Durante um evento para a imprensa, pude jogar cerca de três horas de Assassin's Creed Valhalla, o novo jogo de uma das franquias mais queridas dos games.
O jogo promete uma experiência mais próxima do realismo, mostrando como era a vida e a sociedade viking. A ideia é colocar o jogador na pele do líder de um clã no século IX, que deve buscar novas terras para seu povo. Você jogará com Eivor, que pode ser um personagem masculino ou feminino.
A grande novidade é que Valhalla não terá objetivos secundários, como explicado na entrevista que tivemos com o diretor narrativo do game (leia aqui). Mas há muito o que ver e fazer nas regiões apresentadas, pelas quais pude andar livremente enquanto completava a minha missão.
Uma nova forma de progredir
A ausência de missões secundárias pode parecer algo que dificulta o progresso do personagem, mas esse não é o caso. As regiões escondem tesouros e mistérios que dão recompensas tanto na moeda do jogo quanto em pontos para aprimorar o protagonista, suas habilidades e ataques.
Justamente por serem segredos, nem tudo aparece marcado como um objetivo no mapa. É necessária uma boa dose de exploração para encontrar o máximo de atividades que o game tem a oferecer.
Para auxiliá-lo nessa empreitada, existem cartas espalhadas pelos cenários que dão pistas de como encontrar essas atividades, que envolvem quebra-cabeças de perspectiva, tesouros escondidos atrás de paredes quebráveis, desafios de parkour e de ritmo, entre outras coisas. Durante o meu teste, encontrei materiais como couro e ferro, além de livros para melhorar meus ataques e, claro, moedas de prata como recompensa.
Outro recurso que ajuda muito na hora de encontrar pontos de interesse é o amigo corvo, que pode ser utilizado por Eivor para sobrevoar uma área e descobrir os locais mais importantes antes de ir até eles.
Enquanto não estiver procurando as atividades ou seguindo a trama da missão principal, você pode ajudar algumas pessoas durante a jornada e até mesmo recrutá-las para sua equipe. Sem sombra de dúvidas, o companheiro mais memorável que chamei para o meu clã na demonstração foi um gato branco chamado Nali, que foi para o meu navio tirar uma soneca enquanto invadíamos territórios inimigos.

Além de facilitar a locomoção de um ponto a outro e ser a casa do gato, é no barco viking que você pode ouvir histórias sobre o clã e sobre Eivor, aprendendo mais sobre as pessoas que estão lutando ao seu lado. Também é possível ouvir música viking tradicional, tocada por um de seus tripulantes.
Passear de barco ou a cavalo são opções ao fast travel, que pode ser feito para locais específicos como portos e os clássicos pontos altos de sincronização da franquia.
Invasão viking
Os vikings ficaram muito conhecidos historicamente pelas invasões que fizeram, e elas não poderiam ficar de fora do game. Entre lutas violentas, oponentes de elite e riquezas para saquear, é necessário tomar certo cuidado para não se empolgar demais e sair correndo no meio dos inimigos — até mesmo um grupo de soldados dos mais comuns pode ser o suficiente para abater o protagonista em um piscar de olhos. Durante invasões, é interessante esperar seus companheiros se reagruparem antes de iniciar outras batalhas, e aproveitar para reviver possíveis companheiros caídos.
O combate de Assassin's Creed: Valhalla é brutal. Com um combo de ações, é possível arrancar a cabeça dos inimigos e desmembrá-los, e existem movimentos de finalização como pisar nas pessoas. Alguns ataques também contam com um pulo para atacar que desloca o personagem, ou usar o pé para empurrar o inimigo para longe depois de dar uma machadada nele.
Também dá para arremessar o machado, e aprimorar essa habilidade faz com que os alvos fiquem impossibilitados de se moverem por alguns instantes após serem atingidos.
Se sair quebrando tudo e batendo de frente não seja muito seu estilo, resolver as coisas usando métodos furtivos continua sendo bastante eficaz. Com a volta da lâmina oculta, o protagonista tem mais uma opção na hora de abater um guarda sem alarmar os outros.
Optar por usar métodos de stealth força o jogador a usar sua criatividade para se infiltrar em locais impenetráveis. Pegar um inimigo desprevenido pode dar uma imensa vantagem, e tornar o trabalho de derrotar um chefão bem mais fácil.
O sistema de alternar entre duas armas é interessante, e as opções são bastante variadas. Durante meu teste, usei o arco e flecha em conjunto com machado e escudo, trocando depois para um mangual que encontrei após uma invasão. O estilo de jogo das armas é diferente: enquanto o machado dá a possibilidade de fazer uma série de ataques rápidos, o mangual tem um alcance maior mas é necessário mais tempo para desferir um golpe.

Fazendo a história do seu jeito
A missão que completei na demonstração pediu para que eu escolhesse as falas da personagem em alguns momentos, como respondendo a um flerte, chamando (ou não!) uma pessoa para a minha equipe e até na hora de dar um discurso motivacional antes de uma batalha importante. Algumas respostas têm consequências instantâneas, enquanto outras podem alterar alguma parte da história mais para frente (o que só saberemos mesmo depois de jogar por mais tempo).
É impossível falar sobre escolhas sem mencionar o flyting — a batalha de rap viking — que é tão legal quanto parece, e obriga o jogador a pensar rápido para não dar as respostas erradas. Com a reputação em jogo, é necessário encontrar uma alternativa coerente e que rime para alcançar a pontuação máxima e ganhar pontos de carisma.
O game conta com uma ampla árvore de habilidades separada em três especializações, com foco em diferentes aspectos do protagonista. Separadas entre força, furtividade e ataques a distância, as habilidades podem vir em forma de bônus de dano para as armas ou maior resistência contra ataques corpo a corpo, por exemplo.
É possível desbloquear novas ações e também grandes modificadores, indicados em ícones maiores no menu. Os bônus mais simples aparecem como pontinhos de luz.
Há outras opções de personalização para o protagonista, como tatuagens que podem ser compradas nos mercadores das cidades. Para fazê-las, é necessário visitar o especialista no acampamento do seu grupo, que serve como um ponto de partida para as missões. Infelizmente, o acampamento não estava disponível durante a demonstração que joguei, então não tenho como dar mais detalhes sobre ele.
Realismo e mitologia
Com um mapa amplo e polvilhado com ruínas e outros ambientes interessantes para explorar, Assassin's Creed Valhalla parece brincar com a mitologia nórdica sem tirar os dois pés da realidade, retratando aspectos históricos das tradições do povo viking sem perder os pontos que fazem com que o jogo seja divertido.
Comer frutas e cogumelos para recuperar vida e vigor ou encontrar pistas de segredos através de exploração são mudanças bem vindas em relação ao Assasssin's Creed anterior, que proporcionam maior imersão no universo que o game propõe.
Eivor é uma figura de liderança carismática, assim como os outros personagens que apareceram durante a missão que joguei. Conhecê-los um pouco melhor, escutando as histórias no barco também foi algo legal e ajudou a criar certo apego emocional ao mundo apresentado por Valhalla.
Depois de passar quase três horas jogando — e boa parte desse tempo só passeando pelo mapa e procurando mistérios para desvendar —, estou ansiosa para ver o resultado final. Seja para ver as consequências das minhas decisões, ouvir histórias ou encontrar segredos pelo mapa, Assassin's Creed Valhalla tem a minha atenção.
Assassin's Creed Valhalla será lançado para Xbox Series X, Xbox One, PlayStation 5, PlayStation 4, Stadia e PC, em 17 de novembro de 2020.