Logo do Jovem Nerd
PodcastsNotíciasVídeos
Como teria sido O Hobbit de Guillermo del Toro
Filmes

Como teria sido O Hobbit de Guillermo del Toro

Cineasta era, inicialmente, o diretor de O Hobbit, mas foi substituído por Peter Jackson

Matheus Rodrigo
Matheus Rodrigo
11.mar.23 às 10h00
Atualizado há cerca de 2 anos
Como teria sido O Hobbit de Guillermo del Toro
(O Hobbit/MGM/Divulgação)

Recentemente, a Warner Bros. anunciou que está produzindo novos filmes de O Senhor dos Anéis com a Embracer Group. O último longa do universo de J. R. R. Tolkien a chegar as telonas foi O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos, em 2014, pelas mãos de Peter Jackson. Porém, antes da história de Bilbo Bolseiro e o Um Anel chegar aos cinemas, outro celebrado diretor trabalhou na adaptação de O Hobbit: Guillermo del Toro. 

Conhecido por criar mundos fantásticos em filmes como O Labirinto do Fauno (2006), Hellboy (2004) e A Forma da Água (2017), o diretor mexicano está novamente nos holofotes de Hollywood com Pinóquio. O filme é considerado um dos favoritos na categoria Melhor Animação do Oscar 2023. Na esteira desse grande momento, decidimos iniciar uma jornada pela Terra-média para descobrir, afinal, como teria sido O Hobbit de Guillermo del Toro.

Uma Jornada Incompleta

Guillermo no set de Hellboy II em como teria sido o Hobbit de Guillermo del Toro Guillermo del Toro no set de filmagem de Hellboy II - O Exército Dourado (Divulgação/Universal Pictures)

O ano era 2008 quando Guillermo del Toro entrou em negociações para dirigir a adaptação do clássico infantil de J.R.R. Tolkien. Ele tinha acabado de lançar Hellboy II - O Exército Dourado e faria o roteiro de O Hobbit com os responsáveis pela premiada adaptação O Senhor dos Anéis, Peter Jackson e Fran Walsh (que também seriam produtores do filme), em um projeto de dois longas.

Após meses de negociação, del Toro assinou com os estúdios New Line Cinema e MGM e começou a trabalhar na pré-produção de O Hobbit. O filme ainda não tinha roteiro pronto e a New Line enfrentava uma dívida bilionária, que, obviamente, limitava os investimentos em um blockbuster. Mesmo assim, o cineasta acreditou que os recursos logo surgiriam e apostou no projeto, começando pelos visuais. 

À princípio, del Toro definiu as criaturas, os sets e a estrutura que o filme deveria ter em conjunto com a Weta. O diretor não era muito fã dos livros de J.R.R. Tolkien, mas gostou bastante do trabalho de Jackson e planejava prestar uma homenagem à adaptação e ao universo original da franquia. 

Após finalizar o design de figurinos e criaturas que estariam nos filmes, del Toro se mudou para a Nova Zelândia com a família. As filmagens dos longas — que iriam ser gravados juntos — tinham previsão de começar em 2010 e durar 370 dias, contudo, a New Line Cinema e MGM não deram o sinal verde.

O resultado? Guillermo del Toro ficou nove meses respirando os ares frescos da Nova Zelândia, mas nunca chegou a filmar O Hobbit. As produções não foram aprovadas pelos estúdios e o elenco nunca foi definido, apesar de os visuais e designs estarem praticamente prontos.

Lá e De Volta Outra Vez

Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) em O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) em O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (Divulgação/MGM)

Em 30 de maio de 2010, após passar meses esperando a aprovação de O Hobbit, del Toro deixou a Nova Zelândia e anunciou que não iria mais dirigir as adaptações. A notícia lançou os filmes que estavam datados para dezembro de 2012 e dezembro de 2013, respectivamente, à perdição, sem um nome para comandá-los. No comunicado de saída del Toro, ele dizia:

"À luz dos constantes atrasos na data de início da filmagem de O Hobbit, devo enfrentar a decisão mais difícil da minha vida. Após dois anos vivendo, respirando e projetando um mundo tão rico como a Terra-média de Tolkien, devo, com grande pesar, abandonar a tarefa de dirigir estes filmes maravilhosos. [...] Eu desejo a equipe sorte e serei o primeiro na fila para ver o resultado da produção."

A decisão foi tomada sem nenhum impasse ou interferência em relação à visão criativa de del Toro para os filmes, como ele afirmou a New Yorker. O conflito maior teria sido a indefinição dos estúdios em darem um sinal verde para O Hobbit ser filmado; o cineasta ficou em uma espera sem fim, no limbo entre assumir novos projetos ou desenvolver a história de Bilbo.

Segundo del Toro explicou em 2011, o período de produção é semelhante a uma passagem do enredo. “Tem um momento no roteiro em que fica claro que o propósito da jornada de Bilbo é saber que ele quer estar em casa e dizer ‘eu entendo meu lugar no mundo’. Para mim, minha jornada na Nova Zelândia foi assim.

Qual seria o tom de O Hobbit de del Toro?

O Um Anel seria um dos temas de como teria sido O Hobbit de Guillermo del Toro Frodo (Elijah Wood) em fatídica cena de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (Divulgação/New Line Cinema)

Feita esta recapitulação, vamos a visão de Guillermo. Segundo o diretor, a trilogia de O Senhor dos Anéis de Jackson era muito focada no realismo e suas grandes batalhas impressionam porque poderiam ter ocorrido na realidade. A perspectiva do diretor mexicano, porém, era mais lúdica. “Eu nunca fui muito fã [dos livros] da trilogia O Senhor dos Anéis e O Hobbit [...] é muito preto e branco. Os monstros não devem ser apenas maldosos. Eles são charmosos, divertidos e sedutores. O Smaug é uma criatura incrivelmente inteligente”, disse à New Yorker.

Assim, enquanto O Senhor dos Anéis foi produzido na Nova Zelândia utilizando muito dos cenários do país para definir o tom de realismo, Guillermo planejava ter efeitos visuais e designs de criaturas que permitissem um O Hobitt mais criativo. Por exemplo, del Toro se reuniu diversas vezes com a equipe da Weta e os artistas conceituais John Howe e Alan Lee — responsáveis pelas ilustrações de boa parte dos livros de Tolkien — para desenvolver detalhes e texturas para as suas criaturas que remetessem às obras do escritor britânico.

Além disso, o cineasta planejava adotar uma mecânica de cores que acompanhasse a jornada de Bilbo, conforme ela evoluía pela Terra-Média. “Nos livros, era claro que existiam outono, inverno, verão e primavera durante a jornada. [...] Então considerei organizar o filme para que você pudesse ter oito estações. [...] Quando você olhasse e visse um lindo arco-íris, você perceberia que tivemos uma grande jornada.”

A ideia de del Toro para os filmes encontrava eco na percepção de que a história de O Hobbit foi originalmente feita para crianças — Tolkien produziu o livro pensando em contar a história para os seus filhos –. O próprio Um Anel em O Hobbit, como escrito originalmente pelo autor britânico, é um objeto muito menos maligno do que é visto, posteriormente, na companhia de Frodo em O Senhor dos Anéis — uma percepção que del Toro também queria mostrar em seus filmes.

A história de O Hobbit de del Toro

Pintura St. George and The Dragon seria uma das inspirações de O Hobbit de Guillermo del Toro Pintura St. George and The Dragon seria uma das inspirações de O Hobbit de Guillermo del Toro (Divulgação)

Vamos à história! Por mais que o roteiro dos filmes de del Toro não estivessem finalizados, existem algumas informações que o cineasta divulgou por via de entrevistas. Assim como em O Labirinto do Fauno, o protagonista de del Toro, Bilbo, seria um ser puro e inocente, que, ao longo do tempo, compreenderia melhor a magnitude e os perigos do mundo. Este conflito seria mostrado no primeiro filme e aprofundado durante o segundo. 

Enquanto o primeiro longa seria focado em uma perspectiva mais lúdica, o segundo seria uma espécie de transição entre a criação do cineasta e a trilogia de Peter Jackson. Dessa forma, o diretor definiu os designs e visual da produção para unir as duas franquias e trazer uma lembrança familiar aos fãs da primeira adaptação de Tolkien.

Os pontos de destaque da história dos filmes seriam a amizade entre o hobbit e o rei anão Thorin II Escudo de Carvalho, com foco para a admiração do anão pela bravura de Billbo; e os apêndices entre O Hobbit e A Sociedade do Anel, com menção especial para a atuação do Conselho Branco de Saruman, O Branco; Gandalf, O Cinzento e; Radagast, O Castanho.

Smaug também seria uma parte fundamental dos longas. Guillermo del Toro queria que os olhos da criatura fossem difíceis de se localizar para gerar ainda mais tensão em Bilbo durante o encontro entre os dois. O design do dragão era definido pelo cineasta mexicano como longo e fino, similar a uma cobra, e se parecendo com o quadro do pintor russo Viktor Safonkin, St. George and The Dragon (São Jorge e o Dragão, em tradução livre). Veja acima o quadro!

Segundo del Toro comenta em entrevista para a New Yorker, o design de Smaug deu trabalho e também gerou certo desconforto na pré-produção do filme, mas seria revolucionário. “Eu sei que não era algo unanime [...] 800 anos de designs de dragões, desde a China, e nunca alguém fez algo assim.” Aos curiosos, infelizmente, não, não temos imagens da poderosa criatura projetada por del Toro. 

Que fim levou O Hobbit de del Toro?

Pinóquio foi umas consequências de como teria sido O Hobbit de Guillermo del Toro Pinóquio e Gepeto no filme de Guillermo del Toro e Mark Gustafson (Divulgação/Netflix)

Após Guillermo del Toro abandonar a direção dos filmes, Peter Jackson assumiu a cadeira e conseguiu a tão aguardada aprovação da MGM e New Line Cinema. Ao invés de dois filmes, foram produzidos três longas de O Hobbit, lançados em 2012, 2013 e 2014. A recepção da trilogia não foi das mais animadoras em termos de público e crítica, contudo arrecadou quase três bilhões de dólares na bilheteria, segundo a Variety.

Recentemente, Jackson teve seu nome especulado para assumir os novos filmes de O Senhor dos Anéis, produzidos pela Warner Bros. e a Embracer Group, e afirmou que “estava informado” sobre a negociação.

Por sua vez, Guillermo Del Toro continuou colocando a criatividade para funcionar e dirigiu o romance fantástico A Forma da Água, em 2017, pelo qual faturou as estatuetas de Melhor Filme e Melhor Direção no Oscar. O cineasta, que adora criar mundos e esculpir criaturas, deu provas disso no recente Pinóquio, em que desenvolveu cuidadosamente em conjunto com Mark Gustafson, a bela história de Gepeto e sua criança de madeira em stop-motion.

O filme é um dos favoritos para ganhar o Oscar 2023 na categoria de Melhor Animação, em cerimônia que ocorre no próximo domingo (12) com a cobertura do NerdBunker. O longa está disponível na Netflix. Já sobre O Hobbit de del Toro, resta a saudade do que a gente não viveu.

Encontrou algum erro neste conteúdo?

Envie seu comentário

Veja mais

Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossas plataformas, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Capa do podcast