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Little Nightmares II | Review
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Little Nightmares II | Review

Uma fábula gótica que corrige os tropeços do primeiro jogo, entregando uma experiência difícil de ser esquecida

Tayná Garcia
Tayná Garcia
09.fev.21 às 16h45
Atualizado há mais de 2 anos
Little Nightmares II | Review

Repetindo a fórmula de terror gótico, subjetividade e jogabilidade simples, Little Nightmares II é o novo jogo de plataforma da Tarsier Studios, que retorna ao universo sombrio e grotesco de Six, a garotinha da capa de chuva amarela.

Mas não pense que será a mesma experiência. Apesar do estilo continuar o mesmo, a sequência corrige tropeços do primeiro capítulo, acrescenta mecânicas mais dinâmicas e até apresenta uma história mais instigante e perturbadora.

Acredite: mesmo depois de dias, você ainda estará pensando nele.

Uma fábula gótica

O protagonista da vez é Mono, um garoto desconhecido que cobre o próprio rosto e também está fugindo da insanidade de inimigos, que são comandados por um novo vilão misterioso. Mas ele não está sozinho: o pequeno é acompanhado pela própria Six, que protagonizou o primeiro game. Mesmo sem se conhecerem, eles percebem que precisam ajudar um ao outro se quiserem sobreviver.

A história é contada quase que só pelo gameplay, com pouquíssimas cutscenes. Como não há diálogos ou narração, o jogador é forçado a entender e interpretar sozinho o que está acontecendo ali ao prestar atenção em detalhes: nos objetos dos cenários, nas roupas dos inimigos, nas animações dos personagens, nos sons ambientes.

Além de ajudar em certos momentos, é ótimo ter a Six por perto para segurar sua mão ao sentir medo. Dá um quentinho no coração no meio de tanta escuridão

Mesmo com personagens que não falam e sem texto algum no decorrer do game, a narrativa ainda consegue ser densa e composta por muitas camadas. Mas tudo depende de interpretação, que faz com que a experiência acabe sendo diferente para cada jogador.

Com progressão ao estilo side-scrolling e gráficos 3D, cada ambientação é rica em profundidade, tanto visualmente quanto em termos de exploração. Em muitos momentos, é possível fazer mais do que apenas avançar para a direita, porque há locais escondidos por todos os lados da tela — e é preciso explorar para encontrá-los.

Isso não apenas instiga a curiosidade do jogador, como também enriquece o universo. Nada está ali por acaso. Os cenários contam pedacinhos da história.

A estética sombria por cima de um estilo cartunesco dá personalidade ao jogo que, somado ao capricho das animações dos personagens e de ações, resulta em algo visualmente deslumbrante. Ainda há uma quebra nas paletas escuras por cores mais vibrantes, que são de importância não apenas visual, mas para a própria história. Mas vamos parar por aqui para não estragar nenhuma surpresa.

Analisar os cenários também é necessário para resolver os quebra-cabeças de ambiente, que têm uma dificuldade equilibrada, o suficiente para fazer o jogador se sentir inteligente ao desvendar e não se frustrar. E, se comparados ao primeiro jogo, a lógica dos puzzles faz mais sentido e as soluções são mais instintivas.

O jogo é dividido por áreas com diferentes inimigos, que têm um objetivo em comum: pegar toda e qualquer criança fugitiva

Há ainda momentos de perseguição, de furtividade e outros que gosto de chamar de “correr pela sua vida”, já que é necessário agir totalmente com instinto para acertar um timing exato e sobreviver. Eles dão uma boa dose de adrenalina e, se você conseguir ignorar o fato de que há monstros em seu encalço, são bem divertidos!

A jogabilidade é simples e conta com poucos botões de ação. É preciso apenas andar, pular, agarrar, acender a lanterna e chamar a Six. Mesmo com poucos comandos, o gameplay não peca em se tornar repetitivo, contando com variedade de puzzles e momentos de combate para contornar o que poderia ser um problema.

O maior diferencial de dinâmica em relação ao seu antecessor é a presença de Six como um NPC acompanhante. Ela ajuda a solucionar quebra-cabeças, dá pistas para onde seguir e sua presença — e, às vezes, a falta dela — faz sentido em relação à história, o que dá um toque de imprevisibilidade na trama.

É possível perceber a influência de outras histórias da cultura pop pelos cenários, principalmente do clássico 1984, de George Orwell

A trilha sonora é sutil de forma proposital. Para criar uma atmosfera tensa, que condiz com a epifania daquele universo, a maior parte do jogo foca mais em silêncio e barulhos do ambiente. É aterrorizante entrar em um cômodo, ouvir um barulho esquisito e só conseguir pensar que é de um monstro que está fora do alcance da tela, apenas esperando por você.

Pequeno pesadelo, grande experiência

Little Nightmares II é um daqueles jogos que não acabam quando você zera. A história e os personagens ficam com você, que loucamente tenta teorizar o que diabos aconteceu ali.

É uma experiência que usa o terror de forma inteligente, em que qualquer coisa consegue se tornar assustadora. Há cenários que são metáforas que criticam características da sociedade contemporânea, como consumismo e alienação, e muitas vezes elas são mais aterrorizantes do que um monstro à espreita.

No fim, a profundidade da ambientação e do que é apresentado ao jogador suprem a necessidade de uma história ser contada com palavras. Aqui, a subjetividade torna-se o maior charme da sequência, que pode ser entendida até mesmo por quem não jogou o primeiro título.

Definitivamente é uma experiência que ficará presa na mente dos fãs de horror por muito tempo.


Little Nightmares II será lançado para PS4, Xbox One, PC e Switch no dia 11 de fevereiro. Este review foi feito com uma cópia para PlayStation 4 cedida pela Bandai Namco.

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