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Como é a história do Ragnarök na mitologia nórdica?
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Como é a história do Ragnarök na mitologia nórdica?

Entenda como acontece e quais deuses morrem no conto original

Tayná Garcia
Tayná Garcia
04.nov.22 às 15h48
Atualizado há mais de 2 anos
Como é a história do Ragnarök na mitologia nórdica?
"Odin e Fenrir, Freyr e Surtr" por Emil Doepler (1905)

Não é raro ver filmes, séries e quadrinhos da cultura pop se inspirando na mitologia nórdica e até criando suas próprias versões do famoso Ragnarök – assim como um dos jogos mais aguardados deste ano, God of War Ragnarok, também fez.

Muitas pessoas sabem que se trata de uma história de fim do mundo, mas não fazem ideia de como tudo acontece, quais são os sobreviventes e o que veio em seguida. Por isso, decidimos fazer um resumão dos principais acontecimentos do conto original, com base em relatos de pesquisadores, para satisfazer a curiosidade de quem quer conhecer mais sobre o verdadeiro Ragnarök.

Então pegue seu hidromel e vamos lá!

O que é o Ragnarök?

O Ragnarök é o fim do mundo na mitologia nórdica, que é causado por uma destruição dos cosmos e tudo que nele vive, incluindo os humanos e os deuses, por catástrofes ambientais e uma grande guerra.

Em nórdico antigo (língua que os vikings falavam), a palavra “Ragnarok” significa “destino dos deuses”. No entanto, pesquisadores apontam que o conto também já apareceu com outros nomes em textos vikings, como “Ragnarøkkr” (“crepúsculo dos deuses”) e “aldar rök” (“destino da humanidade”).

Seja como for chamada, a história foi encontrada em várias fontes medievais e resumida no poema Gylfaginning, que faz parte do Edda em Prosa, um tipo de compêndio da mitologia nórdica escrito pelo historiador Snorri Sturluson, no século XIII.

"Edda em prosa" teve novas edição ao decorrer do tempo e está acessível até hoje (e em português!)

Com base ainda na forma das palavras, acredita-se que o poema antecede até mesmo a Era Viking e teria sido escrito no século VI d.C.

Como acontece o Ragnarök?

Em um dia escolhido pelas Nornas, as anciãs do destino na mitologia nórdica, temos o início de um inverno intenso e longo, diferente de qualquer outro que o mundo já viu: o Fimbulvetr, também conhecido como Fimbulwinter e "Grande Inverno".

Ele antecede o Ragnarök e dura três anos seguidos, fazendo com que o Sol e o calor desapareçam em todos os Nove Reinos. Tudo é atingido por um frio sem precedentes, com ventos cortantes, muita neve e até lagos sendo congelados.

Sem verão, primavera ou outono, a humanidade rapidamente fica sem comida, água e outras necessidades básicas, sucumbindo ao desespero. Todas as leis, regras e morais desaparecem, e os homens passam a lutar pela sobrevivência – nem que isso signifique ter que assassinar uns aos outros.

Assim, por três anos, o mundo é regido pelo inverno cruel e caos moral. Até que chega a hora dos acontecimentos principais que resultam na grande guerra dos deuses.

"Os Lobos Perseguindo o Sol e a Lua" por J.C. Dollman (1909)

Quando o Ragnarök está prestes a acontecer, os lobos Skoll e Hati, filhos de Fenrir, engolem o Sol e a Lua. Com isso, as estrelas desaparecem, o céu se torna um vazio negro e a Yggdrasil (árvore que fica no centro dos Nove Reinos e sustenta todo o universo nórdico) começa a tremer até as montanhas desmoronarem.

O tremor ainda liberta todos os gigantes, criaturas e monstros que foram presos pelos deuses, sendo Fenrir (filho de Loki) um deles. O lobo estava acorrentado em um local isolado por desavenças com os Aesir – e, agora, consumido por uma raiva contra Odin, ele parte em sua busca enquanto devora tudo que encontra pelo caminho.

Em Midgard, a imensa serpente Jörmungandr, que habita o fundo do oceano, se ergue das profundezas e cospe veneno por todo o mundo, corrompendo a terra, a água e o ar. A agitação no mar também desfaz as correntes que prendiam o navio Naglfar, uma embarcação feita de unhas de cadáveres. Comandada por Loki, a tripulação é composta por um exército de gigantes de Helheim e parte com destino à grande guerra.

Vale ressaltar que, durante o Ragnarök, Loki já era considerado como o “traidor dos deuses” pela morte de Baldur (deus que era muito amado entre os Aesir), que aconteceu antes mesmo do Fimbulwinter começar.

Após caos na terra e nos mares, os céus negros se abrem e os gigantes de fogo de Muspelheim aparecem, sendo liderados por Surtr que empunha uma espada tão brilhante e quente quanto o Sol.

Assim, todos espalham morte e desordem pelos Nove Reinos, enquanto se direcionam para os campos de Vigrid, uma vasta planície em Niflheim, onde a batalha de Ragnarök acontece.

A batalha de Ragnarök

A batalha de Ragnarök só tem início após o soar da Gjallarhorn, a trompa de batalha de Heimdall. Seu sopro pode ser ouvido por todos os Nove Reinos e anuncia o fim do mundo.

Os deuses decidem batalhar, mesmo sabendo que profecias previram muitas mortes em uma grande guerra. Os confrontos, curiosamente, acabam com a maioria deles matando uns aos outros.

O caos das lutas entre os deuses sendo representado na ilustração "Ragnarok", do alemão Johannes Gehrts (1903)

Fenrir enfrenta Odin, que conta com a ajuda dos Einherjar, um exército de guerreiros mortos que foram mantidos em Valhalla até o dia do Ragnarök. O deus Aesir luta bravamente ao lado dos soldados, mas acaba não sendo suficiente. O lobo engole Odin e todos os seus homens.

Um dos filhos de Odin, Vidar, vê a morte do pai e decide vingá-lo. Motivado por uma raiva súbita, o deus quebra a mandíbula de Fenrir e, em seguida, crava uma espada no pescoço da fera.

Garm, o lobo guardião de Helheim, batalha contra Týr. Os dois lutam até o fim, matando um ao outro. Loki luta contra Heimdall, e a dupla também se mata. Já Surtr ateia fogo nos Nove Reinos e enfrenta Freyr, o deus Vanir da fertilidade. Eles também causam o fim um do outro.

Por fim, Thor confronta Jörmungandr. O deus Aesir esmaga a cabeça da serpente gigante com vários golpes com o martelo Mjölnir, mas morre em seguida por ter sido coberto pelo veneno fatal da criatura.

"Thor e a serpente de Midgard" por Emil Doepler (1905)

Com o desfecho das batalhas, também chegamos ao fim do Ragnarök e à concretização do fim do mundo.

O que acontece após o Ragnarök?

Há duas interpretações nos textos nórdicos para o que acontece após o Ragnarök. A primeira defende que os destroços do mundo afundam nos mares e realmente é o fim dos cosmos, com nenhuma chance para o renascimento de qualquer tipo de vida.

Já a segunda versão é mais otimista e diz que um novo mundo ressurge dos mares, sendo um lugar ainda mais verde e bonito. Os deuses que sobreviveram à batalha (Vidar e Vali, filhos de Odin; e Modi e Magni, filhos de Thor) passam a viver nele. Baldur e seu irmão, Hodr, ainda retornam de Helheim.

Apenas dois humanos sobrevivem ao fim do mundo, Lif e Lifthrasir, que juntos dão início a uma nova geração da humanidade. Por fim, um novo Sol, filho do anterior, aparece no céu, indicando o início de um novo ciclo de vida.


Como foi explicado acima, a história original do Ragnarök apresenta muito caos, elementos fascinantes e uma batalha grandiosa com vários deuses e criaturas conhecidos da cultura nórdica.

Por isso, é fácil entender como a cultura pop tem interesse em criar suas próprias versões — e veremos mais uma no dia 9 de novembro, quando God of War Ragnarok finalmente for lançado. Confira o nosso review do jogo!

O livro Edda em Prosa está disponível na Amazon. Se adquirir pelos nossos links, o Jovem Nerd pode ter comissão.

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