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Adão Negro | Crítica
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Adão Negro | Crítica

Filme não é o salvador da DC nos cinemas, mas diverte com ação honesta e imponente

Gabriel Avila
Gabriel Avila
18.out.22 às 18h40
Atualizado há mais de 1 ano
Adão Negro | Crítica

Há uma famosa a história nos bastidores da cultura pop, de que o Adão Negro seria, originalmente, o vilão de Shazam! (2019) antes de ser alçado a protagonista de um filme próprio. Esse episódio serve para ilustrar tanto o crescimento da popularidade de Dwayne Johnson, quanto o colapso do Universo DC nos cinemas. Quinze anos após ser escalado para o papel, The Rock se torna figura central de uma produção que busca fazer as pazes com o passado e apontar um futuro esperançoso para a franquia.

Adão Negro conta a história do personagem título, que retorna após milênios desaparecido. Escravo que ganhou poderes mágicos na era antiga do fictício país Kahndaq, seu potencial de destruição chama a atenção da Sociedade da Justiça, um grupo de heróis que assume a missão de impedir que o vigilante se torne uma ameaça.

Ao fim da exibição, é curioso notar como o longa tenta conciliar diferentes elementos do Universo DC dos cinemas. É como se tentasse agradar, de uma só vez, quem se encantou com o drama de época de Mulher-Maravilha (2017), os apreciadores dos heróis moralmente ambíguos de Zack Snyder e até quem se agradou com a reflexão sobre a postura dos EUA – e seus super-heróis – mediante a conflitos externos, mostrada em O Esquadrão Suicida (2021).

Ambiciosa, essa colagem é feita sob o filtro de “filme do The Rock”, a típica aventura centrada no carisma do ator. Por um lado, essa é a forma que a produção encontra para destoar do que é feito no gênero de super-heróis, ao ponto de curiosamente ter semelhanças tanto com 300 (2006), quanto com a saga Velozes & Furiosos. Por outro, joga fora qualquer pretensão de profundidade em favor de uma história voltada quase exclusivamente à ação.

Não é exagero dizer que é na pancadaria que Adão Negro se encontra. A direção de Jaume Collet-Serra (Jungle Cruise) propõe combates grandiosos que realmente parecem saídos das páginas dos quadrinhos. Unido à fotografia de Lawrence Sher (Coringa), o cineasta brilha ao tornar os conflitos plasticamente belos e empolgantes, que dão aos personagens, não tão familiares ao grande público, a chance de brilhar.

É uma pena que o cuidado tomado com a ação não seja o mesmo dedicado a outros aspectos da produção. Escrito por Adam Sztykiel (Rampage: Destruição Total) em parceria com Rory Haines e Sohrab Noshirvani (O Mauritano), o roteiro aposta em uma combinação de clichês que tornam a história previsível, e em um humor que muitas vezes soa deslocado ao interromper momentos graves ou emocionantes.

A frustração aumenta graças à má execução de boas ideias que o trio apresenta para trazer uma profundidade que o filme não tem. Como exemplo é possível citar todo o conflito em torno da participação da Sociedade da Justiça na história, que busca usar o antigo paralelo entre o fictício Kandahq e o Iraque do mundo real para fazer uma crítica às políticas intervencionistas dos EUA.

Concretizado de forma simplória, esse debate enfraquece o tema, refletido na truncada dinâmica dos personagens, que acabam repetindo interações redundantes durante boa porção da história. No fim, resta um gosto agridoce, já que a produção mostra coragem em colocar o dedo na ferida, mas não atinge o potencial completamente.

Outro calcanhar de aquiles de Adão Negro é a incapacidade de provocar emoção na audiência. É um problema causado em partes pela condução, que se esforça para que cada pequeno momento tenha uma aura épica que, por vezes, não soa nada natural. Uma questão que sequer seria um problema se a própria produção não apostasse tanto em momentos dramáticos que nunca ganham a devida atenção na pressa de estabelecer o próximo embate.

Sendo justo, isso mostra na prática como o verdadeiro compromisso do longa está com a diversão. Embora isso não dê carta branca para suas constantes escorregadas, é fato que a produção está interessada mesmo em recompensar a audiência que busca entretenimento em um filme pipoca carregado por personagens cativantes e lutas grandiosas.

Adão Negro recusa o título de salvador do DCEU, mas promove uma celebração a esse universo. É um blockbuster carregado pelo carisma de Dwayne Johnson, que surge confortável em uma história exatamente do tipo que se acostumou a contar ao longo da carreira. Se isso basta para fazer a produção decolar, cabe aos fãs. Porém, considerando a bagunça que esse universo se torna a cada tempos, talvez duas horas de porradaria rasa e desenfreada talvez não seja o pior dos mundos.

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