Black Knight mistura Mad Max e Round 6 em ação competente | Crítica

Série coreana da Netflix é adaptação de quadrinho virtual de mesmo nome

Pedro Siqueira Publicado por Pedro Siqueira
Black Knight mistura Mad Max e Round 6 em ação competente | Crítica Crédito: Netflix/Divulgação

Nem só de romance e drama vive a dramaturgia sul coreana. Desde o fenômeno Round 6, a Netflix tem investido pesado em produções de ação e aventura da pulsante indústria audiovisual do país. A bola da vez é Black Knight, série que une cenas de ação empolgantes e uma ligeira “crítica social f***a” misturando influências que vão desde Mad Max, o próprio Round 6 e até, pasmem, a brasileira 3%.

Na trama, o mundo é devastado pela colisão de um cometa, que polui (ainda mais) o ar e torna as grandes cidades quase inabitáveis. Os sobreviventes foram divididos em “castas”, ou Distritos, onde até o acesso ao oxigênio é estritamente regulado. Obviamente, os ricos e poderosos vivem no “bem bom”, enquanto a maioria da população se desdobra até para respirar direito. A manutenção da delicada paz cabe a um grupo de elite conhecido como Entregadores, responsáveis pelo suprimento de oxigênio e mantimentos aos moradores dos Distritos.

Estrela de k-dramas como Sangsogjadeul (2013), Kim Woo-bin interpreta o entregador 5-8. O astro encarna bem o espírito de cavaleiro solitário, se envolvendo em uma luta velada contra o projeto utópico de uma grande corporação, que pretende estabelecer uma nova sociedade subterrânea e conduz experimentos genéticos com jovens desejando a chance de uma vida melhor.

Black Knight não tem a menor vergonha de exibir suas influências e certamente agradará aos fãs de ação com empolgantes cenas de perseguição, tiroteio e porradaria. O visual empoeirado e as pelejas sobre rodas poderiam bem fazer o espectador imaginar que deu play em um novo filme de Mad Max, mas a série vai além da mera inspiração e se segura de forma competente ao andar com as próprias pernas.

As cenas de ação são impulsionadas por cortes ambiciosos de câmera e planos-sequência que podem até ser interpretados como muletas por um olhar mais desconfiado. Mas ao menos são bem pontuados ao ponto de se entender o que está se desenrolando em tela, uma bênção nas tramas de ação de hoje.

Série brilha em cenas de ação com poeira e porradaria. Crédito: Netflix/Divulgação

É providencial que Black Knight seja baseado em um quadrinho virtual, porque até a identidade visual e a maneira como certas sequências são construídas remetem à disposição de quadros de uma HQ, mesmo mantendo um certo ar de “realismo” na medida do possível. Com aspas enormes. O mesmo, infelizmente, não pode ser dito da trama “social” da série.

Embora bem intencionada, Black Knight patina no nível mais raso de discussão sobre a separação da sociedade de acordo com posições de poder. A própria produção coreana está cheia de exemplos de narrativas fictícias baseados nessa mesma problemática, como a própria Round 6 e Parasita (2019), de Bong Joon-ho. Em Black Knight, no entanto, não há tanta discussão sobre o por que de a situação acontecer naquele determinado cenário, ou uma correlação maior com a realidade atual. O conflito parece ser apresentado como parte do checklist para que o roteiro vá para frente.

A história abre ainda a subtrama de um jovem refugiado (como são designados os sobreviventes que vivem na terra desolada, fora mesmo das castas mais baixas), tomando uma única chance de subir de vida participando de desafios mortais para se tornar um Entregador. Onde mesmo você viu isso antes?

Caso faça sucesso, Black Knight tem o potencial para render histórias interessantes em possíveis temporadas futuras. Competente, a trama convence e é uma boa pedida para quem não quiser mais do que 6 episódios de diversão bem feita. O que, convenhamos, nunca é demais.

Black Knight está disponível para streaming na Netflix. Siga de olho no Nerdbunker para mais novidades.

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