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Crítica | 3% - Primeira temporada
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Crítica | 3% - Primeira temporada

A série não passaria nem no próprio critério de seleção por não apresentar nada realmente original

Marina Val
Marina Val
25.nov.16 às 15h41
Atualizado há mais de 8 anos
Crítica | 3% - Primeira temporada

A série 3% é a primeira produção totalmente brasileira da Netflix. Ela conta a história de uma sociedade distópica na qual jovens de 20 anos passam por um processo de seleção, mas só três por cento deles são aprovados para viver em Maralto. Supostamente, só os merecedores recebem a honra de morar em uma sociedade ideal, onde recursos são abundantes e não existe violência.

A ideia de tentar conseguir financiamento para que o projeto de 3% virasse de fato uma série já existe há muitos anos. Em 2011, por exemplo, foi lançada uma webserie no YouTube com três episódios que explicavam a premissa básica desse universo.

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Só que entre a ideia estar no papel e chegar à Netflix, inúmeras outras histórias explorando conceitos similares foram adaptadas para as telonas, como Jogos Vorazes (2012), Elysium (2013), Divergente (2014) e Maze Runner (2014).

Dentro dessa nova realidade, 3% precisava fazer mais para se destacar além de mostrar uma versão nacional de um futuro distópico e não se tornar mais um no meio de tantos. Só que a série não passaria nem no próprio critério de seleção por não apresentar nada realmente original em relação aos outros candidatos.

Decepção

As críticas feitas na trama são rasas e, apesar de tocarem em pontos importantes como a pressão que sentimos para conseguir aprovação em seleções como vestibular ou concurso públicos, só exploram os aspectos mais óbvios da frustração de ser reprovado.

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Há muito pouco da ambientação do continente que realmente mostre o dia-a-dia para que o público possa entender o quão desesperadora é a situação dos jovens que se submetem a esse processo injusto e muitas vezes perigoso em troca de uma mera promessa. Nós só sabemos que é um lugar sujo e com recursos escassos, mas isso não é o suficiente para que alguém realmente entre naquele universo.

Em nenhum momento há uma explicação do que os jovens normalmente fazem antes de completar 20 anos, se há algum tipo de trabalho degradante ao qual eles têm que se submeter para conseguirem comida e do qual eles querem se livrar. Mesmo quando o passado dos protagonistas é mostrado em flashbacks, a visão é restrita apenas a um momento pontual, não ao cotidiano.

Atuações

As atuações de 3% são, em sua grande maioria, extremamente artificiais. Não há justificativa na história para que o núcleo de recrutadores, por exemplo, faça ameaças ou ultimatos sem nenhuma entonação que denote a urgência ou a gravidade da situação, mas é algo que ocorre com frequência na série. É difícil apontar se o problema foi na escolha dos atores ou se foi alguma orientação dada pelos diretores, o fato é que todas as revelações são feitas de forma tão branda, tão sem emoção, que acabam não tendo nenhum impacto.

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Três atores conseguem se destacar positivamente no meio da bagunça que é a série: Bianca Comparato (Michele), Rodolfo Valente (Rafael) e Vaneza Oliveira (Joana), mas mesmo assim eles não conseguem sustentar o roteiro fraco, desinteressante e com personagens que muitas vezes são inconsistentes.

A fotografia também não valoriza muito as cenas e a escolha por enquadramentos mais fechados e closes constantes parece um vício de linguagem de novela que foi trazido para a série. Especialmente nos trechos que se passam no continente, essa escolha faz com que muito do que poderia ser contado através dos cenários seja perdido.

A série 3% é um desses casos que mesmo que haja um esforço do público para tentar entrar naquele universo, ela não oferece elementos suficientes para que a imersão aconteça. Com problemas no roteiro, junto com atuações fracas, personagens mal desenvolvidos, história pouco original, cenas mal dirigidas e uma revelação final sem nenhum impacto, toda a trama acaba sendo só uma ideia desperdiçada.

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