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Call of Duty: Modern Warfare II (Multiplayer) | Review
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Call of Duty: Modern Warfare II (Multiplayer) | Review

Multijogador tenta desconstruir clichês da franquia com jogabilidade afinada e mudanças experimentais nos mapas e modos

Arthur Eloi
Arthur Eloi
08.nov.22 às 18h30
Atualizado há mais de 2 anos
Call of Duty: Modern Warfare II (Multiplayer) | Review
Call of Duty: Modern Warfare II (2022)/Infinity Ward/Divulgação

Uma semana após a excelente campanha single-player ter sido disponibilizada antecipadamente, o lançamento de Call of Duty: Modern Warfare II no final de outubro trouxe online os servidores para o modo multiplayer, o verdadeiro carro-chefe da franquia. Afinal, é aqui que os jogadores gastarão grande parte de suas horas com o game pelo próximo ano.

O multiplayer já havia deixado uma primeira impressão muito positiva como um beta bastante robusto, em que foi possível experimentar não só as mudanças na jogabilidade, como também os modos de jogo inéditos. O lançamento final não é muito diferente do que já havíamos experimentado antes, como a excelente jogabilidade cadenciada, só que agora é possível ver o quão longe vão as mudanças que a Infinity Ward fez à fórmula.

O game continua bastante intenso, mas é visível que há um esforço em combater a dominância de um meta-jogo, ou seja, daquelas combinações poderosas que passam a ser utilizadas por grande número de jogadores que tentam obter suas vantagens. Diferente de algo como Black Ops Cold War, a seleção de perks e habilidades ativas pesa menos, forçando o jogador a correr atrás de um bom desempenho através de seus reflexos, conhecimento de mapa e bom posicionamento.

Tiroteio cadenciado

Multiplayer de Modern Warfare II tenta mudar a dinamica de Call of Duty

Uma mudança de abordagem assim vem com decisões questionáveis e divisivas, sem dúvidas. O sistema de customização de armas, que foi uma novidade transformadora para o game antecessor de 2019 e para Warzone, agora é enfraquecido quando praticamente todo acessório traz mais contras dos que prós. Isso significa que equipar uma mira, um silenciador ou qualquer elemento assim pode acabar piorando levemente o seu desempenho ao invés de ajudar.

Um Call of Duty que tenta criar uma nova dinâmica de combate é muito bem-vindo. O sistema de perks como conhecemos foi originalmente introduzido em 2007, com Call of Duty 4: Modern Warfare, e se manteve presente sem grandes alterações até o recente Vanguard (2021), apenas se mesclando com as outras novidades introduzidas. Aqui, como o propósito é devolver protagonismo aos talentos e reflexos dos jogadores, os perks - assim como todos os demais sistemas - servem apenas como auxílios, mas não mais como muletas.

Na prática, a jogabilidade passa a valorizar mais a trocação honesta de tiros do que a utilização da build do momento, o que é algo positivo. O momento-a-momento continua tão intenso como sempre, com dano elevado e combates explosivos. É preciso atenção redobrada, especialmente quando o design dos mapas se torna mais experimental.

Ainda que a Infinity Ward não tenha se afastado de vez dos cenários de três vias, os mapas de Modern Warfare II são alguns dos mais complexos de toda a franquia. São ambientes que usam e abusam de atalhos e da verticalidade, o que resulta tanto em mais opções táticas, ou então pontos de choque entre os dois times que fogem do comum. Porém, assim como as mudanças nos sistemas, há prós e contras.

Nem todo experimento dá certo: Santa Sena Border Crossing já se tornou um dos mapas mais odiados de Modern Warfare II

Em modos guiados por objetivos, como Dominação ou Quartel General, essa nova pegada brilha, já que permite estratégias mais aprofundadas para defender e invadir pontos de interesse. Em cenários como Zarqwa Hydroelectric é até possível encontrar um sistema de cavernas subaquáticas, que permite rápida locomoção por todo o mapa. Embassy, por sua vez, mescla perfeitamente linhas retas para atiradores de sniper, salas e corredores apertados para os mais ousados, e também vários prédios de dois andares.

A experimentação, claro, não é sempre certeira. Santa Sena Border Crossing, que é essencialmente duas linhas retas repletas de carros na fronteira do México com os EUA, tem tudo para se tornar um dos mapas mais odiados de Call of Duty, ao ponto de que os jogadores desistem de jogá-lo ainda no lobby. Já Taraq decepciona por não ter nenhum tipo de lógica clara, apenas uma bagunça de prédios demolidos e escombros que resulta em partidas frustrantes e caóticas.

Ainda sim, os erros e acertos se alinham sob um único objetivo: balançar a fórmula da franquia sem abrir mão da essência. Modern Warfare II tira isso de letra, e resgata uma jogabilidade mais pura da saga ao mesmo tempo que tenta desconstruir seus próprios clichês.

No campo de batalha

Modern Warfare II tem modos inspirados por Battlefield, Rainbow Six e Halo, mas pouco chamativos (ainda que divertidos)

Os modos de jogo também representam esse desejo de mudança. Além dos tradicionais Mata-Mata em Equipe, Contra Todos e Dominação, há algumas novidades como Guerra Terrestre, que traz lutas para 64 jogadores. As partidas são especialmente caóticas, mas nem sempre de um jeito positivo. A ideia é boa, e é ótimo poder controlar veículos e explorar mapas gigantes, mas um sistema precário de respawn e o uso excessivo de killstreaks tornam tudo um pouco frustrante.

O modo soa como uma forma de Call of Duty se aproveitar do vácuo deixado pelo fracasso de Battlefield, seu principal rival, e até se mostra funcional e ocasionalmente divertido. Mas a saga da DICE não é a única que ganha “homenagem”, com modos que também brincam com elementos tradicionais de Rainbow Six e também de Halo.

Ainda que todos tenham seus momentos, nenhum deles é tão chamativo como Tiroteio (que, por sinal, ainda não está disponível em Modern Warfare II), que foi apresentado em 2019 e já se tornou um queridinho dos fãs. O motivo é justamente porque nenhum deles parece ter qualquer esforço por trás, soando apenas como protótipos rápidos - divertidos, sim, mas sem sustância.

O modo cooperativo é outro exemplo disso. Quando anunciado, trouxe à mente as excelentes Special Ops de Modern Warfare 2 (2009), com missões cooperativas desafiadoras para serem enfrentadas em dupla. O novo game tenta emular isso, mas sequer coloca muita vontade, entregando apenas três missões rápidas para serem vencidas.

Mesmo com Call of Duty concentrando cada vez mais estúdios de apoio a cada edição anual, fica claro que o multiplayer é uma criatura faminta, que come grande parte da atenção e dedicação dos desenvolvedores. Modern Warfare II demonstra essa força na excelente jogabilidade, que já se tornou uma das melhores da série, mas que se desenrola em mapas e modos experimentais.

Para quem acompanha há décadas, é um alívio ver a franquia tentando trazer novos ares, mesmo quando não acerta. Da mesma forma, há quem não tenha paciência para as mudanças no ritmo, no design dos cenários ou na falta de modos inéditos de peso. Não dá para agradar a todos, e pelo menos o game conquista por se mostrar comprometido com sua nova visão.

Call of Duty: Modern Warfare II está disponível para Xbox One, PlayStation 4, PC, Xbox Series X | S e PlayStation 5. A review foi feita com base na versão de Xbox Series X, com key enviada pela Activision Blizzard.

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