Chá com a Cakes

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Venha tomar um Chá com a Cakes e falar um pouco sobre tudo que envolve cultura pop (ou não) - Por: Camila Sousa

Coluna

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Como foi assistir Cardcaptor Sakura pela primeira vez em 2023

Parte da minha “onda otaku” pessoal, anime se tornou queridinho rapidamente

Como foi assistir Cardcaptor Sakura pela primeira vez em 2023 (Divulgação)

Costumo dizer por aí que sou a “mulher de fases” daquela música dos Raimundos. Em algumas épocas, só quero saber de Star Wars. Em outras, toda a minha vida se volta para sapatos. No momento (como já dito no meu Twitter, ou X), estou em uma fase otaku. Além de ver animes recentes, estou aproveitando para resgatar alguns clássicos da infância, e um dos maiores foi Cardcaptor Sakura (ou Sakura Card Captors, ler com voz de narrador da TV Globo).

É bom dizer que, antes de maratonar Sakura, assisti tudo de Sailor Moon disponível atualmente na Netflix, então a temática Mahou Shoujo (anime/mangá de garotas mágicas) já estava em alta no meu coração. Ainda assim, fiquei surpresa ao perceber que Sakura se tornou rapidamente uma das personagens mais queridas do universo de animes para mim, motivando até compras aleatórias, como chaveiros, mouse pads e camisetas.

Para aqueles que não conhecem a trama, Cardcaptor Sakura conta a história de Sakura Kinomoto, uma jovem de 10 anos meio atrapalhada que, sem querer, liberta as cartas (mágicas) Clow e sela um contrato para capturá-las de volta – exatamente por isso, ela se torna a “Cardcaptor” do título.

Imagem de Cardcaptor Sakura
Em Clear Card, Kero, fiel amigo de Sakura, usa uma câmera pra gravar cada momento das batalhas (Reprodução)

De muitas formas, Sakura até lembra a Usagi, de Sailor Moon, especialmente na parte de não se sentir preparada para o que está acontecendo. Afinal, no caso do anime do grupo CLAMP, a garota tem apenas 10 anos e está conhecendo o mundo místico pela primeira vez. É óbvio que ela vai ficar assustada, chorar e querer fugir. Mas nada disso impede que ela seja uma protagonista justa e que faz a coisa certa quando necessário. Mesmo com medo, Sakura segue em frente.

Essa é uma mensagem que, com certeza, ressoaria com a Cakes de 10 anos de idade, que nunca conseguiu acompanhar Sakura regularmente na TV aberta por conta dos horários da escola. Mas foi muito surpreendente ver como essa mensagem também fez sentido para a Cakes de 32, que constantemente tem medo de coisas, mas precisa continuar de qualquer jeito.

Ao longo das temporadas, Sakura cresce, aprende mais sobre seus poderes e percebe com o que consegue ou não lidar. A autodescoberta da personagem se dá diante dos nossos olhos e, por que não, serve de exemplo para nossos próprios medos e dúvidas.

Toda essa mensagem é passada de forma simples o suficiente para não tornar o anime denso, mas fica claro que há uma profundidade na história de Sakura, que a torna relevante até os dias atuais.

Cardcaptor Sakura e o conforto de Tomoeda

Imagem de Cardcaptor Sakura
Todas as comidas mostradas em Sakura parecem deliciosas (Reprodução)

Grande parte da história de Cardcaptor Sakura se passa na cidade de Tomoeda, que lembra muito como eram os subúrbios nos anos 2000. Ver Sakura voltar da escola com os amigos, ou andar de patins de forma despreocupada faz um paralelo com a época da escola, quando minha grande preocupação era fazer render o dinheiro da mesada.

O anime não tem foco no ambiente escolar, mas ele faz parte da narrativa. Então é comum ver momentos que lembram a infância, como a euforia causada pela chegada de uma aluna nova e a tensão de ser chamada para ler em voz alta na classe ou escrever na lousa. Eu sei, tudo isso soa muito bobo atualmente com a idade que tenho, mas assistir a isso de forma lúdica em um anime foi quase como um abraço quentinho que eu estava precisando, para colocar os problemas em perspectiva e entender que nem tudo é o fim do mundo.

Curiosamente, sempre tive uma predisposição a gostar de fillers de animes (episódios que não adaptam o mangá diretamente e não costumam avançar a história), então também achei bem-vindos os momentos em que Sakura vai no zoológico com os amigos, ou fica cozinhando em casa para levar uma marmita para o Yukito (“ai, ai, ai, Yukito”). Novamente, são sequências extremamente simples, mas muito significativas e que passam uma inesperada sensação de conforto.

Imagem de Cardcaptor Sakura
Sakura andando de patins no meio de… Sakuras! (Reprodução)

Em pleno 2023, ouvir as músicas incidentais do anime de Sakura me levam para um lugar familiar, como se eu conhecesse a casa da protagonista e tivesse crescido com suas aventuras. Bom, não cresci em idade, mas gosto de pensar que acompanhar o anime me trouxe algo para pensar no meio da vida adulta e da crise dos 30 (será que estou nela?).

Depois de toda essa jornada, aguardo ansiosamente o lançamento da continuação de Clear Card e da versão remasterizada do anime clássico, enquanto penso se devo ou não fazer cosplay de uma das incríveis roupas que a Tomoyo criava para Sakura em cada batalha.

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