A Netflix está expandindo suas produções para outros países além dos EUA, e o Brasil foi um dos locais escolhidos pela empresa para investir na produção de conteúdo.
Um dos títulos feitos por aqui é Sintonia, uma série que conta a história de três jovens da periferia de São Paulo que estão em busca de realizar seus sonhos — ou, ao menos, de sobreviver. Doni tem uma vida tranquila e sonha em ser MC, enquanto Rita vende produtos na rua e Nando se envolve cada vez mais com o crime organizado. Apesar de seus objetivos e estilo de vida diferentes, o trio partilha de uma amizade que vem da infância e encontram apoio uns nos outros ao longo dos episódios.
A série foi idealizada por Konrad Dantas, mais conhecido pelo nome KondZilla, produtor musical que conquistou uma legião de fãs por seus clipes, que somam milhões de vídeos no YouTube.
Durante uma mesa redonda com outros jornalistas, KondZilla nos contou que a inspiração para escrever a trama veio da comunidade em que cresceu. Ele disse que sempre observava as pessoas da comunidade e queria contar a história delas de alguma forma. No começo, pensava em um curta-metragem, que se transformou em um projeto de longa e, depois, de minissérie. Foi então que Rita Moraes, a produtora, ouviu suas ideias e chegou ao formato que temos hoje: uma série com potencial para múltiplas temporadas.
Para isso, porém, era necessário encontrar um elenco que estivesse em sintonia, e, depois de um casting que durou vários dias, o MC Jottapê e o ator Christian Malheiros foram selecionados para interpretarem os protagonistas. A atriz Bruna Mascarenhas, uma carioca recém-chegada em São Paulo, foi escalada apenas duas semanas antes das gravações e teve um desafio ainda maior por conta de seu sotaque, mas com a ajuda dos outros dois, conseguiu se adaptar e tornou-se a Rita que vemos na produção.
O trio contou que já passou por muitas situações parecidas com a que seus personagens passam durante a série, e se identificam com aspectos como determinação e responsabilidade emocional de seus personagens. Malheiros ressaltou que, ainda que a trama não seja uma adaptação de uma história real, os personagens são muito reais:
A gente se concentrou em buscar o que precisava para contar essa história. Não só pra contar, mas pra ser aquelas pessoas, porque é a vida real. Então, se a gente na rua agora, vamos encontrar algum desses personagens. Todo mundo tem um sonho.
E foi justamente o sonho de KondZilla de compartilhar suas experiências e observações que começou a Sintonia. Retratando uma comunidade diferente da que estamos acostumados a ver representada na mídia, a Netflix viu no projeto uma chance de cativar as periferias ao redor do mundo.
A produtora Rita Moraes comentou que a comunidade do bairro do Jaguaré foi uma parte crucial das filmagens, que foram feitas inteiramente em locações externas:
A gente foi muito bem recebido. Teve um acolhimento. A gente monta um circo, entra com gerador, com caminhão, travando a rua... Eles foram muito acolhedores mesmo, a comunidade tava toda na rua ali junto com a gente.
KondZilla também falou que o processo de criar um videoclipe é muito parecido com o de criar a série, mas que a principal diferença está na hora de acompanhar tudo:
A única diferença é que como no videoclipe o projeto é muito curto, é mais fácil de ficar atento a todos os processos. Nossa série tem um processo muito longo, as vezes se você faz um pedido, documenta alguma coisa e você quer muito aquilo ali, é preciso ficar checando ao longo do processo.
KondZilla é reconhecido no mundo todo — seu canal do YouTube é um dos maiores da plataforma com mais de 50 milhões de inscritos — e Sintonia prova que esse sucesso não é a toa. A Netflix aposta na série em sua nova leva de produções originais feitas no Brasil, que já teve 3% e O Mecanismo, e ainda tem mais por vir.
A primeira temporada de Sintonia já está disponível na Netflix.