Ame ou odeie, o celular se tornou uma das principais plataformas para games - especialmente no Brasil, que tem smartphones como maioria entre desenvolvedores e jogadores nacionais. Será cada vez mais comum ver franquias blockbuster ganhando adaptações portáteis, e a Ubisoft entendeu isso muito bem, como demonstra Rainbow Six Mobile.
Praticamente uma versão de Rainbow Six Siege, este não é exatamente o tipo de jogo que parece funcionar na tela de toque: além de muitas funções, as partidas são marcadas por tiroteios frenéticos entre uma equipe que fortifica e defende objetivos, e outra invasora e agressiva. No game de console, é fácil ser abatido com poucos tiros, e tanto um bom posicionamento, quanto um ágil tempo de resposta são essenciais para vencer.
É surpreendente, então, que o lançamento funcione tão bem. À convite da Ubisoft, o NerdBunker teve acesso ao beta fechado para Android, e teve uma experiência bastante satisfatória com o game, ainda que algumas dúvidas e problemas permaneçam.
Assim como é pegar Siege pela primeira vez, de cara tudo é um pouco intimidador. A tela é repleta de ícones e funcionalidades, mas curiosamente isso demonstra a maior força do jogo, que parece ter mantido todas as mecânicas do shooter de console e PC.
Isso significa explorar os mapas com drones quando se joga como atacante, ou fortalecer os perímetros com barricadas ao assumir o posto da defesa. Invasores podem fazer rapel, subir nos telhados, explodir janelas e tudo mais. Além disso, há cerca de 15 operadores de Siege, com habilidades especiais intactas. Se alguém esperava uma versão capada e esquelética do game, não se engane: é Rainbow Six em toda a sua glória, só que no celular.
Claro que a mudança de plataforma traz todo um conjunto de novas dinâmicas. Controlar a ação pela tela de toque é bastante satisfatório, e mesmo no beta já há uma boa variedade de armas, com padrões e coices diferentes para dominar.
Há assistências de mira que facilitam a ação, como um botão que atira automaticamente caso alguém cruze sua pontaria se apertado. Ainda assim, os tiroteios soam menos automáticos que os de Call of Duty: Mobile, por exemplo. É preciso certa habilidade para competir aqui.
É difícil dizer o quão acolhedora é a experiência para quem nunca jogou Rainbow Six Siege, mas isso é um bom indicador do quão fiel é a experiência mobile. Para quem já curte o shooter principal, será fácil se acostumar com o novo, que pede pela mesma atenção com os arredores, com bom posicionamento, comunicação com a própria equipe. No entanto, é neste ponto que R6 Mobile mostra que essa transição de formato não existe sem alguns perrengues.
Problemas móveis
Ao ritmo que mais e mais franquias migram para o celular, elas precisarão entender como se adaptar aos hábitos e particularidades dos smartphones. O melhor exemplo é que essa não é uma plataforma em que os jogos são curtidos com atenção plena.
Há quem separe horas para se dedicar a Free Fire, usando headsets caríssimos para ouvir todos os passos dos inimigos, mas o comum são pessoas encaixarem pequenas partidas de títulos mobile quando estão fora de casa, seja no metrô lotado ou na sala de espera do médico. Todo desenvolvedor de celular reforça que é minúscula a porcentagem de jogadores de celular que usam fones de ouvido, e os games em si precisam levar isso em conta.
Para entender como Rainbow Six Mobile se sai em cenários cotidianos assim, o Nerdbunker também testou o game fora de casa e sem fones. Por mais que a Ubisoft reforce que está desenvolvendo funções para contornar isso, o resultado ficou um pouco abaixo do esperado.
Na ausência de som, jogos de celular - especialmente os que têm multiplayer online - precisam encontrar formas de retratar visualmente os barulhos importantes ao redor do jogador. R6 Mobile até tem funções do tipo, mas tudo é discreto demais para realmente conseguir transmitir alguma informação sem custar o foco no calor da batalha - o que é fatal em um jogo de tiro.
Nesse caso, seria bom algo um pouco mais evidente, o que não é um pedido exatamente absurdo, julgando por outros títulos que se saíram melhor nesse aspecto. É só ver o exemplo de Dead by Daylight, que se adaptou ao celular com ícones que apontam a direção de geradores próximos, ou então um indicador no próprio personagem que alerta que o Assassino está por perto. A tensão se mantém até com o som no mudo.
No lado da comunicação, a interface do Rainbow Six Mobile é marcada por vários indicadores que demonstram onde estão seus colegas de equipe, seus respectivos estados de saúde e se estão em conflito. Além disso, um sistema de ping facilita apontar direções, objetivos ou inimigos.
São mecânicas necessárias, mas um pouco rasas, que não substituem a eficiência de um chat de voz ou texto (que estão presentes, claro, mas nem sempre são opções viáveis). Para jogar Rainbow Six no celular, áudio e comunicação deveriam ser prioridades. Mas é bom reforçar que, ainda que pudesse ser melhor, nada realmente atrapalha a experiência, e o game é genuinamente excelente.
Muita coisa ainda está em fase de testes, e com certeza vai melhorar após feedback dos jogadores. A Ubisoft claramente está quebrando a cabeça para entender como se adaptar aos smartphones - o que é, honestamente, o momento pelo qual toda a indústria de games passa atualmente. Todo estúdio está tentando tatear esse terreno desconhecido, e o jogo em toda sua complexidade, digna da versão original, é um passo grande e importante para o mobile.
Rainbow Six Mobile é verdadeiramente impressionante até agora. O projeto tira da letra a experiência da franquia nos celulares, e mesmo que ainda deixe um pouco a desejar nas particularidades da nova plataforma, é um feito admirável por si só.
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Atualmente em beta, ainda não há data de lançamento oficial para Rainbow Six Mobile. O game estará disponível para Android e iOS de graça.