Need for Speed: Unbound | Review

Título marca o bom retorno da Criterion aos jogos de corrida

Jeff Kayo Publicado por Jeff Kayo
Need for Speed: Unbound | Review Need for Speed: Unbound (Divulgação/EA)

Demorou, mas chegou. Need for Speed: Unbound já está disponível e chega com uma proposta similar aos jogos do passado, mas com um desafio gigantesco: ser relevante ao lado de nomes como Forza Horizon, Grid e Gran Turismo. Será que consegue?

História de Need for Speed

Imagem de Need for Speed: Unbound
Franquia Need for Speed parou por um tempo e volta agora com toda força (Divulgação/EA)

Pode parecer inesperado, mas a franquia Need for Speed desacelerou. Desde 2019 não víamos um novo título no mercado, e essa pequena respirada teve o intuito de trazer uma motivação extra para o lançamento de NFS Unbound no finalzinho de 2022.

E na moral? Eles precisavam dessa pausa. Desde 2003, com o lançamento de Need for Speed Underground – ainda o mais popular dentre os jogos da série –, fomos agraciados com um jogo por ano até 2013. Isso sem contar a ação audaciosa da EA em lançar dois jogos da mesma franquia em intervalos de meses: NFS Shift 2 Unleashed e NFS The Run chegaram em 2011, um no começo e outro no final do ano.

Em 2012 foi criado um novo estúdio cheio de veteranos da franquia para atuar com exclusividade no universo de Need for Speed. Assim nascia o Ghost Games, responsável pelos jogos de 2013 a 2019. Recentemente o estúdio passou por uma reformulação e agora se chama EA Gothenburg.

Mesmo com a assimilação da Criterion ao time da EA e o seu estilo de jogo (dona de Burnout, clássico do PS2), infinitas tentativas de replicar o sucesso do Underground, investidas no universo da simulação (com a ajuda do Slightly Mad Studios, de Project Cars) e até mesmo um MMORPG focado no universo de Need for Speed, nada parecia agradar 100% da fanbase. Sempre faltava alguma coisa.

Tendências de NFS Unbound

Imagem de Need for Speed: Unbound
Além dos neons embaixo dos carros, a moda agora é carrocerias “naked”, sem o para-choque (Divulgação/EA)

NFS Unbound vem com todo o carinho que a Criterion poderia ter com a franquia – sim, a desenvolvedora volta firme com o jogo neste novo episódio. Os efeitos de animação que seguem bem de perto pérolas recentes do cinema, como o Homem-Aranha no Aranhaverso, por exemplo, dão um toque todo especial ao título.

O visual estilizado dá as caras pela primeira vez em Need for Speed. É muito difícil encontrarmos jogos de corrida modernos apostando em uma aparência cartunesca, já que todo o mote do jogo é entregar o máximo de realismo possível, seja no gameplay (em alguns casos), seja no visual. No passado, games como Automodelista fizeram o trabalho de introduzir o cel shading aos jogos de corrida, mas a ideia foi deixada de lado no mesmo ano.

Os efeitos especiais de Unbound são realmente especiais, com a nuance de arte de rua que nunca havia aparecido dessa maneira no game. Mas não fiquem tão abalados, porque o realismo dos bólidos segue firme e forte com um dos melhores visuais da atualidade.

Grife e marcas de Need for Speed: Unbound

Imagem de Need for Speed: Unbound
O rapper A$AP Rocky é quem vai te receber de braços abertos em Lakeshore (Divulgação/EA)

Need for Speed: Unbound tem uma fina mistura das principais marcas de veículos do mercado, unindo os modelos domésticos tradicionais completamente tunados (os famosos ‘sleepers’), aos carros mais exóticos que você consegue imaginar, daqueles que só vemos nas capas das revistas importadas.

Neons, grifes de roupas, equipamentos oficiais, tudo em NFS tem uma marca. Há muito dinheiro envolvido, mas pouca personalização na hora de criarmos nosso personagem no jogo. No andar da carruagem atual, vale mais a pena manter algum modelo já construído. E não importa se o personagem escolhido é homem ou mulher: o papel na trama é exatamente o mesmo (diálogos e tudo).

Dark Souls das corridas

NFS Unbound exige do jogador um tipo de gerenciamento de recursos que inédito na franquia. Seu medidor de perseguição (o “Heat” que pode subir até cinco “foguinhos”) permanece entre as partidas.

Imagem de Need for Speed: Unbound
O jogo tem um prazo específico, mas sem um relógio te forçando a avançar pelos dias da semana. Faça tudo no seu tempo (Divulgação/EA)

Isso quer dizer que, para vencer o The Grand, maior corrida do game, é preciso se classificar em quatro etapas que ocorrem no decorrer de quatro semanas. Cada dia da semana é dividido entre corridas de dia e de noite. E é preciso juntar os pré-requisitos de cada uma das qualificatórias durante a semana, correndo, juntando dinheiro e tunando seu carro.

Acontece que a cada corrida, seu medidor de perseguição só aumenta, nunca diminui. E ele acumula do dia para a noite, sendo zerado apenas no dia seguinte. As perseguições policiais são severas, e caso seja pego, o jogador perde tudo que conseguiu acumular durante aquele momento. Ou seja, é preciso correr, vencer, fugir da polícia e ainda alcançar uma garagem para avançar com seu progresso.

Perder todo o progresso durante uma sessão em NFS não é novidade. O mesmo já acontecia desde NFS Rivals (2013). Desta vez, porém, há um melhor equilíbrio proposto pelo desafio: quanto maior maior o nosso nível de procurado, maior a recompensa no final do dia – mas também será um parto chegar são e salvo numa garagem.

Poucas vidas em NS Unbound

Imagem de Need for Speed: Unbound
O número de tentativas é limitado para as corridas, seja cauteloso na sua utilização (Divulgação/EA)

Há um limite pré-estabelecido de quantas vezes podemos repetir as corridas em busca de uma colocação melhor em NS Unbound. Essas vidas também são reiniciadas apenas depois de cumprirmos um ciclo (dia/noite) na história do game. Quanto mais fácil a dificuldade, mais vidas à sua disposição.

A novidade chega como uma forma (bizarra) de acelerar (desculpa a piada) o progresso do jogador no mapa do game. Não precisamos vencer todas as corridas que disputamos, mesmo porque isso não é uma tarefa tão fácil. O importante é focar nas disputas que trazem mais dinheiro de volta e cuidar para que o nível de procurado não esteja muito alto, já que fugir da polícia não é das tarefas mais fáceis.

Se existe algo complicado em NFS Unbound é juntar riquezas. O prólogo do game dá uma falsa sensação de que as coisas vão rodar super tranquilas, mas não é bem por aí. Juntar dinheiro é difícil, comprar carros mais raros só a partir do final do jogo (e olha lá!). É preciso ainda juntar dinheiro para o The Grand, comprar os níveis de evolução da sua garagem e destravar equipamentos mais potentes, gastar com carros e claro, aquele neon no parachoque que não pode faltar. Haja dinheiro!

E o Need for Speed: Unbound online?

Imagem de Need for Speed: Unbound
No modo online você cria outro avatar e tem melhores opções de carros para iniciar a campanha (Divulgação/EA)

O componente online do jogo, em que os jogadores podem disputar suas corridas contra outros rachadores do mundo virtual, em qualquer console (ou PC), já que a funcionalidade do cross-play está disponível desde o lançamento, é completamente separado da campanha para um jogador.

Nas edições mais caras de Need for Speed: Unbound, é dado como um bônus adicional uma quantia razoável de dinheiro de mentira para gastar dentro do game. Essa grana toda pode ser coletada tranquilamente apenas disputando os rachas pela cidade, já que não é algo exclusivo da edição limitada.

Mesmo porque os carros disponíveis para a compra estarão todos travados no início. É preciso cumprir certos desafios para que eles sejam liberados para a compra. Pelo menos juntar dinheiro no modo online é um pouco mais fácil (e sem a polícia a todo momento atrás de você, claro).

Need for Speed: Unbound é o melhor NFS da geração, marcando o retorno da Criterion à franquia. Apesar de forçar um pouco a barra nas mecânicas de elástico (quem está por último na corrida é mais veloz), diverte mais do que estressa e dá a possibilidade de correr em diversas classes de veículos, mesmo no “late game” (quando já terminamos a campanha). Mas uma quantidade extra de personalização dos avatares não ia fazer mal a ninguém, né, dona EA?

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Need for Speed: Unbound está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC. Este review foi feito com uma cópia cedida pela EA Games.

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