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O Doutrinador | Crítica
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O Doutrinador | Crítica

Filme traz boas cenas de ação, mas se limita a isso

Cesar Gaglioni
Cesar Gaglioni
01.nov.18 às 11h59
Atualizado há mais de 1 ano
O Doutrinador | Crítica

Há cinco anos, no meio das Manifestações Populares de Junho de 2013, o autor Luciano Cunha decidiu começar a publicar a HQ digital O Doutrinador, mostrando um anti-herói no melhor estilo do Justiceiro, da Marvel, que decidiu rodar o Brasil matando todos os políticos corruptos que via pela frente.

Agora nos cinemas, o filme do Doutrinador capta a essência do personagem e cria uma história inédita, que acompanha Miguel (Kiko Pissolato), um agente de uma divisão especial da Polícia Federal que, após passar por uma tragédia pessoal, decide partir em uma jornada de vingança, eliminando figuras importantes da política nacional.

Dirigido por Gustavo Bonafé (Legalize Já), o longa se destaca por trazer para a realidade nacional vários elementos que já foram consagrados nas adaptações estrangeiras de HQ, como o ritmo acelerado, cenas de ação grandiosas, sequências de artes marciais minuciosamente coreografadas (e espetacularmente executadas, diga-se de passagem) e até mesmo uma trilha sonora com músicas populares que ajudam ainda mais na criação de toda a atmosfera do Doutrinador.

Porém, o filme se limita a isso. O roteiro, assinado por Cunha e por um time de outros seis roteiristas, aposta em diálogos clichês, repletos de frases prontas que estão ali apenas para causar algum impacto e em personagens unidimensionais construídos ao redor de padrões vistos muitas vezes em Hollywood: como o vilão que planeja suas maldades na calada da noite enquanto ri, ouve música clássica e desfruta de um jantar com um cardápio da alta gastronomia ao lado de uma grande pintura e uma lareira.

Os atores conseguem realizar um bom trabalho dentro das limitações do roteiro. Pissolato foge do estereótipo clássico do Justiceiro e dá a Miguel traços de um herói trágico, que abraça seus demônios interiores para motivar suas próprias ações. Já Tainá Medina incorpora vários estereótipos de especialistas em tecnologia que já vimos no cinema, mas, ao mesmo tempo, dá a hacker Nina bastante originalidade, como o fato dela ser também uma grande fã da cultura pop. Uma grata surpresa é a participação de Marília Gabriela, que consegue dar à sua personagem, uma ministra do STF, ares de vilã fria e calculista, mesmo com pouco tempo de tela.

O Doutrinador é um projeto divertido, que deve cair nas graças dos fãs de filmes de ação, mas acaba tendo seu potencial desperdiçado por se manter sempre à sombra do que é feito no gênero, tentando replicar fórmulas e aspectos do que vemos na Marvel e na DC, se esquecendo de usar esses elementos condizentes com a realidade brasileira.

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