Adam Driver está vivendo um dos melhores momentos de sua carreira até então: só em 2019, o ator foi indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por sua atuação em Infiltrados na Klan e estrelou grandes filmes, como O Relatório, História De Um Casamento e Star Wars: A Ascensão Skywalker.
Ainda neste ano, Driver concorreu um prêmio Tony e recebeu ótimas críticas por sua performance no espetáculo Burn This, da Broadway.
Seu trabalho recebe diversas críticas positivas, incluindo Martin Scorsese, que dirigiu Driver em Silêncio e chegou a chamá-lo de "um dos melhores, senão o melhor [ator] de sua geração", segundo a Vulture.
Mas, a vida pessoal de Adam Driver é algo muito reservado. O ator não tem redes sociais e pouco da sua intimidade acaba sendo exposto. Em um TED Talk e em recente entrevista à Rolling Stone EUA, porém, ele resolveu contar um pouco mais de sua história.
Nascido em Mishawaka, Indiana, ele se considera um "ator de Nova York", mas não foi sempre assim. Driver serviu ao exército dos Estados Unidos logo depois dos ataques de 11 de setembro de 2001 e, segundo ele, foi pelo "sentimento de quase todo o país naquele momento, de patriotismo e retribuição, o desejo de fazer alguma coisa". Driver brinca que uniu este ímpeto com o fato de ter 17 anos, recém-formado no colegial, não fazendo nada de sua vida e morando em um quarto no fundo da casa de seus pais.

Porém, sua carreira militar durou pouco. Com o tempo, Driver não acreditava mais nos motivos que o fizeram entrar para o exército e, faltando meses para ir ao Iraque, deslocou o esterno em um acidente de bicicleta e teve que ficar afastado, o que deixou o ator muito frustrado.
Então, ele resolveu ir para Nova York e tentar a vida como ator, o que já havia tentado antes, mas falhado: Driver tinha feito uma audição para a escola Julliard, aos 17 anos. Ao ver sua vida sem nenhuma perspectiva, resolveu tentar mais uma vez e foi aceito.
Driver teve que superar o fato de não ser mais um militar e começar a se preocupar com problemas enfrentados por civis. Ele diz que era difícil assistir às aulas de preparação vocal ou fazer exercícios de teatro quando sabia que seus amigos do exército estavam combatendo em algum lugar.
O ator justifica a escolha pela atuação por ter, assim, achado um propósito para a vida. Driver diz que, quando estava no serviço militar, tudo tinha um motivo, assim como interpretar um personagem. Para ele, há um motivo para não fumar em um campo de batalha (para não ser descoberto pelo inimigo), da mesma maneira que há um motivo para andar de tal maneira ou falar alguma frase quando se está interpretando.
Trabalhar com mais pessoas, depender de um grupo e acreditar no trabalho de alguém superior também foram ensinamentos da época de soldado que ele levou para a vida de ator:
Minha experiência no exército valeu bastante pelas relações que formei, a camaradagem, a ética e o trabalho em equipe. Tem alguém comandado que sabe o que está fazendo – o diretor – e quando eles sabem o que estão fazendo torna o que você está fazendo empolgante e importante; quando eles não sabem, parece uma perda de tempo e recursos. Então, trabalhar em equipe... Foi o que eu mais aprendi na minha experiência como militar.
Quando a fama chegou

Adam Driver começou então a sua vida como ator e ganhou fama quando viveu Adam Sackler no seriado Girls, da HBO. O personagem era o típico namorado ruim, com tendência a forçar limites sexuais e evitar o compromisso, porém, Driver foi tão bem em seu trabalho que acabou transformando o personagem em alguém muito mais interessante do que era inicialmente na série, o que abriu portas.
Sua atuação, quase sempre contida mas de grande presença, fez com o ator ganhasse cada vez mais notoriedade, até que foi chamado para viver o vilão Kylo Ren em Star Wars: O Despertar da Força, de 2015.
De lá para cá, ele teve cada vez mais papéis importantes e protagonismo. Com História de um Casamento e Infiltrados na Klan, ele mostrou que pode muito bem estar em filmes de todos os gêneros e transita muito bem entre o drama e a comédia.

Kylo Ren
O ator diz ainda não saber lidar com a fama que alcançou, mas brinca que gosta quando uma das crianças de seu bairro diz: "Bom dia, Kylo Ren". O personagem deve se tornar o mais marcante da vida de Driver e ator parece saber bem disso: ele levou para casa uma versão completa do figurino e a deixa exposta em sua sala. "Vou vestir e sair andando por aí na vizinhança", brinca.
O convite para viver o personagem aconteceu enquanto Driver ainda estava gravando Girls: ele foi chamado para se encontrar com J.J. Abrams, diretor de Despertar da Força. O ator sempre foi fã da saga Star Wars e, devido a fama de muito sério pelo público, teve dúvidas sobre aceitar viver Kylo Ren, mas logo concordou.
Em entrevista ao Movies Ireland, Driver explicou como o seu tempo no exército ajudou a criar o personagem:
Há algo obviamente militar em Kylo Ren que faz sentido. Como ele responde às coisas é fisicamente mais rápido que a maioria [das pessoas], porque ele está no limite e em guerra.
Outros atores do elenco de Star Wars falam bastante sobre como Adam Driver se mantém extremamente focado durante. John Boyega brincou com a postura do colega ao dizer: "Acredito que quando ele estava no set como Kylo Ren, o lado sombrio da força capturava ele às vezes".
Talvez a sua história como o vilão tenha chegado ao final em Star Wars: A Ascensão Skywalker, mas com certeza este é apenas o começo da carreira do ator que tem grandes chances de concorrer ao Oscar novamente, desta vez pelo seu trabalho em História De Um Casamento, e já está nos indicados do SAG Awards e Globo de Ouro.