Um dos pontos mais importantes ao apresentar uma história de fantasia e ficção científica é criar uma imersão satisfatória, já que o público precisa deixar o mundo real para embarcar naquele universo. Lançada no Amazon Prime Video, a adaptação de A Roda do Tempo se esforça para apresentar um universo cativante, mas não consegue entregar essa sensação.
O seriado é inspirado na série de livros de mesmo nome, criada por Robert Jordan e assumida por Brandon Sanderson, após a morte do primeiro autor. Aqui, A Roda do Tempo é a responsável pela existência dos dias na Terra. Da mesma energia que gerou a Roda, o clã das Aes Sedai retira o poder necessário para protegê-la, ao mesmo tempo em que o vilão conhecido como Tenebroso tenta destruir tudo isso.
A história da produção começa quando Moiraine Damodred (Rosamund Pike), que faz parte deste clã, sai em busca do Dragão Renascido, que tem o poder de destruir ou manter a Roda funcionando. Para ela, é importante descobrir qual jovem possui tal poder e fazer isso antes que o inimigo consiga primeiro.
A sinopse já indica que A Roda do Tempo chega com uma sensação de estar datada, exatamente por já existirem diversas produções com tramas semelhantes. Imagine a história de um jovem que vai reencarnar/herdar um grande poder, por isso todos à sua volta sempre estão em perigo, e ele parte em uma jornada solitária com um mentor mais velho e sábio. É familiar? Se tivesse sido lançada em meados dos anos 2000, a produção do Prime Video teria muito mais espaço para crescer e criar uma nova base de fãs. Em 2021, ela parece “mais do mesmo” e o fator que mais contribui para isso é a escolha do elenco.
Tirando Rosamund Pike, os personagens principais de A Roda do Tempo são interpretados por jovens com currículos relativamente curtos: a mais experiente é Madeleine Madden, que atua profissionalmente desde 2009 em curtas e pequenas participações em séries. Já Josha Stradowski, Marcus Rutherford e Barney Harris não entregam a veracidade necessária para que o público acredite e se importe com seus personagens. Com diálogos fechados e entregues de forma protocolar, é difícil imergir naquele universo e sentir que os personagens vão além de seus estereótipos.

Quando está em cena, Pike deixa essa sensação ainda maior, já que ela é o destaque da série e, com um olhar, entrega mais profundidade do que seus colegas em uma sequência completa.
A atriz, aliás, é a responsável por gerar o único fio de curiosidade em torno dessa mitologia. Se os jovens de A Roda do Tempo são desinteressantes, o ar de mistério em torno de Moiraine gera uma ponta de dúvida e uma vontade mínima de continuar assistindo aos episódios, mesmo com todos os problemas citados acima.
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Com sua segunda temporada já confirmada, a série de A Roda do Tempo tem um longo caminho a percorrer, caso queira conquistar seu espaço dentro da cultura pop. Embora efeitos visuais e cenários sejam importantes para a criação de um mundo fantástico, é imprescindível ter personagens interessantes e carismáticos, que levem o público nessa jornada. Sem eles, parece que estamos assistindo apenas uma versão genérica de uma história de fantasia.
Caso queira entrar no clima da obra, adquira O Olho do Mundo, A Grande Caçada e O Dragão Renascido, os três primeiros volumes da série A Roda do Tempo. Se comprar, o Jovem Nerd pode ter comissão.