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Ambicioso é pouco para descrever a empolgação de todos os envolvidos em Watch Dogs Legion. O próximo capítulo da epopeia hacker da Ubisoft chega com os dois pés na porta. “Daqui por diante você pode controlar toda a cidade”, me disse um dos designers do jogo durante o meu período de testes na manhã de domingo, um dia antes da conferência da Ubisoft na E3 2019, responsável por anunciar o game oficialmente ao mundo.
“Ok, veremos isso”, disse, mas querendo dizer “Você tá me tirando, né? Como é que eu vou controlar a cidade inteira, diabo?”. No final das contas, não é que o bichão tava certo?
Mas vamos por partes. Desta vez, a história migrou para um novo continente, ou melhor, o antigo continente. Toda a trama se passa na cidade de Londres, retratada em detalhes bastante convincentes, porém um tanto apocalípticos. Estamos num futuro não tão distante, mas que conseguiu radicalizar alguns dos bairros mais tradicionais da capital do Reino Unido.
Sob o comando de uma velhinha com provavelmente mais de 70 primaveras concluídas, iniciamos nossa aventura num pub tradicional. Lá precisamos recrutar um novo agente para a nossa missão, ou pelo menos é o que diz a voz que nos acionou neste momento.
E aqui é onde o bicho pega: realmente não existe um personagem principal no game. Não temos um Aiden Pearce ou um Marcus Holloway. Qualquer personagem encontrado no mapa pode ser um recruta em potencial. Cada um desses NPCs carrega habilidades especiais e informações únicas que podem ser aproveitadas pelo jogador.
Hackear NPCs em Watch Dogs Legion tem uma função muito mais importante do que em qualquer outro jogo da série. Só que nem todas as pessoas que você tenta recrutar aceitam de bom grado o serviço. Muitas delas desconfiam das suas intenções e precisarão ser convencidas de que a “missão” visa um bem maior.
Legion tem um sistema de árvore de habilidades que separam os NPCs em classes distintas. Cada uma dessas classes tem o seu valor na hora da missão. Habilidades para realizar invasões digitais em complexos variados, equipamentos especiais que escondem a presença do agente ou habilidades com armas variadas, tudo precisa ser levado em conta para a realização da missão.
Durante os testes tive a oportunidade de invadir um prédio para hackear um sistema interno que continham informações sensíveis de um dos meus NPCs, enquanto a outra missão era voltada mais para ação propriamente dita, com a necessidade de eliminar três alvos em potencial.
O que podia ser feito por um personagem (o principal, no caso dos outros jogos), agora precisa ser estrategicamente pensado antes de iniciar uma missão. No caso da invasão do prédio, por exemplo, resolvi apostar nas habilidades de hacker. Essa construção de personagem possui a habilidade de utilizar uma aranha robótica que pode ser controlada à distância ou servir de isca para os inimigos do cenário.
Para a missão de eliminação dos três alvos, apostei na árvore de habilidades do infiltrador. Com a sua capa invisível (Harry Potter teria inveja), é possível derrubar inimigos à distância com uma investida a lá “tackle” do futebol americano.
Todos os personagens encontrados em Watch Dogs Legion possuem certos atributos específicos que podem ou não ajudá-lo nas missões. Quando digo que às vezes não ajudam muito, quero dizer que nem sempre podemos evitar jogar com uma senhora idosa que obviamente não conseguirá correr ou praticar parkour como alguém mais jovem, enquanto outros podem vir com atributos que favorecem o combate corpo a corpo, por exemplo, e por aí vai.
O mundo de Watch Dogs continua a reagir bem diante da sua presença. Sem querer, saquei minha arma dentro do pub (a velhinha meteu uma máscara de porco e empunhou uma Uzi no meio do rolê) o que resultou em correria e pessoas gritando desesperadas como se fosse o fim do mundo. Inclusive, o produtor que me acompanhava ficou meio tenso porque meio que eu estraguei o cenário que ele estava para me mostrar. Vida que segue.
Trocar de personagens durante a sua jornada serve a inúmeros propósitos. Da curiosidade a uma simples viagem rápida — para quê ir de um ponto a outro do mapa realizar uma missão X quando podemos, por exemplo, acionar outro NPC mais próximo do local e seguir com ele? — até mesmo usá-los para despistar a polícia que está loucamente atrás de você (eles são incansáveis).
Uma coisa que eu não estava preparado para encontrar em Watch Dogs Legion é o sistema de morte permanente, o famoso permadeath. Alguns podem até me olhar torto por conta do que vou dizer a seguir, mas o formato de morte permanente parece cair como uma luva no game.
Se você parar para pensar, sempre estivemos invadindo a privacidade de inúmeras vidas nos dois primeiros jogos. E agora no terceiro utilizamos elas da forma como queremos. As tiramos do seu dia a dia (dentro do game) e as colocamos em situações de risco sem o menor peso na consciência. Pois bem, essa é a forma do game nos fazer pensar um pouco em nossas ações.
Perder um personagem pode parecer banal caso ele seja nível um, mas a medida que evoluímos nossos personagens, destravamos mais e mais a sua árvore de habilidades, e isso faz com eles se transformem em bonecos extremamente úteis. Perdê-los em combate significa perder toda aquela evolução de horas e horas de jogatina, nos obrigando a começar tudo de novo sem meio caminho.
O jogo impressiona na quantidade de detalhes no cenário, com representações bastante realistas das principais localidades de Londres. Os bairros são completamente distintos uns dos outros, assim como os desafios de cada lugar. Centros com mais carros nas ruas, pedestres e tecnologia, enquanto que, por exemplo, o bairro de Camden Town se transformou no reduto da pobreza e abandono, terra de ninguém com fogueiras nas calçadas e decadência em cada esquina.
Watch Dogs Legion chega renovado, e espero que continue a apresentar novidades até o seu lançamento.
Jessica Pinheiro)
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