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Crítica | Annabelle 2 – A Criação do Mal
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Crítica | Annabelle 2 – A Criação do Mal

A história de origem que a boneca demoníaca merece

Marina Val
Marina Val
17.ago.17 às 10h17
Atualizado há mais de 7 anos
Crítica | Annabelle 2 – A Criação do Mal

Entre fantasmas e demônios, o universo cinematográfico de Invocação do Mal conseguiu criar uma mitologia rica, inspirada pelos casos de Lorraine e Ed Warren. Usando esses monstros, alguns filmes, como o primeiro longa da franquia, foram memoráveis tanto pelos sustos quanto pelo capricho nos aspectos técnicos, enquanto outros, como Annabelle, só causaram decepção.

Annabelle 2 – A Criação do Mal precisava então reinventar a história da boneca demoníaca para ter alguma chance de reconquistar a audiência — na maior parte do tempo, ele consegue ser bem sucedido nessa tarefa.

A trama se passa na casa do artesão responsável por criar a boneca, Samuel Mullins (Anthony LaPaglia) e de sua esposa, Esther (Miranda Otto). O casal decide acolher um grupo de órfãs que não tem mais para onde ir e, com isso, o clima de mistério começa.

O longa faz a escolha ousada de se passar majoritariamente em 1957, antes do primeiro Annabelle, que acontece entre 1967 e 1968, e conta a história que veio antes da possessão demoníaca como conhecemos: uma prequela da prequela. Mas o roteiro apresenta novos fatos que se encaixam perfeitamente nesse universo.

Todos os aspectos visuais são excelentes, com cenários extremamente detalhados, perfeitos para esconder ameaças e dar dicas de que algo está errado, através de inúmeros símbolos religiosos espalhados em lugares incomuns. A casa conta uma história com o seu desgaste e com a maneira como alguns cômodos são mais negligenciados que outros. Em locais onde a atividade maligna é mais forte, a decadência é mais visível.

O núcleo de crianças, encabeçado por Janice (Talitha Bateman) e Linda (Lulu Wilson) é carismático e existe uma cumplicidade extremamente crível na dupla de protagonistas. A empatia que elas conseguem gerar apenas com olhares ou com momentos que tentam proteger uma a outra é essencial para o filme.

As garotas não são tratadas como bobas e têm ações que são inteligentes, condizentes com as suas personalidades. Algumas das cenas mais satisfatórias do longa acontecem quando Linda reage a uma situação inesperada de uma maneira espontânea e verossímil, quase como se respondesse à torcida dos espectadores. Os momentos funcionam como um alívio da tensão constante, mesmo que por pouco tempo.

Entretanto, fazer uma nova história de origem para Annabelle não significa necessariamente fugir de clichês. O roteiro, escrito por Gary Dauberman, apesar de fazer boas referências ao universo cinematográfico de Invocação do Mal, só consegue arranhar a superfície de todo o potencial que uma pré-sequência com tanta liberdade criativa poderia oferecer.

A história é rasa e segue a velha estrutura de alguém oferecendo um alerta sobre um possível perigo, outra pessoa desobedecendo as regras e a desgraceira acontecendo. Além disso, o filme mostra demais em alguns momentos e tem furos que não conseguem ser explicados nem com forças sobrenaturais. Um exemplo simples é o fato de gritos convenientemente não serem ouvidos em uma noite, mas que no dia anterior foram capazes de acordar a casa inteira.

O diretor, David F. Sandberg, sabe aproveitar muito bem o silêncio e usar a escuridão para esconder a ameaça que está sempre à espreita. O longa seria muito melhor se usasse essa capacidade do cineasta e se mantivesse simples por mais tempo e não apenas no primeiro ato. Sem estardalhaço, sem efeitos de computação gráfica, apenas uma criança apavorada e a ideia de que algo terrível poderia acontecer a qualquer momento: o suficiente para causar medo e inquietação.

Annabelle 2: A Criação do Mal não chega a ser incrível, mas é um filme que supera seu antecessor e que cria a história de origem que a boneca demoníaca merece. Depois de assistir, é possível acreditar que outros spin-offs desse mesmo universo, como The Nun, realmente sejam boa ideia.

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