Logo do Jovem Nerd
PodcastsNotíciasVídeos
Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa | Crítica
Filmes

Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa | Crítica

Mesmo com problemas, novo filme emancipa a DC de filmes ruins

Fernanda Talarico
Fernanda Talarico
05.fev.20 às 17h18
Atualizado há cerca de 5 anos
Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa | Crítica

Com algumas exceções, as adaptações da DC para o cinema foram desastrosas e levaram parte dos fãs a duvidar de que algo derivado dos quadrinhos do selo poderia voltar a fazer sucesso nas telonas: filmes ruins e esquecíveis enterraram as esperanças na empresa.

Só em 2019, Coringa, um filme solo, entregou uma experiência totalmente diferente e foi bem recebido por público e crítica, mostrando que, nas mãos certas, era possível aproveitar o potencial de personagens tão importantes para a cultura pop. Agora, Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa mostra que a DC entendeu o que o público realmente espera das adaptações e continua a redimir o período de desavenças do estúdio com os fãs.

A Arlequina vivida por Margot Robbie apareceu pela primeira vez em Esquadrão Suicida e, diferente do Coringa de Jared Leto, cativou uma boa parte do público mesmo em um filme de qualidade bem duvidosa. Assim, a ideia de trazer a personagem para uma produção solo já foi um grande acerto. Mesmo que o longa tenha sido promovido à exaustão como um filme sobre o grupo Aves de Rapina, o foco na Arlequina é maior do que em outras personagens.

Dirigido por Cathy Yan, Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa começa contando a história de vida Harleen Quinzel, desde criança, até conhecer o Sr. C (como ela mesma chama o ex-namorado) e deixar a profissão de psiquiatra de lado para se tornar a primeira-dama do crime de Gotham. O roteiro então tenta "enganar" o espectador e apenas relata que "o Coringa não quis mais o relacionamento" e se utiliza do fato de o personagem ser instável e louco para justificar o término.

Arlequina tenta se emancipar e viver sem precisar de mais ninguém, por mais que o status de "namorada do Coringa" traga alguma segurança. Ao entender a necessidade de estar sozinha, ela decide sair da sombra do ex, deixando a escuridão para trás, abraçando que, agora, tudo deve ser explosivo e colorido, com uma identidade própria.

A personagem narra a própria história, quebrando a quarta parede diversas vezes, e explica a dos outros para apresentar o incrível grupo de mulheres que se utiliza de muita violência para conseguir sobreviver. Arlequina é carismática, engraçada e, ao tentar se curar de um coração partido de maneira tão plausível – chorando, bebendo e tentando se mostrar bem –, se torna impossível de não se identificar.

O grande conflito do filme gira em torno de Roman Sionis, o Máscara Negra interpretado por Ewan McGregor, tentando conseguir um importante diamante. Além disso, ele quer matar a Arlequina pelo simples motivo de "agora eu posso" – afinal o Coringa não se importa mais com a garota. É tão simplório que rapidamente ela o convence do contrário, mostrando que, em vez de brigarem, ela pode ajudá-lo a conseguir o tal diamante.

Infelizmente, a ótima atuação de McGregor é desperdiçada em um personagem raso e sem convencimento. As cenas com o Máscara Negra e seu comparsa Victor Zsasz (Chris Messina) derrubam o ritmo frenético que dita quase todo o filme.

O roteiro de Christina Hodson parece ter colocado o vilão apenas como imã para atrair as cinco personagens principais. Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell) é uma agradável e firme cantora que trabalha para Roman. Renee Montoya (Rosie Perez) é uma detetive que parece ter saído de uma série policial dos anos 1990. A Caçadora (Mary Elizabeth Winstead) é misteriosa, estranha e vingativa, lembrando bastante a Beatrix Kiddo, de Kill Bill. Por último, uma garota de rua chamada Cassandra Cain (Ella Jay Basco), irritante como uma pré-adolescente.

Ao juntar todas essas personagens em cena, a diretora Cathy Yan coloca em prática uma violência um pouco mais explícita do que os filmes de heróis nos acostumaram. Ela entrega cenas extremamente bem coreografadas e hipnotizantes, de lutas entre essas mulheres poderosas. Cada uma delas tem o seu próprio estilo: a habilidade desleixada da Arlequina, a precisão da besta de Caçadora, o estilo meio briga de rua da Canário Negro.

O visual technicolor futurístico se mistura a uma Gotham suja faz o longa ser uma explosão de cores vivas e brilhantes. A fotografia desconcertante somada à trilha sonora majoritariamente feita de vozes femininas te faz desejar por mais cenas de ação e não se importar com a história.

O filme diverte ao mesmo tempo que abre novas possibilidades para as produções de super-heróis da DC, fazendo com que elas encontrem o seu lugar no cinema.

Ou seja, Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa consegue ser o que Esquadrão Suicida não conseguiu: um longa com diversos personagens contraditórios, colorido, com muita ação e cativante. A Arlequina conseguiu mais do que a própria emancipação, mantendo a DC em um ritmo de bons filmes, reconquistando ainda mais a aprovação de seu público.

Veja mais sobre

Encontrou algum erro neste conteúdo?

Envie seu comentário

Veja mais

Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossas plataformas, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Capa do podcast