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Review | The Legend of Zelda: Breath of the Wild
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Review | The Legend of Zelda: Breath of the Wild

Título é exemplo de qualidade, com novidades bem-vindas para a franquia e para o gênero de mundo aberto

Jefferson Sato
Jefferson Sato
13.mar.17 às 18h50
Atualizado há cerca de 8 anos
Review | The Legend of Zelda: Breath of the Wild

Sou um grande fã da franquia The Legend of Zelda e, como tal, há vários anos tenho me decepcionado com os jogos da série. Não por serem ruins – muito longe disso – mas por terem se limitado sempre às mesmas experiências e caído nas mesmas armadilhas que outros games da indústria têm tido há muito tempo.

O jogo original, de 1986, quebrou paradigmas na época, trazendo diversas novidades para o mercado. Nele, você era colocado em um mundo totalmente aberto, sem um caminho certo. Bastava escolher um lado e começar a explorar. Sem tutorial, sem roteiros pré-definidos. Apenas você, sua curiosidade e sua coragem.

O primeiro jogo é um dos meus preferidos da série, então naturalmente fiquei interessado quando The Legend of Zelda: Breath of the Wild foi anunciado, já que a Nintendo prometeu retornar às origens da franquia ao mesmo tempo que quebraria suas amarras estabelecidas desde A Link to The Past.

Propor é fácil, mas fugir de padrões de game design estabelecidos há mais de 20 anos na franquia e até mesmo de toda uma indústria não é um trabalho simples. Sempre fiquei com um pé atrás com essa promessa... No entanto, depois de jogar, surpreendentemente descobri que a Nintendo realmente conseguiu.

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Hyrule: um mundo verdadeiramente aberto

Antes de qualquer coisa, é importante dizer que Breath of the Wild não é só mais um jogo de mundo aberto como todos imaginaram (inclusive eu). Ele é capaz de quebrar as tradições da própria indústria, não apenas renovando a franquia The Legend of Zelda, mas também estabelecendo novos padrões que podem ensinar muito para qualquer jogo de mundo aberto.

Como sempre, você controla Link, que acorda em uma misteriosa câmara chamada Shrine of Resurrection, completamente sem memória e sem itens, exceto por um aparelho chamado Sheikah Slate, uma espécie de tablet que você usará para se guiar e registrar informações. E é isso. Em apenas alguns segundos você já está jogando. Nenhum vídeo de apresentação, nenhum tutorial, exceto algumas rápidas dicas que ensinam os botões.

No início, você fica restrito a esta primeira área, chamada Great Plateau (que já é enorme e livre para explorar desde o começo) até completar a primeira missão principal, onde você receberá todos seus os poderes principais. O local funciona como uma espécie de tutorial, mas sem nenhum guia ou manual. Tudo o que você aprende é de forma orgânica, seja observando elementos do cenário ou simplesmente testando suas habilidades, sempre sem interromper sua jogatina.

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Após este pedaço, que pode ser completado rapidamente, você está completamente livre para fazer o que quiser. Um mapa gigantesco para explorar, sendo até mesmo possível ir diretamente para o chefe final, se tiver coragem o bastante. É provável que acabe morrendo sem preparo, e explicar o motivo disso pode ser considerado spoiler, mas é possível seguir em linha reta direto para o fim.

Mas é justamente aqui que Breath of the Wild se diferencia dos outros jogos de mundo aberto. Ele não pega na sua mão. Não há pontos no mapa para seguir, exceto os das missões principais e algumas secundárias. Tudo o que você faz, é por conta própria. O que é irônico, vindo de um jogo da Nintendo, que é conhecida por sempre facilitar as coisas para os jogadores.

Tudo isso e muito mais pode ser alcançado Tudo isso e muito mais pode ser alcançado

Enquanto títulos como The Witcher 3, The Elder Scrolls V e Fallout (entre muitos outros) são lotados de missões que marcam seus destinos no mapa, muitas vezes mostrando até mesmo o caminho mais fácil para chegar lá, Breath of the Wild não tem nada disso. A diferença é que este jogo não precisa disso — você não precisa de nada disso.

Nestes jogos, caso decida ignorar as indicações do mapa e vagar aleatoriamente, você provavelmente vai se deparar com inimigos fortes demais para seu personagem ou nada. Vez ou outra achará um ponto de interesse com algumas missões adicionais. Mas quantas vezes você decidiu chegar em um local que parecia interessante e de difícil acesso só para chegar lá depois de horas vagando por caminhos vazios e descobrir que perdeu seu tempo?

As coisas funcionam diferente em Zelda. O mundo de Breath of the Wild foi feito para encorajar a sua exploração. E a Nintendo conseguiu isso por diversos motivos. O primeiro é que o mundo é absolutamente lotado de coisas interessantes para ver ou encontrar. Não importa aonde você vai: é o lado certo. Você chegará a algum lugar e encontrará coisas valiosas tanto no caminho quanto na chegada. Neste jogo, a viagem é tão importante quanto o destino e tudo o que você faz o recompensará de alguma forma.

No mundo têm 120 Shrines, que funcionam como pequenas dungeons no jogo. Ao completa-las, você recebe um Spirit Orb, que pode ser trocado por mais vida ou mais estamina. Também existem 900 Korok Seeds para serem encontrados. Eles servem para expandir seu inventário e estão escondidos pelo mundo todo. Você precisa realmente observar o cenário, não importa onde vá, para encontrá-los e desvendar seus quebra-cabeças.

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Nenhuma destas duas coisas importantíssimas ficam marcadas no seu mapa, a menos que você as marque manualmente ou as alcance, no caso das Shrines, cidades e estábulos. O jogador é realmente um explorador e precisa prestar atenção o tempo todo no mundo. Mas estes são apenas exemplos. O mesmo vale para quase todos os outros pontos de interesse, que os NPCs descreverão para você com coisas como: “Fica a nordeste daqui, na base da montanha, próximo ao rio”. Cabe a você desvendar estas direções.

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Esta é outra diferença dos jogos de mundo aberto. Neles, é fácil se perder sem as marcações, já que os cenários são frequentemente parecidos. Mas em Zelda isso não acontece, porque o mundo foi feito para que o jogador seja capaz de ver coisas importantes muito distantes, fazendo com que seja mais fácil se localizar, mesmo sem olhar no mapa. A simples aparência de uma montanha, por exemplo, pode indicar onde você está e para qual lado precisa ir.

Aventureiro, guerreiro e inventor

A verdade é que Breath of the Wild é um exemplo de excelente game design para jogos do gênero e é um dos poucos títulos que realmente aproveita o mundo aberto como parte do gameplay e não apenas para dar escala ao jogo, como a maioria das desenvolvedoras fazem.

Não é apenas o conteúdo do mundo aberto que encanta neste jogo, mas também como ele é apresentado – e aproveitado. O título tem uma das lógicas de jogo mais completas que já vi e tudo o que você encontra é interativo. Até mesmo as condições climáticas são importantes para o que você pode ou não fazer.

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Por exemplo: se fogo cai na grama, ela entra em chamas. Se na hora estiver ventando, o fogo vai se espalhar, o que pode servir contra ou a seu favor em uma luta. Da mesma forma, se estiver chovendo, a água apagará todo o fogo, inclusive fogueiras que você normalmente usaria para cozinhar e recuperar energia.

Normalmente você pode ir em linha reta para um lugar, já que é possível escalar qualquer montanha no jogo. Subi-las é uma espécie de quebra-cabeças em si, já que é preciso pensar estrategicamente como se movimentar. E se estiver chovendo, as rochas ficarão escorregadias, muitas vezes forçando o jogador a repensar seu método de viagem.

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Equipamentos de madeira queimam, mas os de metal podem atrair raios durante uma tempestade. As roupas que você usa são relevantes de acordo com o ambiente, então você sempre quer vestir as mais vantajosas para onde estiver, seja para se proteger do frio e do calor, para escalar mais rápido ou para nadar mais depressa.

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O jogo também não tem nenhum item inútil. Tudo o que você encontra serve para alguma coisa. Cozinhar, resolver quebra-cabeças ou criar soluções inusitadas para problemas. Por exemplo, você pode anexar um balão em uma de suas bombas e depois dar uma porretada para fazê-la sair voando em direção a um barril explosivo que eliminará todos os inimigos ao mesmo tempo.

Estes são alguns exemplos de como a física e a química, como a própria Nintendo chama estas mecânicas, funcionam no jogo. Graças a elas, tudo o que você faz tem sempre mais de uma forma de ser feita. Até mesmo puzzles de dungeons podem ser resolvidos de jeitos diferentes, desde que você tenha criatividade para inventar novas soluções.

Por conta destes elementos, você nunca está só viajando, só lutando ou só explorando. Tudo isso está acontecendo simultaneamente o tempo todo, obrigando o jogador a estar sempre atento à sua volta e o mantendo entretido, independente da atividade que estiver fazendo.

Nem tudo é perfeito

Claro, independente do quanto um jogo possa ser incrível, nenhum consegue ser perfeito. O mesmo vale para The Legend of Zelda: Breath of the Wild, que tem sua cota de defeitos e mostra que sempre há coisas para melhorar.

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Começando por sua história. De forma alguma ela é ruim, mas por conta da natureza não-linear do jogo, ela acaba ficando em segundo plano. Tudo bem que a trama nunca foi o grande destaque em nenhum título da franquia, mas esta realmente tinha um grande potencial.

Link está tentando descobrir suas origens e por que o mundo está do jeito que está. No caminho, ele encontra diversos personagens interessantes, mas que ficam com papeis menores diante da trama maior. Até mesmo a própria Zelda, que desta vez foi bem construída: no jogo, ela tem uma motivação maior do que apenas salvar seu reino. Ela tem personalidade, fraquezas, sensibilidade e é, tranquilamente, uma princesa melhor do que as anteriores da franquia. Infelizmente, todas essas qualidades não foram bem exploradas.

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As mecânicas de Breath of the Wild também não são perfeitas. Como todo mundo aberto, este está recheado de pequenos bugs. Pessoalmente, não encontrei nenhum realmente problemático, mas às vezes ainda podem ser chatinhos.

Viajar a pé ou escalando montanhas é ótimo e dá um incrível senso de liberdade para este mundo gigantesco. O mesmo não pode ser dito dos cavalos. No início, eles são naturalmente desobedientes, mas mesmo depois de serem domados completamente, os controles não são responsivos e o animal frequentemente tromba com objetos. Sinceramente: é mais fácil ir andando.

Outro problema também são as armas e escudos, que desta vez são descartáveis. O sistema é bastante interessante, já que incentiva a rotação de armas que o usuário precisará aprender a usar, mas infelizmente tem armas que duram pouquíssimo (quebram depois de dois combos, por exemplo). Isso é particularmente problemático no início do jogo, quando só temos acesso a equipamentos de baixa qualidade.

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Também é estranho que alguns equipamentos importantes na história quebrem com o tempo. É possível refazê-los ao levar os materiais certos para determinados NPCs, mas o resultado não vale o esforço normalmente e é mais fácil simplesmente achar outra (muitas vezes melhor) no caminho.

Por fim, outro problema é a questão técnica. Este review foi baseado na versão no Wii U, que sofre com quedas de quadros por segundo em diversos momentos. A verdade é que o jogo é muito mais do que o console aguenta. Geralmente não chega a atrapalhar, mas em alguns momentos a tela chegou a travar por alguns segundos. Em nenhuma situação importante, felizmente.

Também tive a oportunidade de experimentar a versão do Nintendo Switch, e é possível notar imediatamente um visual mais claro e muito mais estabilidade na taxa de quadros por segundo. Tirando isso, é o mesmo jogo.

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De volta às origens

Apesar destes defeitos existirem, eles são mais uma inconveniência do que problemas e não atrapalham a experiência geral. Este é, de longe, um dos melhores títulos da franquia e um dos melhores jogos da atualidade. Seja no Nintendo Switch ou no Wii U, Breath of the Wild é um game que vale a pena, tanto para os fãs das antigas quanto para quem está começando na franquia agora.

O título não apenas retorna às origens da franquia, mas mostra como o primeiro jogo poderia ser, caso fosse feito atualmente, o que mostra o quanto seus conceitos são atemporais, mesmo 31 anos depois de ser lançado no Nintendinho.

The Legend of Zelda: Breath of the Wild está disponível para Wii U e Nintendo Switch.

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