 3.
Vale lembrar também que, apesar dos rostos familiares, a história é contada da perspectiva de Beat e Note, que são os principais avatares do jogador. Os dois são terráqueos que conseguem se transformar em Saiyajins e, claro, acessar todas as formas até o Blue.

Prision Planet
O novo anime promocional de Super Dragon Ball Heroes adapta o arco Prision Planet, um dos mais recentes do jogo. Nele, o vilão Fu (que é “filho” de Towa e Mira) une diversas realidades em busca de guerreiros poderosos para suas experiências. É assim que Goku: Xeno, capaz de virar Super Saiyajin 4, acaba encontrando o Goku de Super, que vira Super Saiyajin Blue, resultando na batalha dos sonhos entre as duas versões do protagonista.
Esta mesma saga apresenta algumas novidades. A mais importante é Kanba (ou Cumber), um Saiyajin maligno tão perigoso que é mantido em uma espécie de camisa de força. Seu poder é tão grande que, mesmo com o poder selado, ele é mais do que um páreo para Goku e Vegeta como Super Saiyajin Blue. A única alternativa da dupla é a fusão para Vegetto.

Mas o que significa para a franquia?
Super Dragon Ball Heroes não é canônico e nem tem a pretensão de ser relevante na criação de Toriyama. Respondendo de forma direta, é um grande fan service, sem preocupações com construções e narrativas mais profundas: basicamente, é realizar o sonho que o fã da franquia nem sabia que tinha: ver personagens de diferentes linhas de tempo, sagas, jogos, etc., todos misturados pelo única razão possível: lutar.
Já o jogo é mais um entre tantos outros que usam o nome da franquia e que, às vezes, nem ficamos sabendo por aqui. Tem uma mecânica e exige um equipamento específico que dificilmente seria incorporado à nossa cultura quando falamos de games. Se bem que seria incrível experimentar um pouco dessas batalhas sem noção (no melhor sentido)...
O primeiro episódio de Super Dragon Ball Heroes foi exibido em 1º de julho, enquanto o segundo capítulo está previsto para dia 16 do mesmo mês, no Japão.