Berço do Godzilla, um dos personagens mais famosos e icônicos do Japão, os estúdios da Toho também são uns dos mais antigos do país. Fundada em 1932, a empresa foi uma das principais responsáveis pela criação e popularização do gênero tokusatsu: filmes live-action ou séries de TV que usam muitos efeitos especiais e tratam de temas mais fantasiosos, como heróis, ficção científica e, claro, robôs gigantes — os populares mecha.
Foi nesse cenário histórico do cinema japonês que, a convite da Warner Bros., encontramos Michael Doughtry, diretor de Godzilla II: Rei dos Monstros e um grande fã da franquia e de suas criaturas. Quando viu o que o estúdio havia preparado, Doughtry ficou tão empolgado quanto eu e os outros jornalistas.
A Toho montou uma cidade destruída pela batalha entre os kaiju, com direito a objetos cenográficos e fantasias originais usadas pelos atores para fazer os filmes. Lá, pudemos ver de perto a Oxygen Destroyer, item de 1954, que é usada para matar o Godzilla em sua primeira aparição (foto 4) e o storyboard (foto 5) do primeiro filme. Além disso, vimos alguns dos primeiros monstros da empresa — e, não coincidentemente, os mesmos que estão presentes também em o Rei dos Monstros.
Os estúdios optaram por usar King Ghidorah, Mothra e Rodan, além do Godzilla, por serem os primeiros a lutarem em grupo. Isso aconteceu no quinto filme, Ghidrah, O Monstro Tricéfalo (Ghidorah, the Three-Headed Monster), de 1964.

Uma das tradições dos filmes do Godzilla é que a aparência do kaiju sempre muda entre um longa e outro, e Doughtry quis manter isso, mas sem descartar o design feito no filme de 2014. Além de modificações nas patas e no rabo, os espinhos das costas da criatura também cresceram um pouco. "Da mesma forma que os chifres dos cervos e dos alces crescem ao longo do tempo", contou o diretor, que estava em pé ao lado de uma estátua da nova versão do Godzilla, mostrando as alterações. A mudança é sutil, mas coerente, já que Godzilla II: Rei dos Monstros se passa cinco anos após o primeiro.
Os espinhos são inspirados pelo modelo original do primeiro Godzilla, de 1954. "O tamanho, o formato, eu literalmente peguei uma foto em preto e branco do filme de 54 e coloquei digitalmente em cima do design atual", revelou.

Mais do que um "filme de monstro"
Outro aspecto que manteve a tradição da franquia foi o comportamento do Godzilla. A Toho foi muito incisiva em manter os valores do personagem, principalmente o fato de que ele não come pessoas. Segundo o diretor, esse foi um ponto que gerou uma certa tensão, mas, no fim das contas, todos ficaram satisfeitos com o resultado.
Durante nossa visita, também vimos o ator Ken Watanabe, que corrigiu Doughtry quando ele chamou os kaiju de monstros — "eles não são monstros, são personagens", disse, brincando.
Após a "bronca" de Watanabe, Doughtry continuou falando um pouco sobre a decisão de colocar uma mensagem maior no filme: "Um filme de Godzilla sem uma mensagem, não é um filme do Godzilla, é só um filme de monstro", afirmou.
Ficou claro que Godzilla II: Rei dos Monstros é o fruto de uma boa colaboração, cheia de atenção aos detalhes e mantendo a essência do personagem nascido em 1954. Godzilla carrega mais de 60 anos de história e é um ícone pop do Japão, conhecido e amado no mundo inteiro. Sem dúvidas, não é apenas um filme de monstro (o que já seria incrível o suficiente!).
Godzilla II: Rei dos Monstros estreia em 30 de maio.