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Code Vein | Review
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Code Vein | Review

Mesmo se apoiando na fórmula de Dark Souls, o jogo tem personalidade e traz ideias próprias

Jefferson Sato
Jefferson Sato
14.out.19 às 12h38
Atualizado há cerca de 1 ano
Code Vein | Review

Desde que a Bandai Namco anunciou Code Vein, a empresa não teve a menor vergonha de admitir sua inspiração em Dark Souls, publicado pela mesma empresa, chegando até mesmo a brincar com o subtítulo “Prepare to Die” (Prepare-se para Morrer), que virou “Prepare to Dine” (Prepare-se para Jantar) no primeiro teaser. Tendo finalmente jogado, pude confirmar que as semelhanças são bem fortes e a comparação é inevitável.

Ao mesmo tempo, percebi que é nas diferenças, e não nas similaridades, que Code Vein brilha mais — ou pelo menos tenta. O título traz para a popular fórmula suas próprias ideias e identidade, desde a estética até algumas mecânicas particulares, além de ser mais acessível. Alguns destes conceitos funcionam, outros não. Mas mesmo quando o jogo erra, isso é bom, porque tenta trazer algo novo.

Dito isto, senti que os desenvolvedores não tiveram confiança (ou liberdade) o bastante para explorar melhor estas abordagens únicas, fazendo o lado Dark Souls se destacar mais na jogatina. Este não é exatamente um ponto negativo, mas é um pouco decepcionante, além de dar uma sensação de potencial não aproveitado.

Prepare-se para morrer: versão anime

O visual estilo anime de Code Vein chama logo atenção. E isso não é só uma questão estética, já que história também me pareceu o tipo de narrativa típica de uma animação japonesa.

Sem revelar spoilers, a premissa é a seguinte: alguém, conhecida como A Rainha, causou uma grande calamidade no mundo e, para enfrentá-la, grande parte da população humana foi alterada, se tornando Aparições — que são basicamente vampiros, com poderes sobrenaturais, praticamente imortais e com muita sede de sangue. Depois da guerra, no entanto, estas criaturas (que agora são maioria) precisam sobreviver em um mundo devastado e com pouca fonte de alimento. Aqueles que não saciam a fome perdem o controle e passam a ser chamados de Perdidos.

O protagonista (criado pelo jogador) é uma Aparição que acaba de acordar, sem memórias, mas possuidor de um estranho poder de purificação. O destino acaba colocando o personagem no meio de um mistério ainda maior e de uma disputa de poder.

Várias opções legais para personalizar e dá para mudar a qualquer momento!

Diferente de Dark Souls, que esconde boa parte das informações sobre o mundo em descrições de itens e outros lugares obscuros, aqui a narrativa é contada de forma um pouco mais direta para o jogador, com personagens comentando sobre os ambientes conforme andamos pelo mapa, cenas cinematográficas e conversas com NPCs.

Aliás, apesar de um pouco confusa às vezes, achei a história bem interessante e é o que me manteve investido no jogo em alguns momentos. Certos os personagens, como Louis, Io e Mia também ajudam nisso, me instigando a buscar fragmentos de memórias deles, uma tarefa opcional, para descobrir mais sobre o passado de cada um (e para desbloquear poderes novos).

Infelizmente, eles não são explorados tanto quanto deveriam. Louis, por exemplo, parece ter tido um papel importante na história deste mundo, mas achei que não fica muito claro qual foi sua participação nos eventos anteriores à aventura. Sei que existe um mangá derivado sobre ele, mas... sério mesmo? Esse tipo de obra adicional deveria expandir o universo da franquia, não tapar buracos da narrativa base. Isso deixa tanto o título quanto o personagem incompletos.

Às vezes senti que o Louis que deveria ser o protagonista. Ele é mais interessante do que “eu”.

Você não está sozinho

Hoje em dia é comum diversos elementos em games (mesmo sem relação) serem comparados a Dark Souls. A comunidade até mesmo adotou, informalmente, o termo “souls-like” para ajudar a classificar os títulos que se inspiram nele. E, caso ainda não tenha ficado claro, Code Vein se encaixa nesta definição como uma luva bem justa.

Quem conhece o estilo, sabe o que esperar: lutas difíceis, armadilhas e muitas mortes. Ao ser derrotado, você perderá todas as suas Brumas, que são a “moeda” usada para subir de nível, adquirir habilidades e comprar e melhorar equipamentos. Elas ficarão no local até serem coletadas ou desaparecem se morrer de novo antes disso.

Espalhados nos mapas estão os Viscos, que funcionam como as fogueiras de Dark Souls, possibilitando salvar o progresso, subir de nível, reabastecer itens, desbloquear habilidades ou se teleportar para outros Viscos ativos.

Agora que eu tirei as semelhanças do caminho, vamos falar das diferenças, começando pela dificuldade. Não espere que Code Vein seja fácil, mas também não é nenhum pesadelo em forma de jogo. O título é muito mais acessível, quando comparada à sua fonte de inspiração.

Há muitos desafios, mas você tem amigos. Confie neles!

O melhor exemplo disso é o fato de ser possível levar um companheiro em qualquer missão. Nada de se sentir solitário em um mundo opressivo e perigoso. E eles servem para mais do que enfrentar inimigos: os parceiros às vezes avisam sobre itens escondidos, emboscadas e até passagens secretas. Quando seu personagem morre, eles podem sacrificar uma parte do HP para revivê-lo (e o contrário também é possível), algo obviamente útil em certas situações.

Se ainda assim você estiver com problemas, a qualquer momento é possível mandar um pedido de ajuda online para outro jogador acessar sua sessão e você também pode entrar em partidas de outras pessoas quando quiser. Não há nenhum custo para fazer isso e a única penalidade é não poder usar os Viscos enquanto o multiplayer estiver ativo.

Se estiver muito difícil, uma boa saída é pedir ajuda online

Sua versatilidade no combate também é um diferencial. A qualquer momento é possível alterar seu Código de Sangue, que funciona mais ou menos como sua classe. Isso define quais habilidades, armas e armaduras você pode usar. Então é possível, por exemplo, usar uma combinação de combate corpo a corpo e, caso queira, alterar para um Código com foco em ataques à distância.

Suas habilidades gastam Sangue Negro, que é basicamente seus pontos de magia. É possível recuperar com itens consumíveis, mas seu estoque também recarrega conforme acerta os inimigos ou realiza movimentos especiais, como defletir golpes ou fazer ataques furtivos pelas costas. Estes últimos até mesmo aumentam a quantidade máxima que você pode ter, temporariamente.

Além disso, ao usar bastante as habilidades, você vai dominá-las, permitindo que as equipe mesmo se estiver com outro tipo de Código de Sangue. Com o tempo, montei uma classe híbrida focada em golpes de espada, mas com alguns ataques à distância, melhorando minha versatilidade na exploração dos mapas.

Falando em exploração, este é um dos pontos mais baixos do jogo. Certos locais têm alguns dos piores design de fases que já vi nos games. Muitos deles são bem simples e você compreende o formato do lugar, eventualmente. Outros são um pesadelo e mesmo com o mapa é impossível de compreender sua posição nele, especialmente na vertical, porque ele é 2D e não permite visualizar os diferentes andares de forma individual.

Também não ajuda o fato de alguns cenários serem repetitivos, onde tudo é muito parecido. Isso sem falar quando eles não se estendem muito mais do que deveriam. Em Dark Souls, normalmente dá vontade de quebrar o controle de raiva ao morrer muito, enquanto aqui é porque tem lugares que simplesmente são chatos demais de entender.

Parece um lugar simples de navegar, né? Na verdade é o pior mapa do jogo inteiro...

O balanceamento e a distribuição de inimigos também são bem ruins em certos momentos. Tem monstros muito mais problemáticos do que alguns dos chefes. O posicionamento deles frequentemente não é bom para lutar, mas você é frequentemente obrigado a passar por lá para prosseguir.

Um caso em particular que achei revoltante foi um corredor estreito, mais pro fim da campanha, onde fui emboscado dos dois lados por cinco ou seis dos inimigos mais poderosos do jogo. É um caminho obrigatório, por onde passei mais de uma vez. Não foi divertido.

Mas não deixe essa reclamação te enganar. Apesar de alguns momentos que achei injustos, a maior parte das mortes foi culpa minha. Embora eu tenha sentido que tinha a liberdade de ter uma abordagem agressiva nos combates, avançar de forma destemida não costuma ser uma boa ideia. Muitas vezes é preciso ter paciência e aprender os movimentos dos inimigos, como geralmente acontece em outros títulos do mesmo estilo.

Antes de atacar, pense!

Potencial para mais

No fim das contas, Code Vein é bastante falho, mas merece reconhecimento por tentar coisas novas, mesmo que de forma tímida. Só é uma pena que o título tenha se apoiado tanto na fórmula de Dark Souls, em vez de confiar mais nas próprias ideias. Por causa disso e por alguns defeitos pontuais, sinto que foi um jogo bom, apesar de um tanto genérico e pouco memorável. Apenas espero que seu potencial se concretize em uma eventual sequência.

Mesmo assim, acredito que vale a pena de ser jogado, tanto por quem curte o estilo quanto por quem quer conhecer, mas se sente intimidado pela fama da dificuldade. Sua acessibilidade certamente o torna um bom ponto de partida.


Code Vein está disponível para PC, Xbox One e PlayStation 4. Este review foi feito com uma cópia para PlayStation 4 cedida pela Bandai Namco.

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