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Black Mirror - Quarta Temporada | Crítica
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Black Mirror - Quarta Temporada | Crítica

Episódios ligeiramente mais leves, perfeitos para um público que quer maratonar

Marina Val
Marina Val
29.dez.17 às 11h33
Atualizado há mais de 1 ano
Black Mirror - Quarta Temporada | Crítica

A quarta temporada de Black Mirror segue uma tendência que já vimos na temporada anterior: são episódios ligeiramente mais leves, perfeitos para um público que quer maratonar, sem ter que lidar com o peso de momentos que reviram o estômago. Então, embora a essência de Black Mirror ainda esteja ali, não espere por reviravoltas que dão um soco na cara do espectador, como White Bear e White Christmas.

Algo que fica bem claro logo nos primeiros episódios é que a série já não tem tanto a dizer sobre a nossa relação com tecnologia. Em vários momentos, ela soa como a visão de uma geração anterior julgando as novidades que estão surgindo com um olhar que beira o desdém de quem não consegue acompanhar o mundo atual, e não um alerta, como acontecia antes.

A novidade fica por conta da coesão maior entre as tecnologias apresentadas, de modo que você sente que tudo faz parte do mesmo mundo, embora em períodos diferentes, quase como se em um capítulo você estivesse vendo um modelo mais arcaico e no seguinte, uma versão mais moderna de um mesmo smartphone.

Além disso, os novos episódios são cheios de autorreferências que são colocadas em pequenos easter eggs de alguns segundos, como cartões postais nos cenários ou uma revista que alguém está folheando, e também em citações diretas nas conversas entre os personagens.

Infelizmente, justamente nessa tentativa de unificar o mundo, Black Mirror acaba usando temas similares e repetindo ideias, especialmente as relacionadas à consciência digital, o que torna as histórias que estão sendo contadas muito mais previsíveis do que em qualquer uma das temporadas anteriores.

A ordem dos capítulos abaixo foi divulgada pelo próprio Charlie Brooker, o criador e principal roteirista da série, mas nada é perdido se você escolher a sua própria sequência. A única ressalva é Black Museum, que traz referências a episódios passados e é melhor deixar para o final para evitar leves spoilers.

USS Callister

Apesar de alguns momentos que resolvem tudo de maneira um pouco conveniente demais, esse talvez seja o melhor episódio da temporada, tratando sobre o estereótipo das pessoas que possuem uma faceta no mundo real e uma completamente diferente (e possivelmente horrível) no mundo virtual. Ele tem uma temática inspirada por Star Trek e o foco é em um personagem frustrado por não ter a sua genialidade sempre reconhecida e recompensada por todos à sua volta e totalmente incapaz de sair de sua zona de conforto. Ele não percebe as oportunidades que aparecem e culpa os outros por suas derrotas. Por mais que seja uma situação comum no nosso mundo pessoas assediadas e perseguidas por indivíduos exatamente assim, aqui temos uma versão ainda mais exagerada da realidade, coisa que a série faz de melhor. É um capítulo “Black Mirror raiz” que relembra que o problema nunca foi a tecnologia propriamente e sim o uso que fazemos dela.

ArkAngel

Quando a superproteção parental começa a entrar em conflito com questões éticas e os pais podem evitar com que os filhos experimentem qualquer coisa negativa, seja um filme violento ou o sangramento em um pequeno corte, isso vira uma história “tão Black Mirror”. A direção de Jodie Foster e o foco no relacionamento conturbado entre mãe e filha conseguem fazer com que o espectador se importe com os personagens, apesar de não precisar de muito esforço para saber para onde a história vai levar.

Crocodile

Essa é uma temática que já vimos em outros episódios: quão longe alguém iria para proteger a própria reputação e evitar que alguns eventos do passado venham à tona. As ações da protagonista crescem exponencialmente na tentativa de chocar o espectador, porém a tensão não está lá pois é fácil ver o caminho que a trama vai seguir. A conclusão tem alguns poucos elementos inesperados, mas não o suficiente para salvar o episódio de ser um dos mais fracos dessa temporada.

Hang the DJ

Uma trama com ares de comédia romântica que tenta pegar carona no sucesso de San Junipero. Entretanto, sem personagens com grande profundidade emocional, ela acaba se tornando um olhar vazio, apesar de otimista, para a maneira com a qual as pessoas se conhecem e se relacionam nos dias de hoje.

Metalhead

Provavelmente o mais impactante visualmente por ser filmado em preto e branco, Metalhead explora ideias similares a White Bear, no qual a protagonista está sempre fugindo, e informa o espectador apenas o mínimo necessário para entender o que está acontecendo. Entretanto, não transmite a mesma angústia por transformar a tecnologia em um inimigo literal, com momentos que poderiam ter saído de um Exterminador do Futuro, e um final clichê que fica muito aquém do que esperamos para a própria série.

Black Museum

O próprio nome do episódio dá a dica: se trata de um museu de instrumentos com histórias macabras relacionadas à tecnologia e também à própria série na forma de easter eggs. O local funciona basicamente como um museu de verdade e apresenta ferramentas que, em sua época, foram revolucionárias, inovadoras, mas todas tem um porém. O capítulo segue uma linha que homenageia séries como Contos da Cripta, com uma moldura e um narrador que está ligado às histórias. Todas são curtas, que não funcionariam sozinhas em episódios individuais, mas que se conectam de maneira intrigante e concluem a temporada com um momento catártico extremamente satisfatório.


A quarta temporada de Black Mirror já está disponível na Netflix.

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